Camila Pitanga vai voltar às novelas da TV Globo em “Dona de mim”, próxima trama das 19h. Ela estava afastada desde “Velho Chico”, exibida em 2016.
Eu quero trabalhar muito, não só nas novelas. Este ano, se tudo der certo, vou voltar ao teatro, que é minha grande escola, e às telas de cinema também. É um ano de “Beleza fatal” (nova novela da Max, em que ela vive Lola) e vou participar agora desse próximo projeto na Globo. Nós (atores) não ficamos nichados em um lugar. Acho que isso cria e faz termos ferramentas de sobrevivência para poder jogar nas onze — disse Camila em entrevista no “Roda viva”, da TV Cultura, nesta segunda-feira (3).
Durante a trama de Benedito Ruy Barbosa, o ator Domingos Montagner morreu de forma trágica após um mergulho no rio, num dia de folga das gravações. Camila comentou a decisão de se afastar das novelas depois do que aconteceu:
— Eu precisei parar tudo, respeitar o luto e recomeçar. A vida é sempre recomeço, não precisa ter uma tragédia para você recomeçar. Mas ali, naquele ponto zero, eu precisava ter respeito. Depois, eu também estava querendo personagens que me dissessem, que me instigassem e tivessem alguma coisa. Quando você resolve parar, aquela engrenagem que está em pleno vapor, demora para parar… Mas que bom que fiz isso. Decisão de respeito e amor à vida. Poder ir para o ninho, ficar no dia a dia com a minha filha (Antonia, hoje com 16 anos) e repensar a minha relação com a minha carreira e com o tempo. Eu trabalhava de domingo a domingo. Publicidade, a capa da revista, a novela, o teatro… Era sempre um acúmulo. Eu fazia com muito prazer e alegria, mas que bom amadurecer e entender que é importante você se concentrar numa coisa. É importante você poder saber elaborar aquilo também na distância daquilo, na pausa (…) Foi uma escolha muito feliz, ainda que o pontapé tenha sido uma tragédia. Foi algo que, com terapia, amor, amizade e família, me fez bem.
Em “Beleza fatal”, que estreou no dia 27 de janeiro, Camila interpreta a vilã que tem uma clínica de estética. A atriz analisou a personagem:
— Eu tive uma certa dificuldade… Que vida é essa? Ela é uma influencer digital, ela é o capital bem despudorado, vendendo um tipo de beleza (…) A Lola é o pior disso, é o capital querendo ganhar dinheiro e é agressiva no mercado e no marketing. Ela é a própria estandarte. Você vê na cara dela, ela é toda esticada, toda artificial.
Camila também falou sobre o cinema brasileiro atualmente. Ela vai lançar este ano um filme dirigido pelo pai, Antonio Pitanga, intitulado “Malês”. A atriz ainda comentou o sucesso de “Ainda estou aqui”, destacando a atuação de Fernanda Torres como Eunice Paiva:
— Essa personagem a levou para um caminho de interpretação muito diferente do que estamos acostumados a vê-la (…) Esse filme leva ela para um lugar muito singular e que nós, brasileiros, ficamos muito impactados. A humanidade com que ela faz… Aquilo é uma coisa que emociona muito. Eu acho que pode levar a estatueta para casa. Estou torcendo por isso.
Questionada sobre um possível trabalho internacional, Camila contou que retornou às aulas de inglês:
— Outro dia eu estava com a Marjorie Estiano falando exatamente sobre isso. Nessa conversa, eu estava falando para ela: “Eu não falo bem inglês, eu já estou com 47 anos. Eu sou feliz aqui na minha terra, sou feliz com o que eu faço”. Mas ela perguntou se eu não tinha curiosidade de viver outras experiências. Ela me instigou tanto que eu voltei ao inglês. O que isso vai significar eu não sei (…) Instigada pela grande colega e amiga, eu tomei vergonha na cara e estou pelo menos estudando inglês. Se tiverem oportunidades e eu estiver mais pronta, quem sabe?
Na entrevista, Camila falou ainda sobre a relação com os pais, que se separaram quando ela ainda era criança. Também opinou sobre moda, representatividade e assédio.
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