Mato Grosso do Sul, 8 de maio de 2025
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Conservadores tentam influenciar escolha do novo papa com dossiê entregue a cardeais

Livro com perfis de cardeais conservadores circula antes do conclave e sugere mudança de rumo na Igreja Católica

Quando os 133 cardeais se reunirem na Capela Sistina para eleger o novo papa, estarão isolados do mundo exterior. Mas, nos bastidores, uma forte tentativa de influenciar essa escolha já está em curso. Um dossiê que reúne perfis de cerca de 40 cardeais vem sendo entregue discretamente aos eleitores, defendendo nomes ligados ao conservadorismo e à oposição às reformas do falecido papa Francisco.

O livro, batizado de “Relatório do Colégio dos Cardeais”, traz análises sobre posições de possíveis candidatos a papa em temas como bênçãos a casais do mesmo sexo, ordenação de mulheres como diaconisas e contracepção. Embora o material esteja disponível na internet, ele também circula em versão impressa, entregue diretamente aos cardeais nos dias que antecedem o conclave.

A publicação foi organizada por dois jornalistas católicos de perfil tradicionalista: Edward Pentin, do Reino Unido, e Diane Montagna, dos Estados Unidos. Montagna foi vista entregando pessoalmente cópias do livro aos cardeais durante suas chegadas e saídas das reuniões prévias ao conclave, em um esforço claro de posicionar os conservadores como opção preferencial para o próximo pontífice.

Segundo os organizadores, a intenção seria apenas “ajudar os cardeais a se conhecerem melhor”. Eles alegam que o relatório foi feito por uma equipe internacional e independente de jornalistas e pesquisadores católicos. No entanto, o tom do conteúdo e a forma como os cardeais são descritos levantam questionamentos.

Por exemplo, o cardeal Mario Grech, responsável por um processo de renovação dentro da Igreja, é classificado como “polêmico”. Já o cardeal Raymond Burke, conhecido por ser um crítico contundente de Francisco, é elogiado abertamente no material.

A publicação tem ligação com veículos e editoras de linha conservadora. Foi elaborada em parceria com a Sophia Institute Press, dos Estados Unidos, que publica obras de forte oposição ao pontificado de Francisco, incluindo títulos que falam de “infiltração modernista” na Igreja. Também teve colaboração da revista francesa Cardinalis, conhecida por exaltar cardeais conservadores.

Mesmo que o livro tenha sido distribuído antes do conclave, especialistas em Direito Canônico afirmam que ele representa uma clara tentativa de guiar a votação para um caminho mais conservador. O Vaticano afirmou que o que os cardeais levam para dentro da Capela Sistina é de responsabilidade deles. Ou seja, não há proibição formal para o uso desse tipo de material, ainda que o espírito do conclave seja justamente a busca por inspiração divina, longe de pressões externas.

O contexto deste conclave é especial. Muitos dos eleitores foram nomeados pelo próprio Francisco e vêm de países e culturas muito diferentes. Muitos não se conhecem pessoalmente, e, por isso, usam crachás durante as reuniões. Esse desconhecimento entre os votantes abre espaço para materiais como o relatório influenciarem, mesmo que discretamente, a escolha do futuro papa.

Apesar de os autores alegarem que há precedentes históricos de biografias sendo usadas em conclaves antigos, a diferença agora está na intenção evidente de reforçar uma linha ideológica contrária ao que o último papa representava.

A Igreja Católica, uma das instituições mais antigas do mundo, se vê mais uma vez diante de um momento decisivo. E, mesmo dentro dos muros do Vaticano, as disputas entre visões progressistas e conservadoras seguem firmes, tentando moldar o futuro da fé de bilhões de pessoas.

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