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Mato Grosso do Sul, 23 de abril de 2024
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Brasil atingiu hoje a triste marca de 400 mil mortes pela Covid-19

Foto: Paulo Guereta
Foto: Paulo Guereta

A tragédia provocada pela Covid-19 no Brasil não é visível apenas na impressionante marca, atingida nesta quinta-feira (29), de 400.021 óbitos registrados desde o início da pandemia, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. O peso do novo coronavírus sobre o sistema de saúde também surge em outro indicador  uma em cada cinco mortes notificadas no país (21,7%) desde março do ano passado é decorrente da doença.

O índice foi calculado a partir de dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), entidade que representa todos os cartórios do país. A primeira morte provocada pela pandemia, segundo registros oficiais, ocorreu no dia 17 de março do ano passado. Desde aquele mês, o Brasil contabilizou 1.843.281 óbitos totais. A associação assinala que os cartórios são responsáveis pelo fornecimento de dados  e o número, portanto, pode estar defasado  mas relação de um quinto deve permanecer.

Apesar do percentual elevado, pesquisadores entrevistados acreditam que ela pode ser ainda maior: a subnotificação ainda é alta no país, já que muitos infectados pelo coronavírus morrem em casa, sem recorrer ao atendimento médico, devido ao colapso do sistema hospitalar. Há, também, óbitos por Covid-19 que são registrados como síndrome respiratória aguda grave (SRAG) sem causa determinada.

A escalada da pandemia é comprovada por seguidos recordes batidos nas últimas semanas. Desde a chegada do coronavírus no Brasil, houve 18 ocasiões em que o país registrou mais de 3 mil mortes diárias em decorrência da doença 13 vezes em abril e cinco em março deste ano.

O Brasil é o segundo país em óbitos acumulados, atrás apenas dos EUA (cerca de 575 mil), e também o segundo no registro de novas ocorrências da Covid-19 na última semana, ranking liderado agora pela Índia. A taxa de letalidade mais que dobrou, de 2% no final de 2020, para 4,4% na semana passada.

Para o sanitarista Christovam Barcellos, coordenador do MonitoraCovid-19 da Fiocruz, a situação da pandemia poderia ser ainda mais grave. Segundo ele, uma investigação do registro de óbitos apontaria que a Covid-19 já teria matado mais de 500 mil pessoas no país. O diagnóstico caberia às secretarias de Saúde, mas muitas não têm a infraestrutura necessária para o trabalho.

Barcellos destaca ainda as mortes “indiretas” causadas pela pressão que a pandemia causou sobre as redes hospitalares.

Há complicações que não puderam ser atendidas, devido a fatores como a exaustão dos profissionais de saúde, a falta de oxigênio e medicamentos nos hospitais e a superlotação de UTIs  explica. Este quadro contribuiu para óbitos indiretos: quantas pessoas tiveram infarto e não conseguiram ser socorridas? Quantos tiveram cirurgias adiadas e viram sua saúde piorar?

Platô elevado

Um boletim divulgado nesta quarta-feira pela Fiocruz demonstra sinais tímidos de queda no número de casos (-1,5% ao dia) e óbitos (-1,8% diários) por Covid-19 no país. Para Barcellos, seria um indicativo de que o Brasil teria atingido ao pico da pandemia. No entanto, como a reprodução do coronavírus ainda é acelerada, não há tendência de queda na curva epidemiológica.

Isso significaria que chegamos a um platô, da mesma forma como na primeira onda, em meados de 2020. A diferença é que, desta vez, estacionamos em um índice muito mais elevado. No ano passado, eram cerca de mil óbitos por dia. Agora, atingimos até 3 mil alerta.  A lição que deveríamos ter aprendido é que este momento deve ser o de reorganização de serviços, e não de flexibilização total.

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