Mato Grosso do Sul, 16 de março de 2025
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Água, fogo e resistência: Desfiles do grupo especial encantam a Sapucaí

Elementos mágicos e homenagens à cultura Afro-Brasileira marcam o primeiro dia de desfiles no sambódromo carioca
Desfile da Mangueira 2025 -  Foto: Guito Moreto
Desfile da Mangueira 2025 - Foto: Guito Moreto

A primeira noite de desfiles do Grupo Especial de 2025 na Marquês de Sapucaí foi um espetáculo de cores, luzes e emoções. O Sambódromo se transformou em um palco onde elementos como água, fogo e fumaça, combinados com carros alegóricos inovadores e adereços em neon, encantaram o público. As escolas de samba trouxeram à tona a força da cultura afro-brasileira e das religiões de matriz africanas, como Candomblé e Jurema, com enredos que exaltaram a resistência, a ancestralidade e a luta do povo negro.

Unidos de Padre Miguel: A Volta Triunfal ao Grupo Especial

O desfile da Unidos de Padre Miguel abriu a noite, e sua apresentação foi marcada pela emoção da escola que retorna ao Grupo Especial após 50 anos. Com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, a agremiação homenageou a sacerdotisa Iyá Nassô, fundadora do Candomblé da Barroquinha, na Bahia, e ressaltou a importância da mulher negra como pilar da religião e da cultura afro-brasileira. A escola, conhecida pelo seu vermelho e branco vibrante, trouxe à avenida um boi vermelho, símbolo de Xangô, e o carro alegórico trouxe os filhos do Terreiro Casa Branca, patrimônio religioso e cultural da Bahia. O desfile foi um tributo à ancestralidade, à mulher negra e à resistência, e em cada detalhe, a escola ressaltou a força das comunidades negras, como a Vila Vintém, de onde a Unidos de Padre Miguel se origina.

Em suas palavras, a Iyálorisá Neuza Cruz, emocionada ao final do desfile, declarou: “Foi um presente ancestral que recebemos. Estamos muito felizes de poder levar essa história para a Sapucaí”. O desfile da Unidos de Padre Miguel foi um marco histórico, representando não apenas o retorno ao Grupo Especial, mas também a celebração de uma história de resistência e fé.

Imperatriz Leopoldinense: A Mitologia Afro-Brasileira em Cena

Em seguida, a Imperatriz Leopoldinense, tradicional escola da zona norte do Rio e detentora de nove títulos do Grupo Especial, subiu à Sapucaí com o enredo “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”. A escola verde, branca e dourada trouxe à tona a mitologia iorubá, com um desfile baseado nas lendas do orixá Oxalá e sua viagem ao reino de Xangô. O desfile foi uma homenagem à ancestralidade africana e às lendas que formam a base da religião do povo iorubá. O enredo resgatou histórias de sabedoria, fé e lutas entre os orixás, e contou com carros alegóricos que traziam elementos sagrados da cultura afro-brasileira, como as águas que representam a pureza de Oxalá.

A presidente da escola, Cátia Drumond, emocionada, comentou: “Foi maravilhoso! Conseguimos passar a mensagem que queríamos, com respeito e reverência à cultura iorubá. Foi um desfile repleto de emoção e aprendizado”. A Imperatriz se destacou pela riqueza dos detalhes e pela seriedade em transmitir os mitos e a sabedoria ancestral, além de trazer para a Sapucaí a força espiritual das lendas africanas.

Viradouro: Homenagem ao Quilombola Malunguinho

A atual campeã Unidos do Viradouro seguiu na sequência, trazendo um enredo que homenageava Malunguinho, um líder quilombola de Pernambuco que foi perseguido e morto pelas autoridades imperiais. O enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos” trouxe à avenida a luta do povo quilombola, a resistência negra e a importância da religião Jurema na cultura pernambucana. A escola se utilizou de efeitos visuais impactantes, como adereços em neon, fumaça e fogo, para representar o fogo da justiça e a força de Malunguinho, uma figura central na cultura afro-brasileira.

Duda Almeida, uma das musas da escola, estava emocionada ao desfilar grávida pela primeira vez e representou o “Fogo de Justiça”, parte da ala “Chama de Liberdade”. “Estou muito feliz, é uma grande emoção fazer parte desse momento. Não só como passista, mas agora como mãe, representando a continuidade da nossa luta”, disse Duda, que estava grávida de sua primeira filha. O desfile também foi marcado por uma forte presença de mulheres, lideranças quilombolas e figuras da comunidade Jurema, que foi exaltada por sua resistência e importância na preservação da cultura africana no Brasil.

Mangueira: A Batalha Cultural e Social do Povo Bantu

Fechando a noite de desfiles, a Estação Primeira de Mangueira levou à Sapucaí o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, que homenageou a cultura bantu e sua influência na formação da sociedade brasileira. A verde e rosa, dona de 20 títulos do Grupo Especial, trouxe um desfile que começou com a representação da água, elemento simbólico que conecta a África e o Brasil. O enredo fez um paralelo entre a dor da escravidão e a construção de uma identidade cultural africana que resiste até hoje nas manifestações culturais do Rio de Janeiro, como o samba, o passinho e o funk.

Entre os destaques da Mangueira estava a ala infantil “É Preciso um Quilombo para Criar um Moleque”, que trouxe crianças de diversas faixas etárias para representar a continuidade da cultura e da resistência. Ayla, uma das crianças da ala, emocionada, falou: “Eu estou muito feliz, torçam para a gente ganhar!” A Mangueira, com sua imensa tradição, trouxe uma performance poderosa que exaltou a luta, a dor, mas também as conquistas e as vitórias do povo negro no Brasil. O desfile destacou a memória dos antepassados e a construção de um futuro de justiça social.

O Desfile e Seus Efeitos Visuais: Inovação e Tradição no Carnaval de 2025

Cada uma das escolas trouxe à avenida um espetáculo de inovação visual, utilizando recursos como luzes de neon, efeitos de água, fogo e fumaça, e carros alegóricos interativos, que foram a grande sensação da noite. A tecnologia se aliou à tradição das escolas de samba, criando um desfile cheio de efeitos especiais e simbologia, resgatando a riqueza cultural das religiões afro-brasileiras e da luta pela liberdade. A Avenida Marquês de Sapucaí se transformou em um espaço de resistência cultural, onde passado e presente se encontraram para celebrar a história e o legado dos negros no Brasil.

O Carnaval Como Manifestação de Resistência e Cultura

Os desfiles de domingo não foram apenas uma festa, mas uma manifestação cultural poderosa, onde as escolas de samba utilizaram a Avenida para contar histórias de luta, resistência e superação. Cada escola de samba, com seus enredos ricos em simbolismo, fez questão de mostrar que o Carnaval vai muito além de uma celebração, sendo também um espaço de reflexão sobre a cultura afro-brasileira, a luta das mulheres negras e a importância de se preservar e valorizar a memória ancestral.

As próximas noites de desfile prometem mais surpresas, e a luta pela igualdade, pelo respeito e pela celebração da cultura afro-brasileira continua a ser a tônica deste Carnaval.

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