O impacto do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump está saindo dos bastidores políticos de Washington e chegando de forma pesada à vida do povo americano. Depois de semanas de tensão nos mercados, agora é a população quem começa a sentir no bolso e nas gôndolas dos supermercados o que os economistas já vinham alertando: falta de produtos, preços altos e muita dor de cabeça.
Desde o início de abril, Trump elevou as tarifas sobre os produtos chineses para até 145%, o que causou uma queda violenta nas importações algo em torno de 60%, segundo estimativas. Até agora, a maioria das pessoas ainda não percebeu, mas especialistas dizem que essa calmaria vai acabar muito em breve.
As grandes redes varejistas, como Walmart e Target, se reuniram com o presidente na semana passada e foram diretas: se nada mudar, as prateleiras vão começar a esvaziar já a partir de maio. Empresas pequenas e grandes terão dificuldade em reabastecer os estoques e o que restar vai custar muito mais caro.
O economista Torsten Slok, da Apollo Management, avisou que vem aí uma crise parecida com a que a gente viu na pandemia da Covid, com falta de produtos essenciais e demissões em áreas como transporte, logística e comércio.
Mesmo que Trump esteja sinalizando uma possível trégua nas tarifas, a situação já é crítica. O secretário do Tesouro, Scott Besset, jogou a responsabilidade para a China, dizendo que “cabe a eles reduzir a escalada”. Enquanto isso, empresários como Jim Gerson, da The Gerson Companies, que vende decorações e velas para o Natal, estão preocupados. A empresa dele, com 84 anos de história, tem metade da produção vinda da China e 250 contêineres parados esperando liberação.
A preocupação é enorme porque estamos num período decisivo. Março e abril são meses fundamentais para abastecer os estoques de volta às aulas e do Natal. Sem produtos suficientes, muita coisa pode faltar no fim do ano, inclusive brinquedos, eletrônicos e roupas.
Jay Foreman, da Basic Fun, empresa de brinquedos que fornece para Amazon e Walmart, disse que a situação está à beira do desastre. Com 90% dos seus produtos vindos da China, ele alerta que, se as tarifas continuarem, pedidos começarão a ser cancelados em massa, prejudicando toda a cadeia produtiva.
Além do problema da falta de produtos, tem a questão do transporte. O setor já tinha reduzido a capacidade por causa da queda na demanda. Com a possível retomada, os portos e ferrovias vão ficar congestionados, igual ou até pior do que na época da pandemia. O CEO da Vespucci Maritime, Lars Jensen, avisou que os portos americanos não aguentam um aumento de volume tão repentino.
Para tentar driblar a crise, importadores estão buscando fornecedores no Sudeste Asiático. Empresas do Vietnã, Tailândia e Camboja já estão vendo aumento nos pedidos. Mas essa adaptação leva tempo e nem de longe é suficiente para substituir a quantidade de produtos que vinha da China.
O drama já aparece nos dados: cerca de 40 navios estão vindo da China para os EUA agora, uma queda de 40% desde que as tarifas foram anunciadas. A quantidade de contêineres transportados caiu um terço. E, para piorar, houve cerca de 80 cancelamentos de viagens no último mês — o dobro do pior momento da pandemia.
Economistas avisam que a inflação pode disparar de novo. Produtos importados podem dobrar de preço e o bolso do consumidor vai sentir de imediato. As expectativas de crescimento para a economia americana estão sendo revisadas para baixo.
Se o embate continuar por mais algumas semanas, as lojas terão que tomar decisões duras: cancelar encomendas, cortar funcionários ou assumir dívidas caras para tentar manter as prateleiras cheias. E nem sempre com produtos novos — muita loja deve acabar vendendo estoque antigo para sobreviver.
Jay Foreman fez uma comparação direta com a pandemia: “Na Covid, a gente tinha muita incerteza, mas acabou se recuperando rápido. Agora, se essa situação durar muito, o estrago pode ser ainda maior.”
O destino da situação ainda depende dos próximos passos de Donald Trump. Se ele aliviar as tarifas, o impacto pode ser controlado. Se mantiver a pressão, o Natal de 2025 promete ser bem diferente — e muito mais caro — para os americanos.
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