Campo Grande está no centro de um escândalo envolvendo o uso da máquina pública para beneficiar interesses religiosos. A prefeita Adriane Lopes (PP) nomeou pelo menos 12 pastores da Igreja Assembleia de Deus Missões – a mesma que ela frequenta – para cargos públicos estratégicos. Os salários variam entre R$ 4.403,97 e R$ 9.567,09, gerando uma onda de críticas e questionamentos sobre o real compromisso da prefeita com a separação entre Estado e religião.
Estado laico? Só que não!
O que era para ser um governo voltado para todos os cidadãos de Campo Grande parece ter se transformado em uma extensão da igreja da prefeita. Quando Adriane Lopes foi reeleita, a congregação chegou a publicar um comunicado festivo exaltando sua vitória, mas o que chama atenção agora é a proximidade entre a gestão municipal e os interesses religiosos. A nomeação de pastores para funções estratégicas levanta a dúvida: estamos diante de um governo que governa para todos ou apenas para um grupo específico?

Quem são os nomeados?
A lista dos religiosos nomeados para cargos públicos inclui figuras de alto escalão da igreja. Entre eles:
- Hemerson Ortiz da Mota, primeiro vice-presidente da igreja, nomeado coordenador do CRAS Moreninha II, com salário de R$ 4.403,97.
- Marcos Ferreira Chaves de Castro, co-pastor e assessor chefe no gabinete da prefeita, ganhando R$ 9.567,09.
- Jorge Luís Franco, primeiro membro da comissão de exame de contas da igreja, nomeado coordenador do Centro de Convivência do Idoso, com salário de R$ 4.403,97.
- Julinei Herao Ferreira, segundo membro da comissão de exame de contas da igreja, atualmente lotado na Secretaria Municipal de Saúde, recebendo R$ 6.459,59.
- Emerson Marques do Amaral, exonerado e renomeado relâmpago, ocupou cargo na Agência Municipal de Habitação.
- Moacir Frank da Costa, membro do conselho administrativo da igreja, com cargo na Secretaria Municipal de Saúde e salário de R$ 4.928,68.
- Jusley Gonçalves Lopes, pastor e atualmente gestor de processos, com salário de R$ 3.604,50.
- Enoque Camposano, lotado na Agetran, com salário de R$ 6.551,64.
- Emerson Irala de Souza, nomeado na Secretaria Municipal de Educação, recebendo R$ 9.567,09.
- Jadir Cabral, ex-assessor executivo no gabinete da prefeita, agora na Secretaria Especial da Casa Civil, com salário de R$ 9.567,09.
- Ciro Vieira Ferreira, diretor de trânsito da Agetran, com salário de R$ 6.551,64.
- Fausto Azevedo Tlaes, assessor executivo, recebendo R$ 9.567,09.

A voz do povo
Os moradores da cidade não esconderam sua indignação. José Carlos, morador do bairro Aero Rancho, desabafou: “A prefeitura virou uma extensão da igreja da prefeita? E nós, cidadãos comuns, como ficamos? Quem não faz parte desse grupo fica sem oportunidades? Isso é revoltante!”.
Ana Paula, residente na Vila Nasser, também expressou sua insatisfação: “Eu queria ver esses cargos sendo ocupados por gente qualificada, que realmente entende do assunto e não por indicação religiosa. Isso é inaceitável!”
Morador do bairro Coophavilla II, Marcos da Silva foi mais incisivo: “Isso é um desrespeito com quem paga imposto. A cidade tem milhares de pessoas competentes precisando de emprego, mas quem ganha as vagas são os amigos da prefeita. Vergonhoso!”
Já Maria Eduarda, do bairro Guanandi, destacou um ponto preocupante: “É um absurdo! E quem não segue essa religião, será que tem espaço na prefeitura? Isso não é democracia! O Estado deveria ser laico, mas parece que em Campo Grande isso é só um detalhe que ninguém respeita.”
Histórico duvidoso
A polêmica não é novidade. A Assembleia de Deus Missões já teve episódios turbulentos no passado, como o escândalo do “tapa no bumbum”, envolvendo o pastor Antônio Dionízio da Silva, presidente da igreja desde 1991. O caso, que mobilizou centenas de fiéis e virou questão policial, mostrou que a instituição não está isenta de crises internas e de questões éticas.
A Igreja Assembleia de Deus Missões tem 20 subsedes em bairros de Campo Grande. Alguns dos pastores nomeados pela prefeita são líderes dessas unidades, o que reforça a tese de que a estrutura pública está sendo usada para privilegiar um único grupo religioso.
E agora, prefeita?
A revolta popular cresce, e muitos cidadãos já falam em denunciar o caso ao Ministério Público. Com as críticas ganhando força, a prefeita Adriane Lopes precisará dar explicações convincentes sobre essa verdadeira “República dos Barnabés”. A gestão municipal está a serviço de toda a população ou apenas de uma fatia dela? O uso da máquina pública para favorecer um grupo religioso precisa ser questionado – e, se for o caso, combatido na Justiça.
Enquanto isso, os moradores seguem cobrando transparência e um governo que realmente represente todos os cidadãos de Campo Grande. Aguardemos os próximos capítulos.
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