Rondônia atravessa um momento de grave instabilidade. A escalada de ataques criminosos em Porto Velho e Mirante da Serra tem colocado em xeque a segurança pública local e alarmado a população. Para conter a violência e tentar restaurar a ordem, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o envio da Força Nacional ao estado. A medida, anunciada pelo ministro Ricardo Lewandowski, prevê uma atuação de 90 dias com o objetivo de preservar a ordem pública e garantir a segurança das pessoas e do patrimônio.
Uma cidade paralisada pelo medo
Na capital, Porto Velho, o impacto da violência é visível. Na terça-feira (14), os moradores acordaram com uma cidade silenciosa. Sem transporte público, os usuários precisaram buscar alternativas, enquanto rodoviários decidiram recolher os ônibus, temendo novos ataques. Três ônibus foram incendiados em diferentes pontos da cidade, aumentando ainda mais o clima de medo.
O prefeito Léo Moraes reagiu rapidamente, solicitando ao governador Marcos Rocha e à Secretaria Estadual de Segurança reforço imediato. Em um ofício enviado no mesmo dia, Moraes destacou a gravidade da situação e pediu apoio para garantir o funcionamento do transporte público e a tranquilidade da população.
A origem dos ataques
Os recentes atos de violência estão diretamente ligados à Operação Aliança Pela Vida, Moradia Segura, coordenada pela Polícia Militar desde o final de 2024. Essa operação tem como foco os conjuntos habitacionais controlados por facções criminosas, que utilizam esses locais como bases para atividades ilegais, incluindo o tráfico de drogas e o aluguel de imóveis ocupados irregularmente.
A operação já resultou na retomada de aproximadamente 70 apartamentos invadidos, bem como na apreensão de armas e drogas. Contudo, as facções reagiram com extrema violência. Além dos ataques a ônibus, um caminhão também foi incendiado em Mirante da Serra, a 390 quilômetros da capital. A situação piorou no domingo (12), quando o cabo Fábio Martins, do Batalhão de Polícia Ambiental, foi assassinado a tiros por criminosos.

Reforço policial e a resposta do estado
Em resposta à morte do cabo e à escalada de violência, o governo estadual intensificou as ações policiais. Mais de 200 agentes foram mobilizados na segunda fase da Operação Aliança Pela Vida, com foco no conjunto habitacional Orgulho do Madeira, um dos principais redutos das facções criminosas em Porto Velho. Segundo a Polícia Militar, essa foi uma “resposta enérgica do Estado ao crime que vitimou o cabo Fábio Martins”.
O tenente-coronel Ewerson Pontes, comandante do 9º Batalhão, explicou que enfraquecer a estrutura financeira das facções é uma prioridade. “A facção obtém lucro não apenas com a venda de drogas, mas também com roubos e com a exploração ilegal de imóveis”, afirmou o comandante. A operação, segundo ele, também busca devolver a dignidade aos moradores que foram expulsos de suas casas por criminosos.
A presença da Força Nacional: alívio ou solução temporária?
Com a chegada iminente da Força Nacional, as expectativas são altas. Embora o Ministério da Justiça não tenha divulgado o número exato de agentes mobilizados por questões estratégicas, a população espera que a presença federal traga a sensação de segurança tão necessária neste momento.
Para Ana Oliveira, comerciante em Porto Velho, a presença da Força Nacional representa uma esperança. “Nós estamos cansados de viver com medo. É horrível sair para trabalhar sem saber se vamos voltar para casa em segurança. Espero que agora as coisas melhorem”, desabafou.
Ainda assim, especialistas alertam que a solução para a crise em Rondônia passa por ações estruturais mais amplas, incluindo investimentos em educação, infraestrutura e programas sociais que reduzam a vulnerabilidade da população à influência de facções criminosas. O desafio, portanto, vai muito além da presença temporária das tropas federais.
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