Um novo levantamento da Serasa Experian aponta que o Centro-Oeste brasileiro dá exemplo ao país ao mostrar que produção agrícola e responsabilidade socioambiental podem caminhar lado a lado
No coração do Brasil, onde o solo fértil e o céu aberto sustentam parte essencial da produção agrícola nacional, um dado recente traz otimismo e confiança ao futuro do campo. De acordo com levantamento inédito da Serasa Experian, 85% das propriedades rurais do Centro-Oeste que cultivam grãos como soja e milho estão em conformidade com as exigências socioambientais estabelecidas no manual de crédito rural (MCR). Isso significa que essas propriedades estão livres de pendências ambientais, não utilizam mão de obra análoga à escravidão, não invadem territórios indígenas ou quilombolas e não operam dentro de unidades de conservação ambiental.
Esse índice expressivo revela não apenas uma adesão crescente às práticas de produção responsável, mas também sinaliza um movimento estratégico do agronegócio da região rumo à sustentabilidade e à viabilidade econômica de longo prazo. Segundo a Serasa Experian, as propriedades analisadas também apresentam baixo risco de inadimplência, o que fortalece sua posição diante de instituições financeiras na busca por crédito rural.
Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian, ressalta que a análise socioambiental detalhada das propriedades rurais, realizada por meio de imagens de satélite e dados georreferenciados, tem se mostrado essencial para compreender a maturidade dos empreendimentos agrícolas. “Essas ferramentas nos permitem identificar possíveis riscos, como sobreposição com florestas públicas ou irregularidades no cadastro ambiental rural (CAR), o que é crucial para orientar decisões de concessão de crédito”, afirmou o executivo em nota.
O estudo da Serasa Experian avaliou os perfis de crédito de produtores da região Centro-Oeste, com foco em culturas de grande relevância nacional como soja e milho. O levantamento identificou dois grupos dentro da parcela positiva de 85%: 48% dos imóveis rurais possuem situação socioambiental e financeira totalmente favorável, enquanto os demais 37% requerem uma análise mais criteriosa, dependendo do apetite de risco de quem concede o crédito.
Goiás e Mato Grosso do Sul despontam como os estados com maior número de propriedades em conformidade com os critérios do MCR. A análise destaca ainda os municípios de Rio Verde, em Goiás, e Dourados, no Mato Grosso do Sul, como líderes na quantidade de propriedades aprovadas, com 2.948 e 2.036 imóveis rurais em situação regular, respectivamente.
A análise financeira e ambiental integrada tem se mostrado uma poderosa ferramenta para traçar um retrato fiel da realidade do campo. “A força produtiva do Centro-Oeste aliada à responsabilidade socioambiental representa uma oportunidade para o avanço sustentável do agronegócio. Com as recentes mudanças no MCR, essa preparação será determinante para manter a competitividade das regiões produtoras”, observou Pimenta.
Além de impulsionar a concessão de crédito rural, a conformidade das propriedades com o MCR abre espaço para investimentos privados e projetos sustentáveis que priorizam a rastreabilidade, a segurança jurídica da terra e a responsabilidade ambiental. Essa nova dinâmica indica que o futuro do campo brasileiro não se constrói apenas com tratores e sementes, mas também com boas práticas, tecnologia e visão de longo prazo.
Ao unir tradição agrícola com inovação e responsabilidade, o Centro-Oeste se consolida como exemplo de que produzir com consciência é não apenas possível, mas indispensável para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do país.
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