A força-tarefa criada pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) determinou, nesta terça-feira (12), o afastamento de oito policiais militares investigados pela Corregedoria da instituição, após a execução do empresário Antonio Vinicius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos, na última sexta-feira (8).
Segundo a pasta, um inquérito policial militar investiga, há mais de um mês, o envolvimento dos PMs na escolta de Gritzbach, que era ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O documento que confirma o afastamento dos policiais foi assinado pelo coronel Fábio Sérgio do Amaral, chefe da Corregedoria da PM e integrante da força-tarefa.
Segundo a pasta, os agentes já foram notificados pela Corregedoria da Polícia Militar para prestar esclarecimentos no inquérito. A atividade de segurança privada exercida por agentes, popularmente conhecida como “bico”, é proibida pelo regulamento disciplinar da instituição.
Os celulares dos policiais que estavam presentes no dia da execução foram apreendidos e passam por análise. A Corregedoria da Polícia Civil também acompanha os policiais civis que foram citados por Gritzbach no acordo de delação firmado com o Ministério Público.
Nesta segunda- feira (11), integrantes do Ministério Público de São Paulo (MPSP) relataram que já identificaram as delegacias onde possivelmente estão lotados os policiais suspeitos de participação no crime.
De acordo com Artur Dian, delegado-geral da Polícia Civil paulista, o afastamento dos agentes só é possível após a instauração de um procedimento administrativo disciplinar para confirmar a autoria e materialidade do crime. “É isso que estamos buscando via inquérito para reunir o maior número de provas”, explicou o delegado-geral.
Força-tarefa
O Governo de São Paulo criou uma força-tarefa para investigar a execução do empresário Antonio Vinicius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos, na última sexta-feira (8). A informação da força-tarefa foi antecipada na manhã desta segunda-feira (11).
O Delegado Osvaldo Nico Gonçalves será responsável por conduzir os trabalhos da força-tarefa. O anúncio foi realizado pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.
Suspeitas e conflitos internos
O jornalista Valmir Salaro, em entrevista, revelou que o empresário estava envolvido em um conflito interno com membros do PCC. Ele foi acusado de assassinar dois integrantes da organização, incluindo um conhecido como “Cara Preta”, em uma emboscada no bairro de Itaquera. Embora o empresário tenha negado as acusações até sua morte, tanto criminosos quanto a polícia possuíam informações que o ligavam ao crime.
Salaro explicou que o motivo por trás dessas acusações estava relacionado a suspeitas de desvio de dinheiro. “Um deles, que é o Cara Preta, teria descoberto que o dinheiro que o PCC passava para ele, para ele aplicar em moedas virtuais, compra de imóveis e futebol, ele estava pegando esse dinheiro para ele próprio”, detalhou o jornalista.
Delação e consequências
Além das acusações de assassinato e desvio de dinheiro, o empresário também se tornou um delator, o que agravou sua situação perante o PCC. Salaro mencionou que o empresário era considerado uma testemunha importante para o Ministério Público, mas recusou as condições para viver como testemunha protegida.
“Ele era um morto vivo, mas para o Ministério Público ele era uma testemunha importante, só que não aceitou as condições para viver confinado como testemunha protegida, preferiu levar a vida dele achando que nada ia acontecer com ele”, concluiu o jornalista, sugerindo que essa decisão pode ter contribuído para seu trágico desfecho.