Mato Grosso do Sul, 9 de maio de 2025
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Polícia Federal prende Walter Braga Netto Ex-vice de Bolsonaro na chapa de 2022 por obstrução à Justiça

Durante a Operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro deste ano, a Polícia Federal encontrou, na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, uma apresentação em slides que teria sido usada pelo general Walter Braga Netto em palestras em clubes militares
Imagem - Fernando Frazão/Divulgação
Imagem - Fernando Frazão/Divulgação

A Policia Federal (PF) prendeu neste sábado (14) o general Walter Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro na chapa de 2022. De acordo com a corporação, a prisão tem por objetivo “evitar a reiteração das ações ilícitas”.

Braga Netto é alvo do inquérito do suposto golpe de Estado que tinha o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A PF realiza buscas na casa do general. Conforme o portal G1, o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, concordou com a prisão.

Ele foi preso no Rio de Janeiro, em Copacabana. Braga Netto será entregue ao Comando Militar do Leste e ficará sob custódia do Exército.

Indiciamento

Braga Netto, Bolsonaro e mais 38 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal pela trama de um golpe de Estado, incluindo os atos de 8 de Janeiro, que teriam o objetivo de remover do poder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022.

Ao indiciar o general, a PF afirma que ele participou ativamente de um movimento coordenado para pressionar os comandantes do Exército e da Aeronáutica a aderirem ao golpe de Estado.

Na ocasião, segundo conclusão da PF, a recusa do general Freire Gomes (Exército) e do tenente-brigadeiro do ar Baptista Júnior (Aeronáutica) ao plano teria sido o principal empecilho para a sua realização.

“Foram identificados fortes e robustos elementos de prova que demonstram a participação ativa, ao longo do mês de dezembro de 2022, do General BRAGA NETTO na tentativa coordenada dos investigados de pressionarem os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, descreve relatório da corporação.

Durante a Operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro deste ano, a Polícia Federal encontrou, na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, uma apresentação em slides que teria sido usada pelo general Walter Braga Netto em palestras em clubes militares. O material foi acessado pelo jornal Estadão e defendia o “poder de pressão política” das Forças Armadas para “participar ativamente das decisões nacionais” e “ampliar o poder de influência na Esplanada”.

A apresentação de slides tem 67 páginas. O documento começa se contrapondo ao discurso de que “Forças Armadas não se envolvem em política” e de que “lugar de militar é no quartel”.

“Seguindo o pensamento liberal, os militares foram afastados do centro de poder e das decisões de Estado. Com isso, perdemos paulatinamente a capacidade de influenciar!!”, diz um dos slides.

O material chega a fazer uma comparação entre os governos petistas, de Dilma Roussef e os primeiros mandatos de Lula, com a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que nomeou diversos militares para cargos de comando. A ideia era mostrar a “importância da participação dos militares na conjuntura política”.

Além disso, os slides também mencionavam o Poder Judiciário, criticando especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF). O material acusa o Judiciário de um suposto “ativismo” e chega a mencionar a soltura de Lula, em 2019.

Enquanto o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santosteria apoiado o plano, os outros chefes das Forças Armadas passaram a ser considerados inimigos de quem planejava o golpe. A partir daí, segundo a investigação, Braga Netto se valeu do “modo de agir da milícia digital” e determinou a outros investigados que promovessem e difundissem ataques pessoais a Freire Gomes, a Baptista Júnior e a seus familiares.

Para a PF, Braga Netto está no centro da trama golpista, e os elementos probatórios obtidos ao longo da investigação “evidenciam a sua participação concreta nos atos relacionados à tentativa de Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito”, inclusive na tentativa de atrapalhar e obstruir as investigações.

Reunião golpista

Como foi divulgado após a deflagração da Operação Contragolpe, houve uma reunião na casa de Braga Netto na qual teria sido discutido o planejamento para sequestrar e executar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o então presidente eleito Lula e seu vice, Geraldo Alckmin.

Este encontro serviu, diz a PF, para o general Mario Fernandes “apresentar o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”. Na ocasião, conforme os investigadores, “o planejamento foi apresentado e aprovado” por Braga Netto.

A reunião contou também com a presença do tenente-coronel Mauro Cid, que atuava como ajudante de ordens de Bolsonaro, do major Rafael de Oliveira e do tenente-coronel Ferreira Lima.

A participação do candidato a vice de Bolsonaro também aparece no plano do que seria o momento posterior ao rompimento democrático. Os investigados teriam planejado a criação de um gabinete vinculado à Presidência da República, que seria composto em sua maioria por militares. A Polícia Federal aponta que eles seriam liderados por Braga Netto e pelo general Augusto Heleno, à época ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Confira a nota da Polícia Federal

A Polícia Federal cumpre, na manhã deste sábado (14/12), mandados judiciais expedidos pelo Supremo Tribunal Federal em face de investigados no inquérito que apurou a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo legitimamente eleito em 2022.

Estão sendo cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal.

As medidas judiciais têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas.

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