Mato Grosso do Sul, 19 de maio de 2025
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Tragédias sobre duas rodas: fim de semana sangrento em Campo Grande deixa dois jovens motociclistas mortos

Mortes na Duque de Caxias e no Bairro Universitário escancaram a escalada de acidentes fatais com motocicletas e reacendem o alerta sobre o caos no trânsito da capital
Capacete ao lado do corpo da vítima (Foto: Marcos Maluf)
Capacete ao lado do corpo da vítima (Foto: Marcos Maluf)

O fim de semana terminou em luto e a madrugada desta segunda-feira, 19 de maio, amanheceu ainda mais silenciosa em Campo Grande. Duas tragédias envolvendo motociclistas, registradas entre a madrugada de sábado e as primeiras horas da segunda-feira, ceifaram precocemente as vidas de dois jovens e escancararam uma realidade cruel: a crescente estatística de mortes no trânsito, que atinge em cheio os condutores de motocicletas.

A mais recente das ocorrências se deu por volta das cinco da manhã desta segunda-feira. Matheus Leandro da Silva, de apenas 28 anos, perdeu a vida de forma brutal na Avenida Duque de Caxias, uma das principais vias de Campo Grande. Matheus voltava de uma casa noturna localizada na Avenida Afonso Pena e, segundo relatos, teria deixado momentaneamente o local para buscar sua carteira em casa. No retorno, perdeu o controle da motocicleta, colidiu com o meio-fio e, em seguida, com um poste. A violência do impacto não deu qualquer chance de sobrevivência.

A cena já seria dolorosa por si só, mas foi marcada por um desfecho ainda mais pungente. A ex-mulher de Matheus, informada por amigos de que ele havia saído da balada e não retornara, resolveu procurá-lo pelas ruas da cidade. Ao passar pela Duque de Caxias, deparou-se com a movimentação dos bombeiros e acabou reconhecendo o ex-marido estendido ao solo, já sem vida. O trânsito ficou lento no local, e a dor tomou conta de mais uma família dilacerada por um acidente de trânsito.

A tragédia envolvendo Matheus sucedeu outro acidente fatal ocorrido na madrugada de sábado, 18 de maio, no Bairro Universitário. Por volta das três horas da manhã, duas motocicletas colidiram violentamente no cruzamento das ruas Vitor Meireles e Mena Barreto. Vitor Silva Gonçalves, de apenas 21 anos, morreu na hora. Ele foi atingido lateralmente pela moto conduzida por Eduardo Santos da Conceição, de 19 anos, que seguia pela Rua Vitor Meireles. O impacto lançou os dois veículos ao meio-fio, com consequências graves.

Eduardo sofreu escoriações e um traumatismo craniano grave. Foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado à Santa Casa em estado crítico. A perícia foi acionada, assim como a Polícia Civil. As motos foram recolhidas: uma delas por irregularidades na documentação e a outra, por falta de um responsável legal para a liberação. O caso foi registrado na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Cepol como homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.

As mortes de Matheus e Vitor, ambas ocorridas em menos de 48 horas, não são casos isolados. Segundo dados da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), os acidentes com motocicletas aumentaram significativamente em Campo Grande no primeiro quadrimestre de 2025. Mais de 380 ocorrências envolvendo motos foram registradas entre janeiro e abril um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A maior parte desses acidentes ocorre durante os fins de semana e em horários noturnos, quase sempre envolvendo jovens adultos. O perfil predominante é o de homens entre 18 e 35 anos, conduzindo motos em vias de tráfego intenso, muitas vezes sem o devido uso de equipamentos de segurança ou sob condições inadequadas de visibilidade, sinalização e fiscalização.

Especialistas apontam para uma série de fatores que contribuem para esse cenário: excesso de velocidade, falhas na formação de condutores, imprudência, desrespeito às normas básicas de trânsito e, não raro, consumo de álcool. O resultado é um número crescente de vítimas fatais, muitas delas em plena juventude, como Matheus e Vitor.

A motocicleta, símbolo de agilidade e liberdade urbana, se transforma com frequência em instrumento de tragédia quando utilizada sem os cuidados necessários. A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) alerta que os motociclistas têm até 12 vezes mais chances de morrer em acidentes do que os ocupantes de automóveis.

Nos bairros mais afastados da capital, onde a fiscalização é menos intensa e a estrutura viária deixa a desejar, o problema se agrava. As ocorrências fatais se multiplicam em cruzamentos mal sinalizados, vias mal iluminadas e rotas de fuga onde a vida parece valer menos do que a pressa.

Enquanto os dados crescem, crescem também as ausências. Duas famílias agora enfrentam o vazio da ausência de filhos, irmãos, companheiros. Em comum, Matheus e Vitor carregavam a juventude, o gosto pelas motocicletas e o destino trágico em vias que insistem em cobrar caro pela liberdade de ir e vir.

Que os acidentes do fim de semana sirvam como alerta e ponto de inflexão. Que o luto não se transforme apenas em estatística, mas em mudança de comportamento. Porque vidas como a de Matheus e Vitor não podem continuar sendo o preço pago por um trânsito que insiste em ser terreno de morte.

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