O Brasil perdeu nesta sexta-feira (14) um dos maiores nomes do cinema nacional. Cacá Diegues, diretor responsável por clássicos como Xica da Silva (1976), Bye Bye Brasil (1980), Tieta do Agreste (1996) e Deus é Brasileiro (2003), morreu aos 84 anos no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo G1, que detalhou que o cineasta estava internado para realizar uma cirurgia e sofreu complicações durante o procedimento.
Nascido em Maceió, Alagoas, no dia 19 de outubro de 1939, Cacá Diegues mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, com apenas 6 anos. Foi na cidade carioca que ele iniciou sua carreira e ajudou a fundar o movimento Cinema Novo, ao lado de grandes nomes como Glauber Rocha, Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade. O Cinema Novo revolucionou o cinema brasileiro, com uma proposta de filmes mais realistas, com temas sociais e políticos, e com uma abordagem estética inovadora.
O primeiro longa-metragem de Diegues foi Ganga Zumba (1963), um filme histórico que retratava a figura do líder escravo que fundou o Quilombo dos Palmares. A partir daí, Cacá começou a se destacar e a construir uma carreira sólida, marcada por sucessos como Os Herdeiros (1968), com Odete Lara e Mário Lago, e Quando o Carnaval Chegar (1972), musical que contou com Chico Buarque, Nara Leão e Maria Bethânia.
Mas foi com Xica da Silva (1976) que Cacá Diegues se consolidou como um dos maiores cineastas brasileiros. O filme, protagonizado por Zezé Motta, contou a história de uma escrava que se torna amante de um rico senhor de engenho, e a produção foi um marco no cinema nacional, além de lançar a carreira de Motta. O sucesso continuou com Bye Bye Brasil (1980), uma história sobre uma trupe de artistas itinerantes, que levou o diretor ao Festival de Cannes, onde competiu pela Palma de Ouro.
Nos anos seguintes, Diegues continuou a se destacar internacionalmente com Quilombo (1984) e Um Trem Para as Estrelas (1987), ambos competindo novamente em Cannes. Nos anos 90, ele trouxe à tela a adaptação de Tieta do Agreste (1996), com Sônia Braga no papel título, que se tornou um fenômeno de bilheteira e consolidou o diretor como um ícone do cinema popular brasileiro. Em 2003, ele voltou aos cinemas com Deus é Brasileiro, um filme que também fez grande sucesso nas bilheteiras e é lembrado por sua crítica social e visão positiva do Brasil.
Além de sua carreira no cinema, Cacá Diegues também foi homenageado e reconhecido por sua contribuição à cultura brasileira. Em 2016, o cineasta foi tema do enredo da escola de samba Belford Roxo, no Carnaval do Rio de Janeiro, e desfilou com os integrantes da escola no último carro. Em 2018, Cacá foi eleito para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, substituindo o amigo Nelson Pereira dos Santos, outro grande nome do cinema brasileiro.
Seus dois últimos filmes, O Maior Amor do Mundo (2006) e O Grande Circo Místico (2018), marcaram a última fase da carreira de Diegues, com o segundo sendo escolhido para representar o Brasil no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O legado do cineasta é imensurável, e seu impacto na cultura nacional é profundo.
Cacá Diegues deixa a esposa, Renata Magalhães, produtora de cinema, seus quatro filhos e três netos. Sua morte representa a perda de um dos maiores artistas do Brasil, mas seu trabalho imortal, que atravessa gerações, continuará a inspirar e encantar o público.
#CacáDiegues #CinemaBrasileiro #XicaDaSilva #ByeByeBrasil #TietaDoAgreste #DeusÉBrasileiro #GangaZumba #CinemaNovo #Cineasta #LegadoCultural #OscarBrasil #CinemaBrasileiro