A semana começou com uma boa notícia para os coletivos que lutam todos os dias para transformar a realidade das favelas e periferias do Brasil. Nesta segunda-feira, 5 de maio, o Ministério das Cidades deu início, no Rio de Janeiro, à edição 2025 da Caravana das Periferias, que está mobilizando agentes sociais para garantir que essas comunidades tenham mais acesso a recursos públicos e privados. Junto com o BNDES, a ideia é preparar organizações locais para que elas tenham mais chances de disputar editais e conseguir dinheiro para tocar seus projetos.
A primeira ação da caravana foi o seminário “Financiar para destravar”, que marcou a abertura do curso “Formação em captação e gestão para organizações de favelas”, da Fiocruz. O evento reuniu o secretário Nacional de Periferias, Guilherme Simões, e a diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, além de lideranças comunitárias e representantes de instituições que atuam em territórios populares.
O curso, que será levado a outros estados do país, começa com 50 instituições participantes no Rio de Janeiro e terá duração de sete meses, passando por três etapas: formação, incubação e negociação com financiadores. O objetivo é preparar essas organizações para não só concorrerem, mas também conseguirem administrar os recursos de forma sustentável e com autonomia.
Além da formação, a caravana quer criar a Rede de Periferias, que vai reunir os coletivos e entidades com capacidade para executar projetos, promovendo orientação técnica para facilitar o acesso a editais. Essa união de forças pretende ampliar as chances de sucesso nas disputas por verbas, seja de bancos públicos ou da iniciativa privada.
Durante o evento, Tereza Campello destacou dois editais abertos pelo BNDES voltados para as periferias: o Periferias Verdes, com R$ 50 milhões para projetos de inclusão produtiva e meio ambiente, e o Periferias Fortes, com R$ 35 milhões destinados a organizações sociais do Norte e Nordeste. Ao todo, as ações da iniciativa BNDES Periferias somam R$ 235 milhões.
Uma mudança importante nesta nova chamada pública do BNDES é que a participação financeira do banco poderá chegar a até 90% do valor total dos projetos, o que aumenta significativamente a chance de aprovação e execução. O restante, segundo Campello, não precisará sair das próprias organizações selecionadas. A proposta é atrair também o setor privado para colaborar com os projetos.
Apesar do otimismo, Campello fez questão de lembrar que ainda existe muito preconceito quando se trata de direcionar recursos para as favelas. Segundo ela, muitas vezes o problema não é a falta de dinheiro, mas a dificuldade que os coletivos têm para acessar os fundos disponíveis. Ela também cobrou uma postura mais flexível dos órgãos de controle, que muitas vezes impõem burocracias que inviabilizam a participação das periferias nos editais.
Guilherme Simões reforçou essa visão. Ele lembrou que, mesmo movimentando uma economia estimada em R$ 170 bilhões, as periferias brasileiras foram historicamente excluídas do planejamento nacional e obrigadas a criar suas próprias formas de sobrevivência. Muitas dessas soluções viraram tecnologias sociais, que hoje servem de exemplo para políticas públicas, mas ainda não contam com o apoio necessário para se expandir.
Um levantamento da Iniciativa Pipa mostrou que 95% das organizações das favelas relatam dificuldade para conseguir financiamento e 72% delas operam com menos de R$ 100 mil por ano. Isso mostra o tamanho do desafio enfrentado por quem está na linha de frente da transformação social.
Outra ação apresentada foi o Mapa das Periferias, uma plataforma criada pela Secretaria Nacional de Periferias para reunir dados, histórias, localização de projetos e ações governamentais nas favelas e comunidades brasileiras. O mapa é também uma ferramenta de visibilidade e articulação, para que os próprios coletivos se posicionem como parte essencial do país.
Na próxima segunda-feira, 12 de maio, o BNDES vai realizar um workshop online para tirar dúvidas sobre os editais e orientar os coletivos sobre como apresentar suas propostas. A ideia é tornar o processo mais acessível e transparente para todos.
Além dos editais já citados, o BNDES Periferias atua em outras duas frentes: os Polos BNDES Periferias, que ajudam na construção ou reforma de espaços para geração de renda, e o BNDES Periferias Empreendedoras, voltado a apoiar mulheres, jovens e pessoas negras com capacitação, mentoria e apoio financeiro.
O que se desenha com essas ações é a tentativa de virar o jogo e fazer das periferias protagonistas na construção de um novo modelo de desenvolvimento social e econômico. Ao lado de quem já faz a diferença na base, o governo quer mostrar que é possível transformar a vida das comunidades com acesso, investimento e respeito à autonomia local.
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