Mato Grosso do Sul, 6 de julho de 2025
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Irã tem arsenal de mísseis modernos e letais para enfrentar submarino e porta-aviões enviados pelos EUA

Regime dos aiatolás rejeitou apelo de países ocidentais para abandonar ameaças contra Israel
Foto: Forças Armadas do Irã via AFP
Foto: Forças Armadas do Irã via AFP

Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira o envio do submarino Georgia, com capacidade de disparar mísseis, para o Oriente Médio em meio à expectativa de uma potencial retaliação do Irã ao ataque atribuído a Israel que causou a morte do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã no fim de julho. Sob sanções da comunidade internacional, o regime teocrático investiu em uma indústria armamentista própria, que se desenvolveu à margem de controles externos o que é motivo de preocupação para rivais regionais e no Ocidente.

Oficialmente, o Irã não possui armas nucleares. De acordo com a Arms Control Association, entidade americana que desde 1971 monitora os arsenais nucleares pelo mundo, apenas nove países possuem bombas nucleares: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, índia, Israel e Coreia do Norte. No entanto, uma fonte de inteligência israelense ouvida em anonimato pelo GLOBO afirmou que o país já tem a plataforma para lançamento de bombas nucleares (mísseis) e que a quantidade de urânio enriquecido necessária para fabricar armas está perto de ser alcançada. Israel trabalha com uma estimativa de que a arma possa ser alcançada em dois anos.

Nesta terça-feira, o Irã os apelos dos países ocidentais para renunciar a suas ameaças contra Israel e afirmou que não pede “autorização” para responder ao seu arqui-inimigo, a quem acusa de ter assassinado o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, no seu território.

Em um relatório confidencial recente, obtido por agências de notícias no fim de fevereiro, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revelou ter “preocupações” com o programa iraniano. Os dados do documento mostraram que Teerã aumentou a quantidade de urânio enriquecido nos últimos meses, superando os limites impostos pelo Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA, em inglês), um acordo firmado em 2015 um texto considerado quase morto desde que foi abandonado pelos EUA, durante a administração Trump, e para o qual os americanos nunca retornaram.

Dados do relatório, citados pela AFP, mostram que as reservas de material enriquecido eram, no dia 10 de fevereiro, de 5.525,5 kg (vinte e sete vezes acima do limite estabelecido pelo JCPOA). Em outubro, o Irã armazenava 4.486,8 kg de material radioativo, enriquecido em diferentes graus.

Segundo o Wall Street Journal, que também teve acesso ao relatório da AIEA, o Irã tinha 121,5kg de urânio enriquecido a 60%, sendo a única nação que não tem armas atômicas a enriquecer o material a esse grau. Apesar do enriquecimento não ser suficiente para fabricação de armas, especialistas apontam que o país tem a tecnologia para levar o material aos 90% necessários para uso militar. Pela definição da AIEA, são necessários 42kg de urânio enriquecido neste nível para fins bélicos.

Com um programa nuclear criado nos anos 1950, as atividades iranianas no setor começaram a ser observadas mais de perto no começo do século, após denúncias feitas por dissidentes sobre instalações secretas e planos para a construção de uma bomba. Oficialmente, as autoridades locais dizem que o programa tem fins pacíficos, e citam uma fatwa (decreto religioso) do aiatolá Ali Khamenei que veta sua militarização. A AIEA relata dificuldade para seus inspetores trabalharem no país e terem acesso a dados atualizados sobre o desenvolvimento do programa.

Programa de mísseis

Excluída a potencial ameaça nuclear, Teerã possui capacidades militares consideráveis na hipótese de uma guerra tradicional. Na indústria bélica nacional, o programa mais consolidado, e provavelmente o que possui as principais armas capazes de projetar o poder iraniano para fora de seu território, é o de mísseis que recebeu 41% do orçamento militar do país no ano passado.

Fontes militares são unanimes em afirmar que o arsenal de mísseis iranianos evoluiu em qualidade e quantidade nos últimos 15 anos, ganhando alcance e sofisticação. Estimativas da inteligência dos EUA indicam que o regime dos aiatolás conta com mais de 3 mil mísseis balísticos, de tipos e com alcances variados, incluindo alguns capazes de alcançar Israel e até a Europa.

Entre as armas em operação com menor alcance estão os Fateh-110, criados para atender a ofensivas de curtas, com alvos a 200 Km ou 300 Km de distância. De acordo com a agência estatal de notícias Nour News, o armamento foi utilizado no ataque contra um suposto “centro de espionagem” de Israel no Iraque, em janeiro.

Contra os alvos no Iraque também foram disparados mísseis Fateh-313, segundo a imprensa iraniana, uma variação do projétil 110, de combustível sólido, com capacidade ampliada para acertar alvos a até 500 Km.

A divisão de mísseis das Forças Armadas do Irã também utilizaram recentemente o míssil Kheibar Shekan, com autonomia para atingir alvos a 1.500 Km, distância similar a do país islâmico até Tel Aviv. Há ainda opções com maior alcance entre os comprovadamente operacionais e incorporados às forças iranianas, como o Sejjil, de acordo com o ‘Missile Defense Project’, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais. O projétil tem capacidade de atingir um alvo a 2 mil Km de distância, o suficiente para ameaçar Israel, Arábia Saudita e mesmo o sul da Europa.

De acordo com o Iran Watch, um monitor americano das capacidades bélicas iranianas do Wisconsin Project on Nuclear Arms Control, o Irã impôs um teto máximo de alcance em 2 mil Km aos seus mísseis, para priorizar os desenvolvimentos de precisão e tecnologia embarcada em suas armas. A “autocensura”, que teria chegado a conhecimento público em 2015, não limitou, contudo, a criação de projetos e o teste (ou desenvolvimento) de armas com maior alcance maior, sem sua incorporação ao arsenal em uso.

É o caso do Soumar, um míssil de cruzeiro de lançamento do solo. O ‘Missile Defense Project’, do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, afirma que a arma, revelada em 2015, está “presumivelmente” operacional. O projeto teria sido desenvolvido a partir do míssil russo Kh-55, com capacidade nuclear, e com alcance até 3 mil Km.

Drones kamikaze

Outra tecnologia que os iranianos adquiriram maestria em fabricar foram os Veículos Aéreos Não-Tripulados (UAVs, na sigla em inglês), popularmente conhecidos apenas como drones. Além de uma capacidade ofensiva importante, que preocupa rivais iranianos, os drones se tornaram também em um instrumento de diplomacia para Teerã, que tem exportado os equipamentos e autorizado a fabricação em vários lugares do mundo os drones iranianos estão sendo usados em ao menos quatro continentes neste momento.

A origem da indústria de drones do Irã é uma história de inovar ou morrer. Os primeiros modelos foram importantes para ancorar o arsenal do país durante o impasse prolongado contra o Iraque, na década de 1980, enquanto os EUA e a Arábia Saudita enviavam armas e dinheiro para Saddam Hussein. Desde então, um ecossistema para o desenvolvimento das armas emergiu, composto por universidades, empresas privadas e centros de pesquisa militar.

Um dos principais modelos utilizado pelo Irã e seus parceiros no momento é o Shahed-136, de 200 kg, 3,5 metros de comprimento, asas triangulares com largura de 2,5 metros e com velocidade máxima de 185 km/h. Também fabricados na Rússia para o uso na guerra contra a Ucrânia, onde são batizados de Geran-2, eles são chamados de drone “kamikaze”, já que conseguem levar uma ogiva explosiva e se explodir contra um alvo.

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