Campo Grande, voltou a viver uma tarde e noite de verdadeiro terror urbano na quinta-feira, 24 de abril. Em poucas horas, a cidade viu mais de 200 milímetros de chuva caírem em várias regiões, transformando ruas em rios violentos, arrastando carros, invadindo casas e desabando estruturas. Mas não se trata apenas de um fenômeno natural. O que a cidade viveu foi o reflexo direto de anos de omissão, promessas não cumpridas e uma administração que insiste em ignorar os sinais claros do colapso urbano.
A prefeita Adriane Lopes, que assumiu o comando da cidade em abril de 2022, já teve tempo suficiente para tratar os problemas que todo morador conhece de cor: bueiros entupidos, drenagem ineficiente, obras paradas, ausência de manutenção e, principalmente, falta de planejamento para dias de tempestade. O resultado está aí: caos generalizado, prejuízo para quem trabalha, desespero para quem mora em áreas de risco, e uma cidade cada vez mais vulnerável.
No Centro, foram registrados 174,4 mm de chuva. Já nos bairros Jardim Aeroporto, Jardim Imá e Panamá, o volume passou de 218 mm. A previsão para os próximos dias só piora o cenário: entre 25 e 28 de abril, ainda pode chover mais de 50 mm por dia. Mesmo com todos os alertas meteorológicos emitidos, nenhuma ação preventiva consistente foi feita pela prefeitura. O abandono fala mais alto que qualquer boletim técnico.
Na Avenida Ernesto Geisel, no cruzamento com a Marechal Rondon, parte da estrutura do Córrego Segredo simplesmente desabou. O concreto cedeu como se fosse papelão molhado. O local já havia sido apontado diversas vezes como área de risco. Não era novidade. Não era surpresa. Era só mais um lembrete ignorado. Técnicos da prefeitura apareceram para “avaliar riscos”. Riscos do quê? O buraco já estava aberto. O estrago já tinha acontecido.
Enquanto isso, a Defesa Civil corria atrás do prejuízo. O coordenador Enéas José de Carvalho Netto garantiu que as equipes trabalhariam durante a madrugada. Mas bastava dar uma volta por Campo Grande para ver que a cidade ficou entregue à própria sorte. No Terminal General Osório, passageiros ficaram ilhados em plataformas alagadas. Na Avenida Cônsul Assaf Trad, o asfalto virou correnteza. Motoristas tentavam escapar com seus carros quase boiando.

Nos bairros Seminário, Frutuoso Barbosa, Vitório Zeolla, Ricardo Brandão, o cenário era de guerra. Na Pedro Celestino, um motociclista foi arrastado pela força da água e só não morreu porque moradores agiram rapidamente. Em todas as cenas, a população fazendo o que deveria ser obrigação do poder público: proteger vidas e evitar tragédias.
Os mesmos pontos de alagamento de sempre voltaram a aparecer. Ernesto Geisel com Rachid Neder. Rua Amazonas. Região da 14 de Julho. É como se Campo Grande estivesse presa em um ciclo de abandono eterno, onde a água da chuva escorre e leva junto qualquer expectativa de mudança.
Em meio a tantos prejuízos e à insegurança, a indignação popular transbordou. Um morador do Jardim Los Angeles, que teve sua casa parcialmente alagada, desabafou com revolta. “Enquanto Adriane Lopes comemora o aumento de seu super salário, Campo Grande se desmancha em barro e lama”, disse, apontando a diferença gritante entre o conforto dos gabinetes e a realidade das ruas.
O secretário de infraestrutura Marcelo Miglioli informou que 25 equipes estavam nas ruas. Mas a pergunta que ecoa é outra: por que essas equipes não estavam lá antes? Por que só correr atrás depois que tudo virou lama? Onde estava a gestão que se diz preocupada com a cidade?
Adriane Lopes continua investindo em publicidade, tentando vender uma imagem de cidade bem cuidada, enquanto a realidade mostra o contrário. O marketing tenta esconder a lama, mas o povo encharcado conhece bem a verdade.
Campo Grande não precisa de promessas no rádio nem de vídeos bem produzidos nas redes sociais. Precisa de uma gestão presente, responsável, que ouça quem vive o dia a dia das enchentes. Precisa de drenagem, de limpeza, de planejamento. Precisa de respeito.
Enquanto isso não vem, a água vai levando a paciência da população, vai afundando a esperança dos moradores e vai deixando para trás mais uma prova de que a cidade está à deriva. E quem sofre é sempre o povo.
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