Mato Grosso do Sul, 7 de junho de 2025
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Inflação desacelera com força em maio: IGP-DI tem deflação expressiva de 0,85% e surpreende o mercado

Produtos agropecuários puxam queda no índice, com forte influência do milho, farelo de soja e bovinos; movimento confirma arrefecimento de pressões inflacionárias na economia

O mês de maio trouxe um movimento inesperado, porém bem-vindo, para a economia brasileira: a deflação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), superou todas as expectativas ao recuar 0,85%. A redução foi significativamente maior do que a projetada pelos analistas de mercado, que esperavam um recuo de 0,66%. O resultado representa uma reversão clara em relação ao avanço de 0,30% registrado em abril, e aponta para um arrefecimento relevante das pressões inflacionárias no país.

A principal força motriz desse comportamento foi a queda nos preços do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do IGP-DI e registrou deflação de 1,38% em maio. Trata-se de um movimento contrário ao observado no mês anterior, quando o IPA havia avançado 0,20%. Segundo o economista Matheus Dias, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE), “o IPA recuou em maio, influenciado principalmente por produtos agropecuários como farelo de soja, milho em grão e bovinos”.

O comportamento das matérias-primas brutas dentro do IPA-DI foi particularmente determinante. Esses itens apresentaram queda acentuada de 2,86%, intensificando a deflação do grupo, que já havia caído 0,34% em abril. A dinâmica desses preços ajuda a compreender a trajetória descendente do índice. Entre os principais produtos responsáveis por essa deflação destacam-se o milho em grão, que passou de uma leve alta de 0,19% para uma queda expressiva de 14,29%; o minério de ferro, cuja variação negativa ampliou-se de 1,05% para 2,15%; e os bovinos, que inverteram a trajetória positiva de 4,45% em abril para um recuo de 3,54% em maio.

Mesmo com a forte deflação no setor produtor, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% da composição do IGP-DI, seguiu registrando alta, embora em ritmo mais moderado. O IPC subiu 0,34% em maio, frente ao avanço de 0,52% em abril, refletindo uma desaceleração nas pressões sobre os preços ao consumidor final. Matheus Dias atribui esse comportamento à retração de preços em itens específicos como passagens aéreas e alimentos in natura.

Seis das oito classes de despesa que compõem o IPC registraram decréscimo na taxa de variação de abril para maio. Entre os destaques estão Saúde e Cuidados Pessoais, cuja inflação caiu de 1,41% para 0,59%; Alimentação, que passou de 0,72% para 0,29%; e Educação, Leitura e Recreação, que aprofundou sua deflação de 0,36% para 0,71%. No grupo de Transportes, a desaceleração foi mais sutil, de 0,10% para 0,02%, mas ainda assim contribuiu para o alívio inflacionário.

Entre os itens específicos que ajudaram a puxar o IPC para baixo está o tomate, cujo preço recuou 9,09% em maio, após uma disparada de 16,14% em abril. As passagens aéreas também apresentaram queda relevante, de 6,98%, intensificando o recuo de 3,86% observado no mês anterior. Esses movimentos ilustram o impacto direto de variáveis sazonais e de demanda no comportamento dos preços ao consumidor.

Em contrapartida, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), responsável pelos 10% restantes do IGP-DI, seguiu trajetória de alta, ao subir 0,58% em maio. O número supera levemente o avanço de 0,52% registrado em abril, mantendo a tendência de pressão nos custos do setor da construção civil, ainda que de forma contida.

Vale lembrar que o IGP-DI tem uma característica distinta de outros índices de preços: ele capta as variações de custo em três frentes distintas — produtor, consumidor e construção civil com apuração entre o primeiro e o último dia de cada mês. Por isso, o indicador serve como importante termômetro da dinâmica inflacionária em diferentes setores da economia.

O recuo acentuado observado em maio reforça uma leitura de que a inflação, embora ainda presente em setores específicos, está perdendo fôlego em boa parte da cadeia produtiva. Isso poderá abrir espaço para revisões de projeções macroeconômicas e até influenciar decisões de política monetária, a depender da manutenção dessa tendência nos próximos meses.

Num momento em que o mercado busca sinais claros de estabilização econômica, a deflação registrada no IGP-DI de maio se impõe como um dado relevante, capaz de redefinir expectativas e renovar o otimismo com o controle gradual da inflação no Brasil.

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