Mato Grosso do Sul, 1 de julho de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Anvisa autoriza Mounjaro para controle do peso e marca nova era no tratamento da obesidade no Brasil

Medicamento da farmacêutica Eli Lilly, já aprovado para diabetes tipo 2, recebe sinal verde para ser usado no combate ao sobrepeso e à obesidade, com base em robustos estudos clínicos internacionais
Paciente segura injeção de Mounjaro em sua casa nos EUA.  • Sandy Huffaker for The Washington Post via Getty Images
Paciente segura injeção de Mounjaro em sua casa nos EUA. • Sandy Huffaker for The Washington Post via Getty Images

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou oficialmente, nesta segunda-feira, dia 9 de junho, o uso do medicamento Mounjaro no Brasil para o tratamento de adultos com sobrepeso e obesidade. O aval da agência reguladora, publicado no Diário Oficial da União, marca um passo decisivo na incorporação de terapias farmacológicas avançadas para o controle crônico do peso, até então limitado a poucos recursos efetivos.

O Mounjaro, desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, já havia sido autorizado em território nacional em 2023 para o tratamento do diabetes tipo 2. Sua ampliação de uso para fins de controle do peso ocorre após a comprovação científica de sua eficácia em grandes estudos internacionais. A indicação da Anvisa abrange adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou com IMC acima de 27 desde que apresentem ao menos uma comorbidade associada, como hipertensão, colesterol elevado ou pré-diabetes.

A decisão da agência foi fundamentada no conjunto de evidências clínicas reunidas pelo programa SURMOUNT, um robusto grupo de sete estudos clínicos de fase 3, envolvendo mais de 20 mil pacientes em diferentes países. Os resultados revelaram que o uso de Mounjaro, combinado com dieta hipocalórica e prática regular de atividade física, promoveu uma perda de peso significativamente maior do que o placebo.

Na dose mais alta do medicamento, 15 miligramas, os pacientes perderam, em média, 22,5% de seu peso corporal. Já com a dose inicial, de 5 miligramas, a redução média foi de 16%. Em contraste, o grupo que recebeu placebo apresentou queda média de apenas 0,3%. Em números absolutos, 40% dos pacientes tratados com Mounjaro alcançaram perda superior a 40% do peso total.

Segundo a farmacêutica Eli Lilly, os resultados não se limitaram à balança. Os voluntários que usaram Mounjaro também apresentaram melhora em indicadores como colesterol, pressão arterial e circunferência abdominal, efeitos que, embora não sejam a indicação principal da medicação, revelam impacto significativo na saúde metabólica geral dos pacientes.

Para Luiz Magno, diretor sênior da Área Médica da Lilly do Brasil, o preconceito histórico sobre a obesidade como mera falha de força de vontade deve ser revisto. “Infelizmente, a obesidade é, muitas vezes, vista como uma escolha pessoal. Porém, já sabemos que fatores fisiológicos e hormonais tornam a perda e manutenção do peso muito mais complexas do que simplesmente comer menos ou se exercitar mais”, afirmou. Magno destacou que o corpo humano tende a reagir à perda de peso com aumento da fome e redução da saciedade, dificultando o processo de emagrecimento a longo prazo.

A tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, atua simultaneamente em dois receptores hormonais importantes: o GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) e o GIP (peptídeo inibitório gástrico). Ambos os hormônios são produzidos naturalmente pelo intestino e ajudam a regular a secreção de insulina, o apetite e a saciedade. Ao estimular esses dois caminhos de forma simultânea, a medicação oferece uma resposta mais completa do que seus concorrentes no mercado.

Hoje, os principais medicamentos utilizados para controle de peso com base em GLP-1 são o Ozempic e o Wegovy, ambos fabricados pela farmacêutica Novo Nordisk. Embora compartilhem o mesmo princípio ativo a semaglutida, diferenciam-se pela dosagem. O Ozempic é prescrito para diabetes tipo 2, enquanto o Wegovy tem indicação para obesidade.

Um estudo comparativo recente, publicado em maio pelo The New England Journal of Medicine, reforça a superioridade do Mounjaro sobre seus concorrentes. De acordo com a pesquisa, pacientes que usaram tirzepatida apresentaram perda média de 20,2% do peso, frente a 13,7% dos tratados com semaglutida. Em termos absolutos, a redução média foi de 22,8 quilos contra 15,0 quilos, respectivamente. Além disso, 64,6% dos usuários de Mounjaro perderam pelo menos 15% do peso corporal, enquanto entre os usuários de semaglutida esse índice foi de 40,1%.

A aprovação da Anvisa se dá em um momento no qual a obesidade já é considerada uma epidemia global. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais da metade da população adulta brasileira apresenta sobrepeso, e quase 20% já está na faixa da obesidade. Essa condição aumenta significativamente os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes, apneia do sono e diversos tipos de câncer.

Com a autorização para o uso do Mounjaro, médicos e pacientes no Brasil passam a contar com uma ferramenta adicional, eficaz e validada por evidência científica robusta, para o enfrentamento de uma das maiores crises de saúde pública do século. O tratamento, entretanto, deverá ser sempre prescrito por profissionais qualificados e acompanhado de monitoramento clínico rigoroso.

A expectativa do setor de saúde é que, com o avanço dos tratamentos farmacológicos e a superação do estigma histórico que pesa sobre quem vive com obesidade, o país consiga conter os índices crescentes da doença. A decisão da Anvisa representa, nesse contexto, mais do que uma simples autorização: trata-se de um marco regulatório que poderá mudar o curso da política de saúde pública para milhões de brasileiros.

#MounjaroNoBrasil #TratamentoDaObesidade #AnvisaAprova #PerdaDePeso #SaúdeEMedicina #ControleDoPeso #ObesidadeTemTratamento #MounjaroEficaz #SaúdeDoAdulto #EstudosClínicos #NovaAlternativa #TirzepatidaAprovada

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.