O sumiço de Jorge Ávalo, de 60 anos, conhecido na região como “Jorginho”, ganhou um novo capítulo nesta semana com a descoberta de fragmentos de ossos e fios de cabelo nas fezes da onça-pintada capturada após o ataque que chocou o Pantanal sul-mato-grossense. O caso, repleto de mistérios e circunstâncias que parecem saídas de um filme, agora está nas mãos da perícia criminal da Polícia Civil, que busca identificar se os restos encontrados são mesmo humanos e, mais especificamente, se pertencem ao caseiro desaparecido desde o dia 21 de abril.
Segundo o delegado Luis Fernando Mesquita, responsável pela investigação, o material biológico recolhido exige exames complexos e criteriosos. “Ainda não podemos afirmar se os vestígios encontrados são humanos. Como se trata de um caso sensível, é necessário um trabalho muito bem feito, sem pressa”, explicou. O material foi recolhido no dia 25 de abril, um dia após a captura da onça nas imediações do pesqueiro Touro Morto, e foi imediatamente encaminhado para análise.
O delegado também adiantou que não há previsão para a conclusão do laudo, que poderá ser utilizado não apenas na investigação criminal, mas também para estudos científicos sobre o comportamento atípico do animal. O felino, que aparenta ter cerca de nove anos de idade, foi encontrado abaixo do peso, mas tem se alimentado normalmente sob cuidados veterinários e segue monitorado por câmeras 24 horas por dia.
Além da coleta das fezes, a onça passou por uma série de exames clínicos. Os testes de sangue e o ultrassom abdominal mostraram alterações agudas no fígado e nos rins, além de um quadro leve de anemia. Essas alterações são compatíveis com o laudo do material analisado até agora, indicando um possível quadro de estresse ou doenças provocadas pelo ambiente.
Tragédia anunciada em cenário isolado
A tragédia aconteceu nas primeiras horas da segunda-feira, 21 de abril, quando Jorge Ávalo foi atacado por uma onça-pintada na propriedade onde trabalhava, em uma área de difícil acesso no Pantanal. O alerta foi dado por um guia de pesca que costumava comprar mel com o caseiro. Ao chegar ao rancho e não encontrar Jorge, o homem avistou marcas de sangue no chão e pegadas de grande felino nas proximidades. As imagens foram registradas e enviadas imediatamente à Polícia Militar Ambiental (PMA) e também viralizaram nas redes sociais.
Ao chegarem ao local, agentes da PMA de Corumbá, Miranda e Aquidauana constataram a gravidade da situação. A propriedade só pode ser acessada por barco — em uma viagem de cerca de duas horas saindo do porto de Miranda — ou por helicóptero. O Grupamento Aéreo da Polícia Militar (GPA) foi acionado para levar o delegado e o perito criminal até o ponto exato do ataque.
O que se viu ali foi uma cena de arrepiar: marcas de arrasto, vestígios de sangue e sinais de luta corporal. O sistema de câmeras de segurança da propriedade, que poderia ter registrado o ataque, estava desativado no momento do incidente. Desde então, não se teve mais notícias do paradeiro de Jorge.
Buscas e expectativas cercadas de silêncio
A esperança agora está na perícia. Se for comprovado que os restos encontrados na fezes da onça pertencem a Jorge Ávalo, será uma confirmação dolorosa do desfecho trágico. No entanto, ainda há um fio de esperança para familiares e moradores da região, que acompanham o caso com apreensão e respeito.
As buscas por vestígios humanos continuam nas redondezas do rancho, enquanto o felino permanece em observação. O caso também levanta debates sobre os riscos de convivência com animais selvagens em regiões isoladas e o preparo necessário para lidar com possíveis ataques em áreas de mata fechada.
O sumiço de Jorginho se tornou mais do que uma simples ocorrência: é uma história de terror real, com cenário selvagem, investigação minuciosa e o silêncio angustiante de um desfecho ainda incerto.
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