Mato Grosso do Sul, 13 de maio de 2025
Campo Grande/MS
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Desmatamento no Cerrado cai 33%, mas ainda preocupa: 700 mil hectares perdidos em 2024

Mesmo com a queda, o desmatamento no Cerrado segue elevado, com 700 mil hectares destruídos; pesquisadores alertam sobre impacto no clima e necessidade de ação mais intensa para frear a degradação
Imagem- Agência Fapesp
Imagem- Agência Fapesp

O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, tem apresentado números alarmantes quando o assunto é desmatamento. De acordo com os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o desmatamento no bioma teve uma redução de 33% em 2024 em relação ao ano anterior. Apesar de uma melhora considerável, ainda foram destruídos 712 mil hectares de vegetação nativa, uma área maior do que o próprio Distrito Federal. Em 2023, o número foi ainda mais alarmante: 1 milhão de hectares desmatados.

A redução do desmatamento, embora celebrada, não é motivo para alívio. Pesquisadores alertam que os números continuam elevados e representam uma perda irreparável para a biodiversidade e o equilíbrio climático da região. A pesquisa destaca que, embora as políticas de combate ao desmatamento possam ter tido efeito, o volume de destruição ainda é significativo.

“A queda do desmatamento no Cerrado em 2024 possivelmente representa um efeito das políticas de combate e controle implementadas neste último ano. Mas a área desmatada ainda é muito alta, e comparando com a Amazônia, vemos que o número é quase o dobro”, afirma Fernanda Ribeiro, pesquisadora do Ipam e coordenadora do SAD Cerrado.

Uma Área Crucial e Desprotegida

O bioma Cerrado abriga uma das maiores biodiversidades do planeta e é fundamental para o equilíbrio climático no Brasil, principalmente pela função de “caixa d’água” que desempenha, sendo essencial para a manutenção de importantes bacias hidrográficas. O problema, no entanto, é que grande parte desse desmatamento acontece em áreas privadas, onde o Código Florestal permite que até 80% da vegetação original seja destruída.

Para se ter uma ideia, atualmente, cerca de 62% da vegetação nativa do Cerrado está em propriedades rurais privadas. A maior parte do desmatamento vem dessas áreas, o que expõe a fragilidade das políticas públicas de proteção e controle do bioma. “A maior parte do desmatamento ocorre em áreas particulares. Isso é um reflexo de que as regras atuais precisam ser repensadas”, destaca Ribeiro.

Enquanto isso, na Amazônia, o limite de desmatamento permitido é bem mais restrito, com uma autorização máxima de 20%. A diferença nas regulamentações de uso do solo é um dos principais fatores que tornam o Cerrado mais vulnerável a uma expansão desordenada, principalmente em tempos de mudanças climáticas cada vez mais intensas.

A Região do Matopiba: O Epicentro do Desmatamento

O Matopiba, região formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, foi o local de maior concentração de desmatamento do Cerrado em 2024, com 82% da área destruída. Esse é um dos principais polos de expansão agrícola no Brasil, onde a fronteira do agronegócio vem avançando sobre o bioma, especialmente para a plantação de soja e a criação de pastagens.

O Maranhão, por exemplo, foi responsável por uma parte considerável dessa destruição, com 225 mil hectares de vegetação nativa perdidos, o que representa um terço de todo o desmatamento do Cerrado em 2024. Apesar de uma redução de 26% em relação ao ano anterior, o estado ainda ocupa um triste primeiro lugar no ranking de desmatamento no Cerrado.

O Tocantins também teve números alarmantes, com 171 mil hectares destruídos, embora tenha registrado uma queda de 26% em comparação com 2023. O Piauí teve 114 mil hectares desmatados, uma redução de 12%, e a Bahia, com 72 mil hectares, conseguiu reduzir o desmatamento em 54% quando comparado ao ano anterior.

Esses números demonstram a urgência de se adotar medidas mais eficazes e de integrar o setor privado e público no combate à degradação do bioma. “O Matopiba tem a maior concentração de propriedades privadas com vegetação nativa remanescente, o que facilita a exploração desordenada. A solução passa por um maior engajamento com o setor privado e por ações de ordenamento territorial, como vemos em outras regiões do Brasil”, explica Fernanda Ribeiro.

A Destruição das Áreas Protegidas

Além do desmatamento em áreas privadas, outra preocupação grave é a destruição de áreas protegidas. O SAD Cerrado revelou que, em 2024, 5,6% do desmatamento ocorreu em unidades de conservação, o que representa cerca de 39 mil hectares. As principais áreas afetadas estão justamente no Matopiba, como a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, que perdeu 12 mil hectares, e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, com 6,7 mil hectares desmatados.

As unidades de conservação são fundamentais para preservar a biodiversidade e os recursos naturais do Cerrado. Quando essas áreas são invadidas ou desmatadas, o impacto é muito maior e atinge diretamente o equilíbrio ecológico da região.

A Solução: Integração e Ação Conjunta

Embora os números de 2024 mostrem uma redução significativa no desmatamento, o combate à destruição do Cerrado exige ações mais rigorosas. Segundo especialistas, é necessário um engajamento maior do setor privado, ações de ordenamento territorial, mais fiscalização e a implementação de políticas públicas mais eficientes. Para garantir a preservação do Cerrado, é crucial que o Brasil busque soluções que equilibrem o desenvolvimento agrícola com a preservação ambiental.

Com o futuro do bioma em jogo, é essencial que o país priorize a sustentabilidade e a proteção de suas riquezas naturais. O Cerrado não pode continuar sendo destruído sem que se leve em conta seu valor para a biodiversidade e para o clima global.

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