Mato Grosso do Sul, 22 de abril de 2025
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Dólar em alta impulsiona lucros do agro e fortaleceu as exportações no fim de 2024

Valorização da moeda americana aumentou receitas, ajudou controlar dívidas e garantiu fôlego ao setor mesmo com desafios à frente
'Efeito câmbio' elevou receitas e ajudou a manter endividamento de companhias sob controle no período
'Efeito câmbio' elevou receitas e ajudou a manter endividamento de companhias sob controle no período

A disparada do dólar no fim de 2024 caiu como uma bênção para as empresas do agronegócio. Com a moeda americana subindo mais de 13% no último trimestre do ano, o que para muitos setores foi um baque, para o agro foi impulso. Essa valorização ajudou as exportações a encherem os cofres das empresas, mesmo com a pressão que o câmbio alto costuma exercer sobre as dívidas.

Entre outubro e dezembro, período que coincide com o terceiro trimestre da safra da cana, os resultados financeiros do agro ficaram turbinados. De 27 empresas com ações na bolsa analisadas, 23 viram suas receitas crescerem em relação ao mesmo período do ano anterior. Um verdadeiro fôlego extra, que serviu até para manter o endividamento em níveis controlados.

Exportações em alta, receitas bombando e dívida sob controle

Um bom exemplo vem da CerradinhoBio, cuja receita mais que dobrou e bateu R$ 1,18 bilhão. Outra gigante que se destacou foi a Agribrasil, com uma alta de 88,4%, alcançando R$ 797,7 milhões. Esses números mostram como a valorização do dólar fortaleceu a margem das empresas que vendem grãos lá fora.

Mas nem tudo foi lucro. Ao mesmo tempo que o dólar impulsionava as vendas, também pesava na conta das dívidas. Mesmo assim, 21 das 27 companhias tiveram variações de alavancagem menores que 1 ponto percentual, o que indica que o setor conseguiu equilibrar bem as contas. A BrasilAgro, por exemplo, viu sua dívida líquida crescer 80,2%, alcançando R$ 832 milhões, mas o impacto na alavancagem foi pequeno: só 0,28 ponto a mais.

A Minerva também aumentou sua dívida líquida, chegando a R$ 15,6 bilhões após investir na compra de ativos da Marfrig. Apesar do crescimento de 75,9% na dívida, a alavancagem subiu apenas 0,90 ponto. A exceção foi a Raízen, que teve a maior alta na alavancagem entre as empresas analisadas: 1,47 ponto percentual.

Com dólar alto, agro agradeceu, mas frigoríficos sentiu

Para quem exporta grãos, o dólar alto é quase uma festa. Mais reais por cada tonelada vendida. Mas para os frigoríficos, o cenário muda. A ração fica mais cara, e o custo aperta as margens. A expectativa para 2025 é de dólar ainda forte, girando perto dos R$ 6, mesmo que já tenha recuado quase 5% nos primeiros meses do ano.

Analistas apontam que esse patamar elevado da moeda é reflexo de incertezas globais, como a guerra comercial entre Estados Unidos e China. E isso deve continuar influenciando os resultados das empresas do agro, de diferentes formas.

Segundo Igor Guedes, da Genial Investimentos, o efeito do dólar nas receitas é positivo e compensa o aumento da dívida em muitos casos. Para ele, o setor agro continuará com balanços sólidos se o câmbio seguir nesse nível.

Virada de ciclo no gado pressionou frigoríficos

O problema para os frigoríficos não é só a ração mais cara. A virada do ciclo pecuário, com menos oferta de bois no mercado, vai fazer o preço da arroba subir. Isso pressiona os custos e pode reduzir a rentabilidade, como explica Georgia Jorge, do BB Investimentos. Para ela, isso deve afetar a margem da JBS, mesmo que o mercado de frango e suíno ainda tenha boas expectativas.

Gabriel Barra, analista do Citi Brasil, acredita que o câmbio vai continuar ajudando os próximos balanços, principalmente das exportadoras como a SLC, além das empresas de açúcar e etanol, que se beneficiam com a valorização tanto do açúcar quanto do combustível no mercado interno.

Já Renata Cabral, também do Citi, alerta que a demanda da China pode subir com a tensão comercial com os EUA, o que pode encarecer os grãos aqui dentro. Se isso acontecer, empresas como BRF e Seara sentirão a pressão, com margens mais apertadas.

Consumo em queda e mudança de hábito na mesa do brasileiro

Além da questão do dólar, outro desafio à vista é o bolso do consumidor. Com a economia ainda patinando e a inflação nas alturas, muita gente deve continuar trocando a carne bovina por opções mais baratas, como frango e ovo. Isso já vem sendo observado desde o fim do ano passado, e a tendência é seguir nos próximos meses.

Mesmo com todos esses movimentos, o agronegócio brasileiro segue se mostrando resiliente, sabendo aproveitar as oportunidades que o cenário externo oferece, mesmo quando os ventos internos não sopram tão favoráveis assim.

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