Mato Grosso do Sul, 12 de junho de 2025
Campo Grande/MS
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Inflação desacelera em maio impulsionada pela queda nos preços dos alimentos enquanto energia elétrica pressiona índices

Por outro lado, nem todos os alimentos acompanharam a tendência de queda. A batata-inglesa e a cebola tiveram elevações expressivas de 10,34% e 10,28%, respectivamente, influenciadas por fatores de oferta, demanda e importação

A desaceleração da inflação em maio de 2025 trouxe um alívio temporário ao bolso do consumidor brasileiro, principalmente em função da queda nos preços dos alimentos, que compõem uma parcela significativa da cesta básica. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou variação de 0,26% no mês, uma redução de 0,17 ponto percentual em comparação a abril, quando o índice ficou em 0,43%.

O comportamento dos preços no grupo Alimentação e bebidas foi decisivo para essa desaceleração. Em maio, o grupo registrou inflação de apenas 0,17%, impactando positivamente o índice geral, após uma expressiva alta de 0,82% em abril, a maior desde agosto de 2024. Entre os produtos que contribuíram para essa queda destacam-se o tomate, que teve retração de 13,52%, o arroz com redução de 4%, o ovo de galinha com queda de 3,98% e as frutas, que baixaram em média 1,67%. Esses resultados refletem variações sazonais ligadas à oferta, como o avanço da safra de inverno para o tomate, que ampliou a disponibilidade do produto no mercado e provocou ajuste nos preços.

Por outro lado, nem todos os alimentos acompanharam a tendência de queda. A batata-inglesa e a cebola tiveram elevações expressivas de 10,34% e 10,28%, respectivamente, influenciadas por fatores de oferta, demanda e importação. O café moído e as carnes também registraram aumentos, ainda que menos acentuados. Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, essas variações regionais e sazonais refletem a complexidade do mercado alimentar, que é afetado por fatores climáticos, logísticos e comerciais.

Apesar do impacto positivo dos alimentos, a inflação geral não apresentou uma queda mais acentuada devido à alta nos custos do grupo Habitação, que subiu 1,19% em maio, um aumento considerável frente aos 0,14% registrados em abril. O principal responsável por essa alta foi o reajuste da energia elétrica residencial, que passou de -0,08% para 3,62%, influenciado pela implementação da bandeira tarifária amarela, que acrescenta uma cobrança adicional de R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. Essa elevação teve impacto de 0,14 ponto percentual no IPCA mensal. Gonçalves explica que também houve reajustes em outras áreas da habitação, incluindo alterações nas alíquotas de impostos como PIS e COFINS, contribuindo para o aumento do custo.

No grupo Transportes, a queda de 0,37% ajudou a conter a inflação, puxada principalmente pela redução nos preços das passagens aéreas, que caíram 11,31%, e dos combustíveis, que em média recuaram 0,72%. Todos os combustíveis pesquisados — óleo diesel, etanol, gás veicular e gasolina — registraram redução em maio. A diminuição no preço do etanol hidratado, utilizado para abastecer veículos, foi atribuída à redução da tributação, que provocou uma queda média de cinco centavos por litro.

Outros segmentos apresentaram variações menos expressivas, como Saúde e cuidados pessoais (0,54%), Vestuário (0,41%), Despesas pessoais (0,35%), Comunicação (0,07%), Educação (0,05%) e Artigos de residência, que registrou queda de 0,27%.

Regionalmente, o cenário inflacionário se mostrou heterogêneo. Brasília liderou as altas, com variação de 0,82%, devido à elevação nos preços da energia elétrica residencial (9,43%) e da gasolina (2,60%). Por sua vez, Rio Branco apresentou estabilidade (0,00%), beneficiada pela queda dos preços do ovo de galinha (-9,09%) e do arroz (-6,26%).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com rendimento mensal de 1 a 5 salários mínimos, teve alta de 0,35% em maio, acumulando 2,85% no ano e 5,20% nos últimos 12 meses, ligeiramente abaixo dos 5,32% observados no período anterior.

Esses dados indicam que a inflação no Brasil segue um quadro de relativa estabilidade, com variações setoriais e regionais que refletem tanto a sazonalidade dos alimentos quanto políticas tarifárias e tributárias. A desaceleração dos preços dos alimentos, tradicionalmente um dos itens que mais pressionam o orçamento das famílias brasileiras, representa uma notícia positiva, mas o aumento da energia elétrica e dos custos habitacionais mantém o desafio para o controle dos índices inflacionários.

A atenção às tendências e às medidas de controle será fundamental para garantir o equilíbrio econômico e a manutenção do poder de compra dos consumidores nos próximos meses.

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