Mato Grosso do Sul, 17 de maio de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Exportações de frango são suspensas após gripe aviária e Brasil aposta na retomada gradual do comércio internacional

Após primeiro caso da doença em plantel comercial no Rio Grande do Sul, governo comunica parceiros, adota protocolo internacional e espera flexibilização de embargos nas próximas semanas
Imagem -  Agência Estadual de Notícias/Divulgação
Imagem - Agência Estadual de Notícias/Divulgação

O silêncio inquieto da madrugada da sexta-feira, 16 de maio, foi rompido por uma notícia que abalou os alicerces do agronegócio brasileiro: o Brasil confirmou oficialmente seu primeiro caso de gripe aviária em plantel comercial, registrado no estado do Rio Grande do Sul. A imediata consequência foi o bloqueio temporário das exportações de carne de frango para importantes mercados compradores, como China, União Europeia, Argentina e Uruguai, provocando uma mobilização emergencial do governo federal.

A informação foi confirmada por Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, que detalhou a suspensão das vendas internacionais como uma ação preventiva e estratégica. A medida, segundo ele, atende integralmente aos protocolos sanitários definidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e ao Plano de Contingência brasileiro para influenza aviária. Todos os países importadores foram notificados por canais diplomáticos, como embaixadas e adidâncias agrícolas, e tiveram acesso ao relatório oficial enviado à OMSA.

“O Brasil cumpriu todos os passos previstos internacionalmente. Assim como no caso da doença de Newcastle, tomamos as medidas sanitárias exigidas e comunicamos com rapidez e clareza todos os parceiros comerciais”, afirmou Rua em entrevista à imprensa. Em julho do ano passado, o país já havia enfrentado a ocorrência da doença de Newcastle, também em território gaúcho, especificamente no município de Anta Gorda. À época, a resposta sanitária foi considerada exemplar e permitiu o retorno gradual das exportações em menos de um mês.

Com base nessa experiência recente, o governo brasileiro acredita que os atuais embargos podem ser suavizados progressivamente, à medida que os dados técnicos sejam apresentados e as ações de contenção demonstrem eficácia. “Cada país parceiro terá sua avaliação, mas acreditamos que, como já ocorreu anteriormente, haverá racionalidade e compreensão. O Brasil é extenso e a doença está localizada. Não há justificativa para bloquear todo o território nacional”, defendeu o secretário.

Na manhã de sexta-feira, o governo brasileiro comunicou imediatamente o governo chinês e declarou, de forma voluntária, a auto suspensão das exportações de aves em nível nacional. A decisão foi tomada em cumprimento ao protocolo bilateral, o mesmo seguido durante o episódio de Newcastle. Em 2024, os chineses inicialmente suspenderam todas as compras do Brasil, mas em cerca de três semanas passaram a restringir as importações apenas do estado afetado.

A União Europeia, por sua vez, solicitou que o Brasil não emitisse mais certificados sanitários internacionais, o que inviabiliza os embarques para o bloco europeu. O acordo entre as partes estipula que as exportações só podem ocorrer a partir de áreas livres da gripe aviária. Com o registro do caso junto à OMSA, o Brasil perdeu temporariamente esse status. “Naturalmente, enquanto não for possível declarar zona livre, não há como emitir certificado”, explicou Rua.

Na América do Sul, a repercussão foi igualmente rigorosa. A Argentina e o Uruguai também anunciaram o bloqueio das importações de carne de frango brasileira. Segundo o secretário, é possível que o México adote a mesma postura nos próximos dias, embora ainda não tenha formalizado nenhuma restrição. Contudo, há otimismo quanto à reversão do cenário. “A gripe aviária já é conhecida em vários desses países. A experiência prévia e a geografia do Brasil nos favorecem. Vamos trabalhar para regionalizar os bloqueios e preservar o restante da produção nacional”, acrescentou.

O argumento da regionalização é forte: com um território de mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil defende que um foco localizado no extremo sul do país não deve justificar a paralisação total das exportações de regiões distantes, como o Centro-Oeste ou o Nordeste. A proposta é amparada por consenso técnico, segundo Rua, e deve ganhar força à medida que a situação evolua positivamente. “Com dados consistentes e resposta rápida, é possível convencer os parceiros da segurança do nosso sistema de produção”, reforçou.

O Ministério da Agricultura também esclareceu que, até o momento, não há bloqueio específico às exportações internas do estado do Rio Grande do Sul, embora a situação seja monitorada de forma intensa. A principal preocupação é garantir a rastreabilidade, o isolamento da área afetada e o cumprimento rigoroso dos protocolos de biossegurança.

Apesar do impacto inicial negativo no setor avícola, o governo brasileiro aposta na rápida normalização das relações comerciais, sustentado pela robustez do sistema sanitário nacional e pelo histórico de cooperação com os importadores. “Estamos diante de uma crise sanitária séria, mas com base sólida de resposta. Passaremos por um momento complicado nos primeiros dias, mas com a certeza de que a situação tenderá a se normalizar para a grandíssima parte dos países em curto espaço de tempo”, concluiu o secretário Luis Rua.

Enquanto isso, o setor produtivo observa com apreensão os desdobramentos, esperando que a diplomacia, a técnica e a transparência prevaleçam diante de mais este desafio enfrentado pela cadeia agropecuária nacional.

#GripeAviaria #ExportacoesDeFrango #AgronegocioBrasileiro #MinisterioDaAgricultura #LuisRua #OMSA #ChinaBrasil #UniaoEuropeia #AviculturaNacional #ProtocoloSanitario #ContencaoDeDoencas #ComercioExterior

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.