O infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime, em entrevista, falou sobre a expectativa do governo de São Paulo de iniciar a vacinação com 40 milhões de doses da Butanvac em julho, e afirmou que é um cronograma “ousado e célere, mas factível”.
“Infelizmente o Brasil é o país perfeito para se realizar pesquisas em vacina contra a Covid-19 por conta de ser o epicentro da pandemia no momento, e por conta da transmissão estar muito alto, é factível que os estudos de fase 1, 2 e até 3 sejam realmente muito rápidos”, explicou Naime.
Segundo o médico, isso se deve porque como a taxa de transmissão da doença está elevadíssima no país, é possível conseguir recrutar os indivíduos para a pesquisa com muita rapidez, além de desenvolver resultados para ver se o imunizante é realmente seguro, se não traz efeitos colaterais importantes e, ainda, se desperta reação no sistema imunológico.
Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (26), o governador do estado, João Doria (PSDB), anunciou a criação da Butanvac, uma vacina nacional contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan.
Segundo Doria, o início da produção da Butanvac está previsto para maio e “portanto, teremos condições para iniciar a vacinação com as 40 milhões de doses, se possível, em julho”. O investimento para a produção do novo imunizante virá do governo estadual e do próprio Instituto Butantan.
“É muito revigorante para nós que estamos na linha de frente acordar com uma notícia dessa, de que teremos mais uma possibilidade de um estudo para um novo imunizante. […] É uma pesquisa que estava sendo desenvolvida em laboratório já há mais ou menos um ano, em parceira com outros laboratórios em todo o mundo, principalmente na Índia, onde foram feitos os estudos pré-clínicos”, falou o infectologista Naime.
“E agora, com o resultado preliminar da fase pré-clínica, o Instituto Butantan pede então a autorização para a Anvisa para que se inicie os estudos de fase 1 e 2 em seres humanos para testar principalmente se a vacina é segura. E a etapa posterior, nos estudos de fase 3, serve para checar realmente a eficácia.”