A mesa do brasileiro está cada vez mais vazia e o motivo é simples: o preço da comida não para de subir. Em março, o susto veio de novo com a divulgação dos dados oficiais da inflação, medida pelo IPCA, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E o que mais pesou no bolso da população, mais uma vez, foi a alimentação. O grupo Alimentação e bebidas foi o campeão de impacto no índice do mês, subindo 1,17% e puxando quase a metade do aumento total do IPCA. Com a alta acumulada no ano já em 2,04% e o índice dos últimos 12 meses batendo 5,48%, o orçamento das famílias está esticado no limite.
Quem vai ao mercado já sentiu o baque. O tomate disparou 22,55% só em março. Ovo de galinha, aquele alimento que muita gente recorre quando a carne falta, subiu 13,13%. Até o cafezinho nosso de cada dia ficou mais salgado, com alta de 8,14% no café moído. E se engana quem pensa que comendo fora dá pra escapar. A alimentação fora de casa também aumentou, com destaque para o cafezinho de padaria, que subiu 3,48%, e as refeições em restaurantes, que ficaram 0,86% mais caras.
O problema é que não se trata de uma alta isolada. A inflação dos alimentos vem numa sequência que já compromete os hábitos de consumo das famílias, principalmente as de renda mais baixa. O arroz, que deu uma trégua com queda de 1,81%, e o óleo de soja, que baixou 1,99%, não foram suficientes para aliviar o impacto das outras altas. As carnes também caíram 1,60%, mas o alívio é pequeno diante do aumento em produtos básicos e essenciais.
O que chama a atenção é que, mesmo com uma desaceleração da inflação geral em relação a fevereiro (que foi de 1,31%), o mês de março registrou o maior IPCA para o período desde 2003, quando ficou em 0,71%. Isso significa que o impacto sobre o consumidor continua forte, principalmente porque o maior vilão está diretamente ligado ao prato do dia a dia.
O IPCA mede o custo de vida das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos e acompanha os preços em 16 cidades do país, incluindo Campo Grande. Ou seja, quando o índice sobe por causa da comida, é o sinal mais claro de que o brasileiro está tendo que fazer escolhas difíceis no supermercado. E essa realidade tem afetado diretamente a qualidade da alimentação, forçando muitas famílias a optarem por produtos mais baratos e menos nutritivos.
O Banco Central tem como missão controlar a inflação para que ela fique dentro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 3% para 2025, com uma margem de 1,5 ponto percentual pra cima ou pra baixo. Mas com o IPCA dos últimos 12 meses já acima disso, em 5,48%, a preocupação aumenta e já se fala na possibilidade de novos reajustes na taxa básica de juros como tentativa de conter o avanço dos preços.
Só que quem sente mesmo esse peso no bolso é o consumidor comum. Gente que já não consegue mais encher o carrinho no supermercado como antes, que teve que cortar o lanche das crianças, diminuir o consumo de carne e até deixar o cafezinho para ocasiões especiais. Para muitos, comer bem virou um luxo.
O impacto vai além da mesa. Com a comida mais cara, sobra menos para o transporte, para o remédio, para a escola dos filhos. E como a inflação dos alimentos pesa mais para os mais pobres, ela acaba sendo cruel com quem menos tem. É um efeito dominó que derruba sonhos e sufoca quem luta diariamente para sobreviver.
Diante desse cenário, o governo precisa agir com mais firmeza para controlar a inflação e proteger o poder de compra da população. Enquanto isso, o brasileiro segue se virando como pode, tentando manter a dignidade no meio de uma crise que insiste em bater à porta de casa pela cozinha.
#preçosaltos #inflação #alimentacaocara #mercadocaro #ipca #carrinhovazio #tomatecaro #ovomaiscaro #cafesalgado #supermercado #economiafamiliar #brasilreal