Mato Grosso do Sul, 24 de abril de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Grãos enfrentam queda generalizada na bolsa de Chicago em dia de liquidez fraca

Trigo lidera desvalorização, enquanto soja e milho oscilam em meio a incertezas globais e clima instável nos EUA
O trigo teve a pior performance entre os grãos
O trigo teve a pior performance entre os grãos

A semana começou com forte tensão no mercado internacional de commodities agrícolas. Em um dia marcado por baixa liquidez e muitos investidores ainda ressabiados com o cenário geopolítico e climático, os principais grãos negociados na bolsa de Chicago registraram queda nos preços. A segunda-feira foi de perdas para soja, milho e, principalmente, trigo, em um reflexo direto da instabilidade econômica global, das incertezas comerciais e das projeções climáticas adversas que rondam as lavouras norte-americanas. O impacto foi sentido especialmente nos contratos com vencimento em julho, os mais negociados no momento.

A soja, tradicional carro-chefe das exportações brasileiras e dos mercados agrícolas em geral, abriu a semana sob pressão. Os contratos para entrega em julho caíram 0,60%, encerrando o dia cotados a US$ 10,4150 por bushel. A queda foi influenciada por uma combinação de fatores, como o retorno das atividades após o feriado na bolsa de Chicago e o compasso de espera dos investidores diante dos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. A situação entre os dois países segue indefinida, e qualquer sinal de tensão afeta diretamente as projeções de demanda por soja americana, já que a China é a maior compradora mundial do grão.

Além disso, os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmaram a estagnação da demanda. O volume inspecionado para exportação na semana encerrada em 17 de abril ficou em 550,92 mil toneladas, número praticamente idêntico ao registrado na semana anterior. Essa estabilidade na demanda, em um contexto de oferta elevada e clima incerto, reforça o sentimento de cautela entre os operadores.

Já o milho, embora tenha esboçado alguma recuperação durante o pregão, não conseguiu sustentar os ganhos e fechou em leve baixa de 0,05%, com o contrato de julho valendo US$ 4,90 por bushel. As chuvas intensas previstas para importantes regiões produtoras nos Estados Unidos chegaram a animar os traders, pois há o risco de atraso no plantio da safra 2025/26. Contudo, esse possível atraso ainda é considerado incipiente. A consultoria Granar destacou em boletim que “essa condição de clima mais úmido pode acentuar o atraso já perceptível no plantio e até prejudicar as lavouras mais precoces”. Por outro lado, o USDA informou que o volume de milho inspecionado para exportação foi de 1,70 milhão de toneladas, ligeiramente abaixo da semana anterior (1,82 milhão), mas ainda acima das expectativas do mercado, que giravam em torno de 1,66 milhão.

O trigo teve a pior performance entre os grãos. Os contratos futuros com entrega para julho despencaram 1,78%, encerrando o pregão a US$ 5,5225 por bushel. A forte desvalorização se deve a dois fatores principais: o clima favorável para as lavouras de trigo de inverno nos Estados Unidos e a projeção de aumento na safra global. Segundo a T&F Consultoria Agroeconômica, o excesso de chuvas que preocupa soja e milho está beneficiando a produção de trigo, melhorando a expectativa para a colheita nos próximos meses.

Outro ponto importante foi a revisão das projeções de produção mundial feita pelo Conselho Internacional de Grãos. O relatório da semana passada indicou um aumento significativo nas estimativas de safra global de trigo, impulsionado principalmente por grandes produtores como Rússia, Austrália e até a Ucrânia, que vem conseguindo manter uma boa produtividade mesmo em meio a conflitos. Esse aumento na oferta global pressiona os preços para baixo, já que o mercado entende que haverá mais produto disponível e, consequentemente, menor necessidade de compras a preços altos.

Além dos fatores imediatos, o mercado também começa a se movimentar diante da possibilidade de mudanças nos cenários políticos e econômicos de grandes países exportadores. A possível desaceleração da economia chinesa, os conflitos militares em áreas estratégicas do comércio global, como o Oriente Médio e o Mar Negro, e os impactos ambientais do El Niño sobre as colheitas latino-americanas também são variáveis que vêm sendo cuidadosamente observadas.

No Brasil, os reflexos dessas quedas ainda não foram sentidos com força, mas os produtores e exportadores já acompanham o movimento com atenção. Como os preços internacionais influenciam diretamente os valores pagos aos agricultores, principalmente no caso da soja, qualquer tendência de queda nas cotações em Chicago pode gerar impacto na comercialização doméstica. Em contrapartida, o real desvalorizado pode atenuar as perdas, mantendo a competitividade do produto brasileiro no mercado externo.

O cenário, portanto, é de atenção redobrada para os próximos dias. A expectativa é de que os mercados sigam voláteis, com os traders reagindo rapidamente a novas informações sobre clima, exportações, política internacional e movimentações logísticas.

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