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Mato Grosso do Sul, 25 de abril de 2024
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Covid-19 segue a crescendo entre mais jovens e atinge população sem comorbidades

As primeiras evidências de que há uma tendência de rejuvenescimento da pandemia no Brasil foram constatadas pelas três últimas edições do boletim Observatório Covid-19, elaboradas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O relatório divulgado no último dia 9 mostra que, entre as semanas epidemiológicas 1 (de 3 a 9 de janeiro de 2021) e 12 (de 21 a 27 de março), o crescimento das taxas de hospitalizações por Covid-19 em indivíduos das faixas etárias de 30 a 59 anos superou o aumento global, de 701,58%, que considera todas as idades, passando de 1.000%.

O documento ganhou uma atualização na última quarta-feira (14), apontando uma tendência de continuidade dos níveis elevados de novos casos e mortes no Brasil ao longo de abril. O primeiro boletim, divulgado em 26 de março e que disparou o alerta, já destacava que a Covid-19 se alastrava nas faixas etárias mais jovens.

Os boletins consideram os dados de hospitalizações por Covid-19 inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe). “Eles são rotineiramente atualizados, com a correção de inconsistências e inclusão de notificações ainda não realizadas para aquela semana. Daí a variação de um boletim para o outro”, explica o pesquisador do Observatório Covid-19 Raphael Guimarães.

“O destaque desses levantamentos é o registro de que o aumento do número de casos de hospitalizações por Covid-19 nas faixas de 30 a 59 anos foi maior do que o aumento da taxa global. Isso caracteriza o rejuvenescimento da pandemia”, comenta. Segundo o especialista, é possível que o próximo boletim aponte números ainda mais altos entre pessoas abaixo de 60 anos.

Pacientes sem doenças prévias 

“O relatório da Fiocruz mostra também uma tendência de crescimento de casos graves nessa população, o que coincide com o que a gente observa nos atendimentos”, diz o infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu). “A impressão é de que a Covid-19 em 2021 é mais rápida, mais agressiva e leva a uma internação maior de pessoas mais novas”, analisa.

Por trás desse panorama, há uma confluência de fatores, segundo o médico sanitarista Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Em primeiro lugar, o fato de que os jovens estão mais nas ruas, já que compõem boa parcela da população economicamente ativa.

“Eles saem para trabalhar, usam transporte público. Também não faltam relatos diários de flagrantes de festas que reúnem centenas de jovens, mesmo diante de fases mais restritivas de circulação”, afirma Vecina.

Além disso, ainda predomina nesse grupo o pensamento errôneo de que em pessoas jovens e sem comorbidades a doença irá se manifestar de forma mais leve, o que acaba funcionando como um passe livre para se expor, completa a infectologista Stefânia B. Prebianchi, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Atuando no combate à Covid-19 na BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo, a médica diz que tanto as enfermarias quanto as Unidades de Terapia Intensiva estão repletas de pacientes abaixo dos 60 anos e sem doenças prévias que foram rendidos pelo coronavírus.

De fato, segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), os jovens já são maioria nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Brasil. O levantamento apontou que, em março, 52% das internações nas UTIs foram de pessoas com até 40 anos. O total desses pacientes que precisaram de ventilação mecânica atingiu 58,1%.

Basta um descuido 

Uma saída no último sábado de fevereiro teve consequências graves para a engenheira de produção Emily de Lima Barbosa, 32. Com casamento marcado para o segundo semestre, ela foi com duas amigas a uma loja para escolher um tapete a ser usado no espaço da festa.

Ela conta que tomava todos os cuidados e respeitava as medidas de proteção. Mas, nesse dia, resolveu tirar a máscara para interagir com as amigas no carro. “Comecei a me sentir mal na terça-feira, mas atribuí a uma indigestão, já que aconteceu logo depois do almoço. À noite fui ao hospital, porque a febre não baixava. O médico solicitou um teste para Covid-19, confirmada no sábado.”

No dia seguinte, Emily já não conseguia sair da cama. Ao chegar ao hospital, a quantidade de oxigênio na circulação estava muito baixa, e havia comprometimento do pulmão. Internada, ela passou dez dias na UTI, boa parte do tempo usando máscara de oxigenação e temendo ser intubada. Curada, Emily diz que ainda se sente ofegante em conversas mais longas e tem alguns lapsos de memória.

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