Mato Grosso do Sul, 25 de junho de 2025
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Mulher desaparecida após sair do CAPS é encontrada nas proximidades de casa em Campo Grande

Após dois dias de angústia, Thamara foi localizada graças à mobilização nas redes sociais; família contesta versão oficial da Secretaria de Saúde e aponta falhas no atendimento
Imagens - Direto do Fato
Imagens - Direto do Fato

O desaparecimento de Thamara da Silva de Lima, de 31 anos, mobilizou familiares e moradores de Campo Grande no último fim de semana, culminando com um desfecho aliviador no domingo, dia 25. Após ter sido dada como desaparecida desde a sexta-feira anterior, quando deixou o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Jardim São Bento, Thamara foi encontrada nas imediações do bairro Estrela do Sul, próximo à residência onde vive com a mãe e as filhas.

A descoberta só foi possível graças à iniciativa de um jovem, que havia visto a foto de Thamara nos cartazes de procura espalhados pelas redes sociais. Ele a reconheceu caminhando pelas ruas do bairro e prontamente entrou em contato com Priscila Brandão, de 32 anos, prima da paciente. O rapaz manteve-se por perto, acompanhando discretamente o trajeto da mulher até que Priscila chegasse ao local e a reconduzisse com segurança ao convívio familiar.

De acordo com Priscila, Thamara estava fisicamente bem, mas bastante fragilizada pelas circunstâncias vividas nos dias em que permaneceu fora de casa. Ela revelou que, nesse período, a prima chegou a vender alguns de seus pertences para conseguir se alimentar e estava sem condições adequadas de higiene. Após o reencontro, Thamara foi levada para casa, onde se reuniu novamente com a mãe e as duas filhas, de seis e dez anos. Agora, conforme indicou a família, ela seguirá o tratamento de dependência química com a receita médica fornecida anteriormente pelo CAPS.

A localização de Thamara, entretanto, não encerrou as controvérsias em torno do episódio. A família continua contestando a versão apresentada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que, em nota oficial, afirmou que a paciente teria recebido alta no dia 18 de maio, acompanhada de uma tia, com orientações médicas e retorno ambulatorial marcado para o dia 18 de junho. A informação, segundo os familiares, é equivocada.

Priscila Brandão refuta com veemência essa versão, sustentando que a prima foi internada no dia 14 de maio e permaneceu no CAPS até a manhã de sexta-feira, dia 23, quando, segundo a família, foi desligada do atendimento após ter ingerido café que seria destinado exclusivamente aos funcionários da unidade. “Estive lá na quinta-feira (22) e ela já tinha reclamado que não tinha café”, relatou Priscila, destacando que o alimento é disponibilizado aos pacientes apenas no período da manhã. Para a prima de Thamara, a justificativa para a alta foi “boba” e desproporcional diante da situação de vulnerabilidade em que a paciente se encontrava.

Além disso, Priscila questiona a alegação da Sesau de que Thamara teria deixado a unidade em plena consciência. Ela afirmou que, durante as visitas, a família frequentemente encontrava Thamara sob efeito de diversos medicamentos, em estado que consideravam alterado. “Quem me garante que ela estava consciente com tanto remédio que tomava?”, indagou a prima, colocando em dúvida a capacidade de discernimento de Thamara no momento em que deixou a unidade.

Segundo o relato familiar, Thamara saiu do CAPS acompanhada por outro paciente, homem em situação de rua, que, sensibilizado com a condição dela, decidiu acompanhá-la até próximo de sua residência. A família considera esse gesto como um ato de cuidado e solidariedade entre pessoas que compartilham situações de extrema vulnerabilidade.

Apesar das críticas, Priscila reconhece a importância do serviço prestado pelo CAPS, mas não deixa de apontar possíveis falhas no atendimento que, segundo ela, poderiam ter sido evitadas com maior rigor e sensibilidade por parte da equipe. “O serviço é essencial, mas o que aconteceu com minha prima mostra que há falhas que precisam ser corrigidas”, avaliou.

A Sesau, por sua vez, reafirma que o CAPS AD (Álcool e Drogas) é um serviço de portas abertas, baseado na política de cuidado em liberdade, e que não se configura como unidade de internação compulsória. O modelo adotado segue as diretrizes da reforma psiquiátrica brasileira, que privilegia o respeito à autonomia dos pacientes, desde que estes apresentem condições clínicas e psicológicas adequadas para tal.

O caso de Thamara reacende o debate sobre os limites e desafios do modelo de atenção psicossocial, que visa reduzir a institucionalização e promover a reintegração social, mas que, ao mesmo tempo, precisa garantir mecanismos de segurança e proteção para pacientes em situação de vulnerabilidade extrema.

Após o reencontro, a família busca retomar a rotina com tranquilidade, focando na continuidade do tratamento de Thamara e na reconstrução de sua estabilidade emocional. O episódio, marcado por momentos de angústia e esperança, deixa lições importantes sobre o papel da sociedade, das instituições e das famílias no cuidado com pessoas em sofrimento psíquico.

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