O governo brasileiro reagiu com indignação à decisão dos Estados Unidos de elevar para 25% as tarifas sobre o aço e o alumínio importados do Brasil. Em nota oficial, os ministérios das Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) classificaram a medida como “injustificável e equivocada”, destacando que afeta o comércio entre os dois países de maneira unilateral.
A resposta inicial do Brasil, no entanto, não será retaliatória. Tanto a nota oficial quanto declarações de ministros reforçam que a estratégia do governo será focada na negociação e na busca por soluções que minimizem os impactos para a indústria nacional. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu que a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é evitar uma guerra comercial neste momento. “O presidente Lula falou ‘muita calma nessa hora’. Já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, disse Haddad após reunião com representantes do setor siderúrgico.
O Brasil também buscará apoio do setor privado para reforçar a defesa dos interesses nacionais. Reuniões já estão previstas para as próximas semanas para discutir estratégias para neutralizar os impactos da decisão dos EUA. Caso seja necessário, o governo brasileiro poderá acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a medida.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, já tem encontro marcado com representantes do governo norte-americano na próxima sexta-feira. “O presidente só tomará alguma posição depois dessa reunião”, ressaltou Costa.
Haddad também destacou que os empresários do setor siderúrgico apresentaram argumentos consistentes de que a taxação não será benéfica nem mesmo para os próprios Estados Unidos. “Vamos levar para a consideração do governo americano que há um equívoco de diagnóstico”, afirmou o ministro.
A taxação de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiros entrou em vigor nesta quarta-feira (12), após confirmação oficial do governo dos Estados Unidos. A medida impacta diretamente as exportações do Brasil, que tem nos EUA um dos seus principais compradores de aço. De acordo com o Instituto Aço Brasil, em 2022, quase metade das exportações brasileiras do setor (49%) teve como destino o mercado norte-americano.
Na nota conjunta divulgada pelo MRE e MDIC, o governo brasileiro lamenta a decisão de Washington, destacando que a relação comercial entre os dois países sempre foi pautada na cooperação. O documento também menciona que os EUA mantêm um superávit comercial com o Brasil de longa data, registrando um saldo positivo de US$ 7 bilhões em bens no ano passado.
No caso do aço, o Brasil desempenha um papel essencial para a indústria siderúrgica norte-americana, sendo o maior exportador de aço semiacabado para os EUA. Somente em 2024, as exportações brasileiras desse insumo para o mercado americano totalizaram US$ 2,2 bilhões, o equivalente a 60% das importações totais de aço semiacabado dos Estados Unidos. Além disso, o Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA, movimentando US$ 1,2 bilhão por ano.
Com o impacto já sentido pelo setor produtivo, o governo brasileiro reforça seu compromisso com o diálogo antes de tomar qualquer medida drástica. A expectativa é que as negociações com o governo norte-americano tragam resultados positivos e evitem maiores prejuízos para as empresas e trabalhadores brasileiros.
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