O mundo está de olho em Haia, na Holanda, onde a Corte Internacional de Justiça da ONU está ouvindo diversos países sobre o bloqueio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. No meio de tantas vozes pedindo a liberação imediata de comida, remédios e suprimentos para os civis palestinos, os Estados Unidos resolveram remar contra a maré e saíram em defesa de Israel.
Durante a audiência desta quarta-feira, 30 de abril, o enviado americano Josuah Simmons, do Departamento de Estado dos Estados Unidos, afirmou que Israel tem o direito de escolher quem pode ou não fornecer ajuda nos territórios ocupados. Ele deixou claro que o governo israelense não é obrigado a permitir a atuação da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos, a Unrwa, por considerá-la parcial.
De acordo com Simmons, não existe na lei internacional nenhuma exigência para que uma potência ocupante aceite que qualquer organização atue no local se ela comprometer a segurança do país. Na prática, ele está dizendo que Israel pode bloquear o acesso da Unrwa e de outras entidades caso ache que isso representa risco.
Ajuda humanitária travada e crise se agrava em Gaza
A situação em Gaza é desesperadora. Desde o início de março, nenhum caminhão com ajuda humanitária entra no território. O bloqueio total imposto por Israel, segundo seu governo, vai continuar até que o Hamas se renda completamente e todos os reféns sejam libertados.
Enquanto isso, mais de 2 milhões de palestinos enfrentam escassez extrema de alimentos, água potável, remédios e serviços básicos. A própria Unrwa diz que tem cerca de 3 mil caminhões parados, cheios de suprimentos prontos para entrar em Gaza, mas sem permissão. Desde o início dos ataques, mais de 290 funcionários da agência morreram e 311 instalações da Unrwa foram bombardeadas.
EUA dizem que Assembleia da ONU não tem poder para obrigar Israel
Na audiência, o representante dos EUA foi direto ao afirmar que a decisão da Assembleia Geral da ONU, que solicitou um parecer da Corte sobre as obrigações de Israel, não tem valor legal obrigatório. Segundo ele, somente o Conselho de Segurança poderia forçar um país a tomar certas atitudes, e isso não aconteceu até agora.
Ainda segundo Simmons, Israel tem total liberdade para equilibrar a necessidade de ajuda humanitária com sua própria segurança nacional. Ele defendeu que a comunidade internacional foque em soluções de longo prazo, como um cessar-fogo e propostas para um futuro melhor tanto para palestinos quanto para israelenses.
Unrwa é acusada, mas não há provas
Desde outubro de 2024, Israel proibiu as atividades da Unrwa no território, alegando que a agência estaria colaborando com o Hamas. No entanto, até o momento, o governo israelense não apresentou nenhuma prova concreta à investigação conduzida pela própria ONU. A Unrwa é responsável pelo atendimento de mais de 6 milhões de refugiados palestinos e atua há 75 anos na região.
França, Rússia e outros países defendem ajuda imediata
Enquanto os Estados Unidos isolam sua posição em defesa de Israel, diversos outros países se manifestaram a favor da liberação imediata da ajuda humanitária. O representante da Rússia, Maksim Musikhin, foi direto ao lembrar que a Unrwa representa o compromisso histórico da comunidade internacional com o povo palestino e seus direitos.
Já o embaixador da França, Diego Colas, disse que a assistência humanitária precisa chegar em grande escala e sem impedimentos. Ele pediu a abertura de todas as passagens e a proteção das equipes humanitárias, conforme manda o direito internacional.

Brasil também se posiciona contra o bloqueio
O Brasil também participou das audiências em Haia e pediu que a Corte considere ilegal o bloqueio de Israel à ajuda humanitária em Gaza. O país defende que o sofrimento da população palestina deve ser aliviado e que impedir o socorro a civis em situação de emergência vai contra os princípios mais básicos do direito humanitário.
Israel diz que está sendo perseguido pela ONU
Em resposta às críticas, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, acusou a ONU de perseguição e disse que a organização está tentando tirar o direito de defesa do país. Ele afirmou que a Unrwa é “infestada de terroristas” e que o tribunal está sendo usado para deslegitimar Israel.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, por sua vez, declarou recentemente que “a ajuda que vai para o Hamas não é humanitária”, dando a entender que qualquer apoio que possa, direta ou indiretamente, beneficiar o grupo será bloqueado.
Corte internacional vai decidir, mas o povo já sente as consequências
A decisão da Corte Internacional de Justiça pode demorar, mas a urgência é clara. Famílias inteiras estão passando fome, hospitais não têm mais condições de atender feridos, e a população de Gaza vive em completo desespero. As imagens que chegam da região mostram crianças desnutridas, bairros inteiros destruídos e filas intermináveis por um pouco de água ou pão.
Enquanto isso, a diplomacia segue seu curso. O tribunal ouvirá até sexta-feira (2) quase quarenta países e organizações. A maioria quer o fim imediato do bloqueio. Mas enquanto as decisões legais são discutidas, a crise humanitária se aprofunda a cada dia.
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