Mato Grosso do Sul, 18 de abril de 2025
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Quando o amor ultrapassa limites, vira medo e se transforma em perseguição invisível

Stalking é crime, machuca, assusta e muitas vezes se esconde por trás de gestos que parecem carinho, mas são pura invasão e abuso
Na era digital, as vítimas de perseguição às vezes nem sabem que são alvos. (Foto/iStock)
Na era digital, as vítimas de perseguição às vezes nem sabem que são alvos. (Foto/iStock)

Parece amor, mas não é. Pode até começar com mensagens carinhosas, visitas inesperadas e aquela atenção fora do comum. Mas quando tudo isso vira insistência, vigilância e medo, o que temos não é romantismo, é perseguição. E isso tem nome: stalking. Esse comportamento, que pode parecer inofensivo à primeira vista, é uma forma séria de violência psicológica e afeta profundamente a vida de quem sofre com ele.

A psicóloga Izabella Melo, professora no Centro Universitário de Brasília, conhece bem os impactos dessa prática. Segundo ela, o stalking não acontece só em relacionamentos amorosos, como muita gente imagina. Ele pode surgir entre vizinhos, colegas de trabalho, pessoas da escola, da igreja e até dentro da própria família. A perseguição não tem fronteiras e pode acontecer tanto no mundo físico quanto no digital.

A pessoa que persegue costuma não respeitar limites. Liga sem parar, aparece sem avisar, manda presentes que ninguém pediu, fica vigiando redes sociais e, em alguns casos, até se aproxima de amigos e parentes da vítima. “Esses comportamentos são disfarçados de preocupação e afeto, mas, na prática, são formas de controle e intimidação”, explica a psicóloga.

Muita gente ainda acha bonito ver alguém insistindo por amor, acreditando na ideia de que quem ama, corre atrás. Mas essa visão romantizada do stalking tem raízes culturais antigas, reforçadas por filmes, novelas e músicas. A psicóloga aponta que o problema se agrava por causa de uma cultura machista, que ensina que o homem precisa ser insistente para conquistar a mulher. “Esse tipo de pensamento faz com que atitudes abusivas sejam vistas como normais ou até desejáveis. E isso é muito perigoso”, alerta Izabella.

Existem várias formas de stalking. Uma delas é a chamada hiper intimidade, quando a pessoa age como se tivesse um relacionamento mais profundo do que realmente tem com a vítima. Outra é o cyberstalking, que usa as redes sociais para monitorar, vigiar e até ameaçar. Há também os casos mais agressivos, com chantagens, perseguições físicas e até ameaças que envolvem os filhos, amigos ou animais da pessoa perseguida.

As consequências são pesadas. Quem sofre com stalking pode desenvolver ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e muitos outros problemas emocionais. Muitas vítimas acabam se isolando, mudam a rotina, evitam sair de casa, perdem o sono e vivem com medo constante. “Tem gente que para de frequentar certos lugares, troca o caminho do trabalho e até abandona redes sociais pra tentar escapar desse terror”, conta a psicóloga.

Mas o pior é que, muitas vezes, quem está sendo perseguido sente vergonha de contar ou acha que ninguém vai acreditar. E isso só aumenta o sofrimento. “É muito comum a vítima achar que está exagerando ou que vai parecer paranoica. Por isso, é tão importante que a gente escute, acolha e acredite em quem denuncia esse tipo de violência”, reforça Izabella.

Falar sobre stalking é urgente. Precisamos parar de tratar comportamentos abusivos como declarações de amor. O primeiro passo é informar, o segundo é proteger e o terceiro é agir. Porque amor de verdade não machuca, não causa medo, não invade espaço e muito menos persegue. O que ultrapassa os limites do respeito não é amor, é violência.

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