Mato Grosso do Sul, 17 de abril de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Campo Grande afundada no Caos: 100 dias de promessas vazias e uma cidade pedindo socorro

Com saúde colapsada, transporte ruim, obras paradas e abandono das mães atípicas, gestão de Adriane Lopes acumula críticas e revolta popular no início do segundo mandato
Movimentação de pacientes ontem à noite na UPA Universitário (Foto: Juliano Almeida)
Movimentação de pacientes ontem à noite na UPA Universitário (Foto: Juliano Almeida)

Logo que Adriane Lopes assumiu seu segundo mandato como prefeita de Campo Grande no início deste ano, havia uma expectativa de que a Capital finalmente respirasse aliviada com novos rumos administrativos. No entanto, o que se viu nestes primeiros 100 dias foi exatamente o contrário. O que era esperança virou revolta. Em cada canto da cidade, a população enfrenta buracos, hospitais sem estrutura, mães desesperadas por assistência, ônibus lotados e atrasados, e uma fila de espera por exames que só cresce, levando muita gente à chamada fila da morte.

O transporte público de Campo Grande se transformou em mais um problema diário para a população. Os ônibus circulam com frota reduzida, em horários escassos, superlotados e sem climatização. Em horários de pico, é comum ver passageiros espremidos, esperando por mais de uma hora por um coletivo, principalmente nos bairros mais distantes do centro. Estudantes, trabalhadores, idosos e mães com crianças enfrentam um verdadeiro sufoco diário. E mesmo com o serviço ineficiente, a tarifa continua alta para quem depende do transporte todo dia. As reclamações são constantes, mas até agora, nada mudou.

Outro drama silenciado, mas muito presente, é o descaso com as mães atípicas – aquelas que criam filhos com deficiências e necessidades especiais. Muitas dessas mães têm relatado a falta de apoio da prefeitura em áreas essenciais como transporte escolar especializado, acesso a terapias, fonoaudiólogos, psicólogos e cuidadores. Muitas famílias vivem na angústia de ter seus filhos sem o acompanhamento necessário, enfrentando barreiras diárias sem suporte. A promessa de inclusão virou abandono.

Na saúde, o caos só aumenta. A falta de medicamentos básicos nas unidades de saúde virou rotina. São remédios simples, como antibióticos e antitérmicos, que faltam até mesmo nas farmácias dos postos. Pior ainda é a escassez de médicos especialistas, o que obriga pacientes a peregrinar por várias unidades em busca de atendimento ou a desistir por cansaço.

A marcação de exames de alta complexidade virou uma verdadeira loteria. E quando o paciente consegue uma data, muitas vezes já está em estado grave demais para esperar. Esse gargalo criou o que os próprios usuários da rede chamam de fila da morte. São centenas de pessoas aguardando por ressonâncias, tomografias, biópsias, exames cardiológicos e outros procedimentos urgentes que demoram meses para serem realizados. Algumas dessas pessoas nem chegam a fazer os exames – morrem antes.

As mães que dependem do SUS para realizar exames em seus filhos com deficiência enfrentam um sofrimento ainda maior. A demora e o despreparo do sistema público acabam prejudicando o desenvolvimento dessas crianças, que perdem janelas importantes de tratamento por falta de uma gestão eficiente.

Nos bairros, a situação só piora. Obras paradas, ruas intransitáveis, falta de iluminação e lixo acumulado. Em regiões como Nova Lima, Moreninhas e Aero Rancho, a reclamação é geral: prometeram asfalto, limpeza e segurança, mas tudo ficou só no papel. A prefeitura culpou as chuvas de verão por não realizar os serviços de zeladoria, mas a população já não compra mais essa justificativa.

Nem mesmo obras recentes escaparam do descaso. No Lago do Amor, parte da ciclovia e da avenida Filinto Muller desabou depois de pouco mais de um ano da entrega. A obra de R$ 2,8 milhões foi feita por uma empresa sem licitação e virou símbolo do desperdício de dinheiro público.

O caso do assassinato da jornalista Vanessa Ricarte chocou a cidade e mostrou o despreparo dos órgãos de proteção à mulher. Ela pediu ajuda duas vezes na Casa da Mulher Brasileira, administrada pela prefeitura, e teve o pedido de escolta negado. Dias depois, foi brutalmente assassinada. A tragédia expôs falhas graves nos serviços de acolhimento e proteção às mulheres vítimas de violência doméstica.

Diante desse cenário, os números da pesquisa do Instituto Ranking Brasil não surpreendem. Mais da metade da população classifica a gestão como ruim ou péssima. A rejeição atinge 70%, enquanto apenas 26% ainda demonstram algum tipo de aprovação.

Adriane Lopes tenta reverter a maré negativa convocando reuniões internas e prometendo agora, passados três meses e dez dias de gestão, que vai apresentar metas e compromissos assinados pelos secretários. Mas para a população que enfrenta buracos, ônibus lotados, postos de saúde sem remédio e filas intermináveis por exames, essas promessas soam como mais uma enrolação.

Campo Grande está exausta. O campo-grandense quer menos discurso e mais atitude. Quer ver a cidade funcionando, com dignidade e respeito. Chega de promessas e desculpas. A população exige solução. Urgente.

#campograndems #adrianelopes #caosnasaude #filaDamorte #transportepublicoruim #obrasparadas #maesatipicas #santacasacolapsada #buracosnacidade #descasonasaude #feminicidioemcg #vergonhapublica

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.