O mercado de commodities iniciou a semana tomando um “susto” mas não a respeito de ataques na região do Mar Vermelho, a escalada de conflitos entre Israel e o grupo extremista Hamas ou entre Rússia e Ucrânia.
Os contratos mais líquidos do petróleo Brent, referência mundial, operam em queda superior a 4%, com o barril no patamar dos US$ 70.
Dessa vez, a razão da cautela dos investidores tem outro nome e sobrenome: a Arábia Saudita. A maior exportadora de petróleo do mundo anunciou a redução dos preços do barril do seu principal óleo, o Arab Light, para a Ásia, ao nível mais baixo em 27 meses.
A decisão da Saudi Aramco, estatal saudita, acontece em meio à concorrência de fornecedores e preocupações sobre a oferta e a demanda, a considerar o cenário geopolítico.
Mas, não é só isso. Uma pesquisa da Reuters, divulgada na última sexta-feira (5), apontou que a produção de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aumentou em dezembro, apoiada pelo crescimento da produção no Iraque, em Angola e na Nigéria.
Isso compensou os cortes contínuos da Arábia Saudita e de alguns países aliados da Opep, que compõem a Opep+. Contudo, a saída de Angola do grupo deve reduzir a produção, bem como a participação do país no mercado, a partir deste mês.
Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) divulgou um comunicado reforçando o compromisso com a “unidade, coesão integral e estabilidade do mercado”, como uma maneira de “tranquilizar” os investidores após a saída de Angola.
Em contrapartida, o mercado do petróleo repercute, ainda que em segundo plano, a suspensão da extração da commodity na Líbia.
A paralisação, por tempo indeterminado, começou neste domingo (7) devido a protestos de cidadãos contra a falta de combustíveis. O país africano produz 1,2 milhão de barris por dia.
Por fim, a escalada das tensões no Oriente Médio também traz preocupações ao mercado do petróleo.
Petróleo em queda livre: a reação na bolsa brasileira
Na bolsa, as companhias ligadas ao petróleo operam em forte queda, na esteira da desvalorização da commodity no mercado internacional.
Petrobras (PETR4; PETR3), por exemplo, registra baixa de quase 2% no Ibovespa e puxa para baixo o principal índice da bolsa de valores que ameaça perder os 131 mil pontos.
Confira a cotação das companhias no Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 39,09 | -3,22% |
PRIO3 | PRIO ON | R$ 44,61 | -3,19% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 37,68 | -2,69% |
RECV3 | PetroReconcavo ON | R$ 20,59 | -2,42% |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 26,21 | +0,23% |
Fonte: B3
Apenas, 3R Petroleum (RRRP3) destoa do setor, com a repercussão de dados operacionais divulgados pela companhia. Em destaque, a petroleira elevou a produção média diária em 8,2% em dezembro na comparação com novembro.
Por outro lado…
Há, porém, quem se beneficie com a forte desvalorização do petróleo nesta segunda-feira (8): as companhias aéreas.
Em linhas gerais, a desvalorização dos preços do petróleo aumenta a probabilidade de redução nos preços do querosene de aviação — o que, em consequência, impacta nos custos das companhias do setor.
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
AZUL4 | Azul PN | R$ 14,27 | 3,18% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 8,12 | 1,37% |
Fonte: B3; cotação às 12h20 (horário de Brasília)
*Com informações de Reuters, Estadão Conteúdo e CNBC