Em delação premiada homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, disse à Polícia Federal (PF) ter cumprido ordens ao articular a fraude cartões de vacinação contra a Covid-19.
Segundo investigação, em dezembro de 2022, registros falsos foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde em nome de Bolsonaro e da filha caçula do ex-presidente.
Nesta segunda-feira (23), o portal UOL publicou que, na mesma delação premiada, Cid teria citado o ex-presidente como o mandante do registro falso. O relato contraria versão de Bolsonaro, que disse à PF desconhecer o episódio.
A Polícia Federal agora busca materialidade nas informações prestadas por Cid. O ex-ajudante de ordens – que chegou a ser preso preventivamente cumpre desde setembro medidas cautelares, como a utilização de tornozeleira eletrônica.
Outro lado
A defesa de Jair Bolsonaro nega as acusações. Aliados do ex-presidente afirmaram que confiança em Mauro Cid não muda mesmo após a revelação de novos detalhes da delação do militar. A estratégia segue sendo evitar confronto com as versões do ex-ajudante de ordens e tratar as notícias como “suposições”.
Ainda de acordo com interlocutores, Bolsonaro não tinha tempo de tratar de assuntos operacionais e de execução de tarefas. O argumento é que assessores como Cid tinham suas responsabilidades e tomavam suas iniciativas.
Bolsonaro nega ter sido vacinado contra a covid-19
A PF identificou dois registros de vacinação de Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. O ex-presidente teria tomado o imunizante Pfizer em 13 de agosto e em 14 de outubro do ano passado. Nas mesmas datas, seus assessores Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro também teriam sido imunizados. Porém, a Controladoria-Geral da União (CGU) checou as agendas do ex-chefe do Executivo e atestou que seria impossível que ele tivesse comparecido na unidade de saúde.
Além de Bolsonaro e Laura, Mauro Cid também teria falsificado o próprio cartão de vacinação e também o da sua mulher, Gabriela Cid, e das suas três filhas.
Em um depoimento para a PF no dia 16 de maio, Bolsonaro negou que ele e a filha teriam sido vacinados contra a covid-19. O ex-presidente também afirmou que não determinou e não tinha conhecimento das fraudes, o que agora é confrontado pela delação premiada de Cid.
Em suas redes sociais, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, rechaçou a hipótese de Bolsonaro ter ordenado a falsificação dos dados de vacinação, como Mauro Cid teria dito à PF. “Chance zero”, disse Wajngarten na rede social X (antigo Twitter), completando: “Mundo todo conhece a posição do Pr @jairbolsonaro sobre vacinação. Como chefe de Estado, o passaporte/visto que ele possui não exige nenhuma vacina. Filha menor de idade jamais necessitou de vacinação, até porque possui comorbidades.”