O que parecia um respiro temporário virou mais um capítulo de tensão e incerteza na guerra que já dura mais de três anos. A trégua de 30 horas acordada entre Rússia e Ucrânia durante o feriado de Páscoa terminou no domingo à noite e, menos de 24 horas depois, os bombardeios voltaram a castigar o território ucraniano. A promessa de paz durou pouco, e as explosões retornaram com força, reacendendo os temores de uma escalada ainda maior no conflito.
Na segunda-feira, o Ministério da Defesa da Rússia confirmou oficialmente que voltou a realizar ataques aéreos, com drones e artilharia, atingindo alvos militares em ao menos 74 pontos diferentes da Ucrânia. As ações foram justificadas como resposta a tentativas ucranianas de atacar posições russas no leste do país, especialmente na região de Donetsk, onde os combates não cessaram mesmo durante o período de trégua.
Autoridades ucranianas das regiões de Dnipropetrovsk, Mykolaiv e Cherkasy relataram ataques durante a madrugada, mas, por enquanto, não há registro de vítimas. Ainda assim, a tensão é evidente em todas as frentes do conflito.
Do lado de Kiev, o presidente Volodymyr Zelensky foi direto ao acusar a Rússia de ter violado o cessar-fogo mais de duas mil vezes durante o período de 30 horas. Em seu discurso, Zelensky insistiu que o exército ucraniano respeitou o acordo e que todas as ações realizadas foram em legítima defesa. Ele ainda propôs a extensão da trégua por 30 dias, focando especialmente na suspensão do uso de drones e mísseis contra infraestruturas civis.
O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia confirmou que nas últimas 24 horas foram registrados 96 confrontos diretos e que mais de 1.800 ataques russos com mísseis e artilharia atingiram posições estratégicas e áreas habitadas. Zelensky também denunciou operações russas nos setores de Pokrovsk e Siversk, no leste, com uso contínuo de armamentos pesados por parte do exército inimigo.
Moscou, por sua vez, rebateu as acusações e alegou que foram os ucranianos que desrespeitaram a trégua com tentativas fracassadas de invadir posições russas nas localidades de Sukha Balka e Bagatyr, também na região de Donetsk. Além disso, o governo russo acusa Kiev de realizar ataques nas regiões fronteiriças de Bryansk, Kursk e Belgorod, resultando na morte e ferimentos de civis.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que o presidente Vladimir Putin “não deu ordens” para estender o cessar-fogo, encerrado oficialmente às 23h de domingo, horário local. O fim da trégua marca o retorno das hostilidades com toda a força, enquanto as negociações diplomáticas continuam estagnadas.
Quem também se manifestou foi o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou em uma publicação na rede social Truth Social que espera um “acordo” entre Rússia e Ucrânia “dentro de uma semana”. Ele prometeu que, com a paz, ambos os países poderiam fazer “bons negócios” com os Estados Unidos. Apesar do tom otimista, Trump voltou a ameaçar abandonar as tratativas caso não haja avanços concretos em breve.
A China, por meio do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, elogiou qualquer esforço em busca de um cessar-fogo duradouro e reafirmou que a paz depende de compromisso de ambas as partes. Ainda assim, o histórico de fracassos nas tentativas anteriores deixa pouca margem para otimismo. Desde o início do conflito, em 2022, duas propostas de cessar-fogo já foram frustradas: uma em abril daquele ano e outra em janeiro de 2023.
Mais recentemente, em março, Washington chegou a sugerir uma trégua incondicional de 30 dias. A proposta foi aceita por Kiev, mas rejeitada por Moscou, que insiste em manter seus termos militares como prioridade.
Com os bombardeios de volta e os corredores diplomáticos empacados, o que se vê é mais um ciclo de violência, incertezas e sofrimento, especialmente para os civis que vivem no meio do fogo cruzado. A trégua de Páscoa foi só uma pausa, não um sinal de fim. E o mundo segue assistindo, apreensivo, aos próximos passos dessa guerra sem fim à vista.
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