A viúva do ex-PM e miliciano Adriano da Nóbrega, Julia Mello Lotufo, teria citado o nome do mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018, ocasião na qual também foi morto seu motorista Anderson Gomes. O nome teria surgido durante uma proposta de delação premiada ainda em análise pelo Ministério Público do Rio.
De acordo com a publicação, Julia que está em prisão domiciliar e tenta flexibilizar sua pena através da delação, tem conversado com os promotores a respeito desse acordo.
Para convencê-los, ela revelou quem foi o mandante da morte de Marielle, além de outras informações, como homicídios no quais o marido teria envolvimento e acusações de recebimento de propina por agentes públicos que, em troca, acobertaram crimes que tinham relação com Adriano.
Os promotores, entretanto, de acordo com a revista, não tomaram uma decisão a respeito da proposta já que encontraram algumas inconsistências no relato de Julia; além disso, ela não teria apresentado provas suficientes para embasar suas acusações.
Ela nega que o ex-marido tenha envolvimento nos assassinatos de Marielle e Anderson, mas chegou a revelar que integrantes da milícia da comunidade Gardênia Azul procuraram Adriano para falar sobre um plano de matar a vereadora. Ela disse à promotoria que Adriano achou a ideia absurda e arriscada, por envolver uma parlamentar.
De acordo com Júlia, a milícia teria alegado que a atuação na câmara de vereadores do Rio colocava em risco os negócios da milícia, não só de Gardênia Azul, mas também da comunidade Rio das Pedras.
Ainda segundo a Veja, a viúva de Adriano teria dito que ele se surpreendeu com a notícia do crime e que, ao cobrar satisfações de outros milicianos, teria ouvido que a ordem saiu do alto-comando da Gardênia Azul. Nenhuma das fontes consultadas pela revista Veja quis informar o nome da pessoa que, segundo Julia, teria ordenado a execução da vereadora.
A revista Veja afirma que um dos chefes da milícia de Gardênia Azul é o ex-vereador Cristiano Girão. A Polícia Civil e o MP realizaram busca e apreensão em endereços dele e de pessoas ligadas ao PM reformado Ronnie Lessa, preso por participar do assassinato de Marielle, em setembro de 2020.
Atualmente, Julia está em prisão domiciliar e usa tornozeleira eletrônica. Ela propôs a delação para tentar a revogação das medidas restritivas e recuperar a liberdade. O MPRJ ainda não respondeu se aceita.
A morte de Adriano da Nóbrega em 2020 também é investigada. O ex-PM morreu supostamente em uma troca de tiros com a polícia na Bahia. A família do miliciano, porém, contesta essa versão, e diz que ele foi torturado e executado pelas autoridades.