Mato Grosso do Sul, 19 de abril de 2025
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Inflação dá uma trégua em março, mas comida cara ainda pesa no bolso das famílias

Queda nos preços da energia e transporte ajuda quem ganha menos, mas aumentos nos alimentos e saúde mantêm alerta aceso para todas as faixas de renda
Inflação de alimentos e bebidas aumentou 1,17% em março
Inflação de alimentos e bebidas aumentou 1,17% em março

A vida do brasileiro anda longe de ser fácil, e o bolso, cada vez mais apertado. Mas em março, ao menos um pequeno respiro foi sentido por quem vive de salário apertado ou depende do básico para sobreviver. Segundo o mais recente levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a inflação recuou para todas as faixas de renda, com destaque para o alívio maior entre as famílias de renda muito baixa.

Enquanto os dados de fevereiro mostravam uma inflação pesada, principalmente para os mais pobres, março chegou com mudanças. Para os lares de renda muito baixa, a inflação caiu de 1,59% para 0,56%. Já entre os de renda alta, o recuo foi de 0,9% para 0,6%. Esse recuo não significa exatamente que os preços baixaram, mas que subiram menos, o que já faz diferença para quem precisa esticar cada centavo até o fim do mês.

O que ajudou a dar esse alívio? Um dos principais fatores foi o comportamento da energia elétrica. Em fevereiro, as tarifas haviam subido 16,8%, assustando muita gente na hora de pagar a conta. Já em março, o aumento foi quase nulo: apenas 0,12%. Também teve impacto positivo a queda nas tarifas do transporte público. As passagens de ônibus urbano caíram 1,1% e as de metrô, 1,7%. Para quem depende desses meios para trabalhar, estudar ou levar os filhos à escola, essa redução representa um fôlego bem-vindo.

Mas mesmo com essa trégua, o orçamento doméstico continua pressionado, principalmente por causa dos alimentos. O que se vê nos supermercados é um sobe-e-desce que mais sobe do que desce. Os preços de alguns produtos básicos seguem nas alturas. O tomate disparou 22,6% em apenas um mês. Os ovos, que viraram substituto da carne em muitas casas, subiram 13,1%. O café ficou 8,1% mais caro. O leite teve alta de 3,3%.

E esses aumentos vêm mesmo com algumas quedas em outros itens, como arroz, feijão-preto, carne e óleo de soja. O arroz, por exemplo, caiu 1,8%. O feijão-preto recuou 3,9%, a carne teve baixa de 1,6% e o óleo de soja diminuiu 2%. Mas isso não foi suficiente para conter a pressão geral dos alimentos no orçamento.

Entre os mais ricos, os gastos com educação ajudaram a puxar a inflação para baixo em março. Isso porque em fevereiro, as mensalidades escolares tinham sido reajustadas e já tinham impactado o índice. Sem novos aumentos no mês seguinte, esse grupo teve um respiro.

Olhando para os últimos doze meses, a inflação acumulada é maior para as famílias de renda alta (5,61%) do que para as de renda muito baixa (5,24%). Mas na prática, o impacto de cada centavo pesa muito mais no orçamento de quem tem menos.

Além da comida, outro peso constante na vida dos brasileiros tem sido o transporte. O combustível voltou a subir, com destaque para o etanol, que aumentou 20,1% nos últimos doze meses. A gasolina teve alta de 10,9%. Quem usa aplicativo de transporte sentiu também: a tarifa média subiu 18,3%.

Nos ônibus urbanos, a alta foi de 5,1%, e no transporte interestadual, 6,4%. Já o transporte por integração, muito usado nas grandes cidades, teve aumento de 10%. Esses reajustes somados tiram a mobilidade de muita gente, que passa a pensar duas vezes antes de sair de casa.

A saúde também continua sendo um dos vilões da inflação. Os produtos farmacêuticos tiveram aumento de 4,8%. Os itens de higiene pessoal, a mesma coisa. Os serviços médicos subiram 7,8%, e os planos de saúde tiveram alta de 7,3%. Quem depende do SUS enfrenta filas e demora, e quem paga plano, sente no bolso o aumento constante.

Entre as famílias de renda alta, os serviços pessoais subiram 5,1%, e as mensalidades escolares 6,5%. Esses grupos sentiram a pressão principalmente nas áreas de lazer, educação e bem-estar, que também seguem com aumentos.

Mesmo com a desaceleração registrada em março, o cenário ainda é de alerta. A inflação mais baixa não significa vida mais fácil, mas sim uma pausa temporária numa escalada que já vem de meses. Os dados mostram que a pressão continua, e que as famílias ainda precisam fazer malabarismo para manter as contas em dia.

Enquanto isso, o brasileiro segue driblando os preços altos com criatividade, muita pesquisa e, muitas vezes, abrindo mão do que antes era essencial. Trocar carne por ovo, reduzir o consumo de café, usar menos o carro, evitar remédios e consultas pagas, e até mudar filhos de escola têm sido medidas adotadas por muitos para conseguir equilibrar o orçamento.

A expectativa para os próximos meses é de que a inflação continue sob controle. Mas para quem vive na ponta, o que se espera mesmo é um alívio real no mercado, na farmácia, no transporte e na conta de luz. Porque, para quem ganha pouco, cada centavo ainda faz muita diferença.

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