Mato Grosso do Sul, 25 de abril de 2025
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Brasil colhe safra recorde de arroz, mas o preço continua salgado no prato do consumidor

Produção aumenta, mas preço continua pressionando o bolso do consumidor e a ponta do agricultor sente a instabilidade do mercado
O país deve ampliar liderança como fornecedor de alimentos à China, e ainda lidar com demanda maior da Europa
O país deve ampliar liderança como fornecedor de alimentos à China, e ainda lidar com demanda maior da Europa

O arroz, um dos alimentos mais presentes no prato do brasileiro, continua sendo motivo de preocupação, tanto para quem compra quanto para quem produz. Mesmo com uma safra robusta em andamento, os preços nas prateleiras continuam altos e o ritmo de queda, que já vinha sendo tímido, perdeu ainda mais força nos últimos dias. A explicação para esse cenário envolve uma mistura de mercado travado, especulação, dificuldades no escoamento e uma indústria que ainda não consegue repassar os preços de forma eficiente.

De acordo com dados do Cepea da Esalq/USP, a saca de 50 quilos de arroz em casca está sendo vendida por cerca de R$ 76,30 no Rio Grande do Sul, estado que concentra mais de 70% da produção nacional. Essa cotação representa uma queda de apenas 1,29% desde o início de abril. Pode até parecer uma boa notícia, mas na prática o impacto no bolso do consumidor ainda não chegou. O arroz beneficiado continua caro nos supermercados, e o motivo vai além da colheita.

A liquidez no mercado segue baixa. Os compradores estão retraídos, alegando dificuldades em repassar o valor do arroz em casca para o arroz que chega na gôndola. Com isso, seguram as negociações, o que acaba pressionando ainda mais o produtor, que também não tem se animado a vender no mercado spot por causa dos preços pouco atrativos. Muitos preferem segurar o produto na esperança de cotações melhores mais à frente.

Além disso, produtores estão com a atenção voltada aos trabalhos de colheita e manejo de campo, o que também reduz o volume disponível no mercado. Mesmo assim, o estoque interno segue subindo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção da safra 2024/25 deve alcançar 12,14 milhões de toneladas de arroz em casca, um aumento de 14,75% em relação à temporada anterior. Com importações previstas em 1,4 milhão de toneladas e estoques de passagem mais elevados, a disponibilidade total do grão no país pode chegar a 14 milhões de toneladas.

Mas, se tem arroz sobrando, por que continua caro?

A resposta está na cadeia de comercialização. Os custos de produção subiram nos últimos anos, impactados por preços de fertilizantes, diesel, defensivos e maquinário. Além disso, o custo do frete, a concentração do beneficiamento nas mãos de poucos grupos industriais e a especulação em torno de exportações para mercados externos complicam ainda mais o cenário.

Enquanto isso, o consumidor paga caro no pacote de 5 quilos, que pode passar de R$ 25 em algumas regiões. O arroz virou símbolo do desequilíbrio entre produção agrícola e o sistema de distribuição de alimentos no Brasil. De um lado, o campo produz em larga escala, com tecnologia e investimento. Do outro, a mesa do brasileiro ainda sente o peso dos preços e da inflação dos alimentos.

O que pode mudar esse jogo?

Especialistas acreditam que o Brasil pode ganhar espaço no mercado internacional, especialmente agora que os Estados Unidos impuseram novas taxações que atrapalham suas exportações. Isso pode abrir espaço para o arroz brasileiro ganhar mercado lá fora. Porém, esse mesmo movimento pode tirar ainda mais o produto do mercado interno, pressionando os preços aqui dentro.

Enquanto isso, o agricultor continua vendendo com margens apertadas e o consumidor continua pagando caro. A promessa de que uma grande safra resolveria os problemas ainda não se concretizou. E o arroz, que sempre foi sinônimo de comida acessível no Brasil, virou um termômetro da desigualdade e dos gargalos que ainda existem entre o campo e a cidade.

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