O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente, nesta sexta-feira, 30 de maio, em Brasília, o programa Agora Tem Especialistas. A nova iniciativa do Governo Federal visa ampliar significativamente o acesso da população brasileira a consultas, exames e cirurgias especializadas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, o Ministério da Saúde coordenará uma mobilização inédita de toda a estrutura nacional, incluindo clínicas, hospitais filantrópicos e privados, com o objetivo de reduzir o tempo de espera pelos atendimentos especializados, um dos maiores gargalos históricos do sistema de saúde pública.
O Agora Tem Especialistas permitirá o credenciamento de unidades privadas e filantrópicas para que possam atender pacientes do SUS em seis áreas prioritárias: oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. A contratação dos serviços será realizada diretamente pelos estados e municípios ou, de forma complementar, por meio da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS) e do Grupo Hospitalar Conceição.
Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância de agilizar os atendimentos especializados. “A doença não espera. Não é possível brincar com a sorte da pessoa, porque a gente sabe que a doença, se não for tratada, vai se agravar. Minha obsessão é fazer com que o Agora Tem Especialistas e o Brasil Sorridente cheguem até as pessoas”, declarou Lula.
O presidente reforçou ainda a necessidade de união e confiança na execução da proposta: “O que está sendo construído aqui é uma medida muito nobre. É muito importante colocar a sociedade para tomar conta de um programa como esse, chamar os especialistas para tomar conta, porque, muitas vezes, a gente sozinho não dá conta. O povo tem pressa, a periferia tem pressa e as pessoas das cidades menores têm pressa”.
O lançamento contou com a participação remota de autoridades federais, como as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), bem como os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome), Márcio França (Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte) e o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Eles participaram diretamente de cinco cidades brasileiras: Andaraí (RJ), Teresina (PI), Piracicaba (SP), Curitiba (PR) e São Paulo (SP), onde entregaram aceleradores lineares para tratamento oncológico em hospitais regionais.
Como medida complementar, a proposta inclui a utilização da estrutura dos hospitais privados e filantrópicos que possuem dívidas com a União. Essas instituições poderão prestar serviços ao SUS como forma de contrapartida para regularização de suas pendências fiscais. O mesmo modelo será aplicado a planos de saúde, que poderão compensar débitos com o sistema público mediante a oferta de atendimentos especializados.
Entre as principais estratégias do Agora Tem Especialistas, estão previstos mutirões e a ampliação dos turnos de atendimento nas unidades federais, estaduais e municipais. A expectativa do Ministério da Saúde é que tais ações resultem em um aumento de até 30% na capacidade de atendimento em policlínicas, UPAs, ambulatórios e centros cirúrgicos em todo o país.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a urgência do programa. “Hoje estamos dando mais um passo para dar conta daquilo que é uma obsessão do presidente Lula: resolver a dificuldade que a população brasileira tem no acesso a especialistas. Esse não é um problema só do Brasil, mas do mundo, e que se agravou durante a pandemia de Covid-19”, afirmou Padilha.
O contexto que impulsiona o programa é alarmante. Segundo o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), cerca de 370 mil brasileiros morrem anualmente em decorrência de doenças não transmissíveis, relacionadas a atrasos no diagnóstico e no tratamento. Além disso, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que os custos com tratamento oncológico aumentam 37% quando há agravamento provocado pela demora no atendimento.
Outro fator determinante para a criação do programa é a desigual distribuição de médicos especialistas no país. De acordo com o estudo Demografia Médica 2025, esses profissionais se concentram no Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro, predominantemente na rede privada, sendo que apenas 10% atuam exclusivamente no SUS.

O Agora Tem Especialistas também prevê a consolidação do cuidado oncológico no SUS como a maior rede pública de prevenção, diagnóstico e tratamento de câncer do mundo. Até 2026, o Ministério da Saúde investirá na aquisição de mais 121 aceleradores lineares, aumentando significativamente a capacidade da rede pública.
Em outra frente, será criado o Super Centro Brasil para Diagnóstico de Câncer, com integração nacional dos serviços oncológicos para oferta de teleconsultoria, telelaudos e telepatologia. O A.C. Camargo Câncer Center integrará o Proadi-SUS, ao lado do INCA, formando uma rede capaz de emitir inicialmente até mil laudos por dia.
Com foco nas regiões desassistidas, o Ministério da Saúde implementará uma frota de 150 carretas equipadas com estrutura para consultas e exames especializados, como mamografia, tomografia e raio-X. As unidades móveis também terão capacidade para realizar pequenas cirurgias e biópsias. Além disso, haverá atendimento itinerante para caminhoneiros e mutirões de saúde em territórios indígenas e áreas remotas.
Para garantir o deslocamento adequado dos pacientes até os pontos de atendimento, o governo destinará recursos para a compra de até 6.300 veículos. A estimativa é de que, com essa estrutura, cerca de 1,2 milhão de pessoas sejam beneficiadas a cada mês.
Segundo Alexandre Padilha, “o conjunto de iniciativas procura, sobretudo, gerar no país uma mobilização máxima de toda a estrutura de saúde, seja pública, seja privada, para alcançar um grande objetivo: reduzir o tempo de espera para atendimento especializado. O que nos movimenta é não continuar esperando uma senhora que, muitas vezes, fica seis meses ou um ano por conta de uma cirurgia de catarata, e não consegue mais enxergar seu neto, não consegue ler a bíblia e ter sua autonomia no dia a dia”.
Outro eixo estratégico será a ampliação da telessaúde, essencial para encurtar as distâncias em um país de dimensões continentais como o Brasil. A expectativa é que a oferta de teleconsultas, telelaudos e telepatologia reduza em até 30% as filas de espera por atendimento especializado. Serão abertos editais para iniciativas públicas e privadas que desejem integrar a oferta de serviços de saúde remota.
O programa prevê ainda o incremento de 3.500 profissionais especializados, com foco em áreas prioritárias, sendo 500 novas vagas para o Mais Médicos Especialistas. Além disso, o aplicativo Meu SUS Digital será atualizado com funcionalidades que permitirão o envio de mensagens aos usuários sobre agendamentos e atendimentos. A comunicação também será reforçada por meio de avisos enviados pelo WhatsApp e SMS.
Os números recentes reforçam a capacidade de mobilização do SUS. Em 2024, foram realizadas mais de 14 milhões de cirurgias eletivas, um recorde histórico que representa um crescimento de 36% em relação a 2022. A adesão ao programa de Oferta de Cuidado Integrado foi total, com a participação de todos os estados da federação.
O Agora Tem Especialistas surge, portanto, como uma resposta robusta e estruturada a um dos principais desafios da saúde pública brasileira: garantir que o direito constitucional à saúde se traduza em atendimento especializado e tempestivo para todos os cidadãos.
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