Enquanto o Brasil celebra a conquista de novos mercados e a explosão nas exportações de ovos, principalmente para os Estados Unidos, os consumidores brasileiros enfrentam outra realidade: o preço do ovo no mercado interno está nas alturas. O alimento, considerado um dos mais acessíveis e nutritivos da cesta básica, tem sofrido aumentos consecutivos nos últimos meses, tornando-se um desafio para milhões de famílias que dependem dele como fonte principal de proteína.
Segundo dados do IPCA, o preço do ovo subiu mais de 10% no acumulado do ano em algumas regiões do país. Em grandes centros urbanos, a dúzia chega a custar mais de R$ 15, refletindo um desequilíbrio entre oferta e demanda, agravado por custos elevados de produção, instabilidade climática e, mais recentemente, o aumento nas exportações.
Em março deste ano, os Estados Unidos se tornaram o principal destino das exportações brasileiras de ovos, importando 2.705 toneladas do produto número 346,4% maior que o registrado no mesmo mês de 2024. O crescimento nas vendas ao exterior fez com que o Brasil exportasse, ao todo, 3.770 toneladas no mês, um aumento de 342,2% na comparação anual. A receita disparou para US$ 8,65 milhões, crescimento de 383%.
O avanço das exportações, embora represente apenas cerca de 1% da produção nacional, tem impacto simbólico e econômico. A escassez de ovos nos Estados Unidos, provocada pela gripe aviária que já dizimou mais de 30 milhões de aves poedeiras em 2025, gerou um apetite crescente pelo produto brasileiro. Inicialmente limitado ao uso como ingrediente de rações, os ovos passaram a ser importados para o processamento industrial de alimentos destinados ao consumo humano.
Por outro lado, esse novo mercado abriu espaço para uma tensão no abastecimento interno. Com a valorização do produto no exterior, produtores priorizam contratos internacionais mais lucrativos. Essa dinâmica, somada à alta nos custos de ração, energia elétrica, combustíveis e logística, pressionou ainda mais os preços no mercado nacional.
Segundo especialistas, a combinação entre valorização do produto brasileiro no cenário internacional e baixa margem de estoque para o consumo interno pode agravar o quadro. Isso acontece principalmente em períodos de maior demanda, como feriados e datas religiosas, em que o consumo de ovos naturalmente aumenta. Além disso, problemas como estiagem e calor excessivo também impactam a produtividade das aves, o que reduz a oferta e pressiona os preços para cima.
De acordo com Laiz Foltran, coordenadora de inteligência de mercados da ABPA, as expectativas são de que as exportações continuem firmes nos próximos meses. Além dos EUA, países como Chile, Japão e México também se mostram interessados no produto brasileiro, o que reforça o protagonismo do país no setor.
O governo brasileiro, por sua vez, está em negociação com autoridades americanas para ampliar o escopo de exportação, permitindo que ovos in natura sejam enviados também para consumo direto, e não apenas para processamento industrial. Mas analistas alertam: é preciso cautela para não comprometer a oferta interna e causar um desabastecimento que afete ainda mais os preços nos supermercados do país.
No contexto global, o Brasil segue como um dos poucos países com capacidade produtiva e sanitária para suprir a demanda internacional. Contudo, o equilíbrio entre o sucesso nas exportações e a estabilidade dos preços internos será o principal desafio do setor nos próximos meses.
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