Mato Grosso do Sul, 18 de junho de 2025
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Tragédia e negligência: pai de criança que matou mãe já havia sido preso por disparos e direção perigosa em fazenda

Homem é reincidente em crimes com arma de fogo e volta a ser alvo de investigação após filho de dois anos atirar e matar a própria mãe em Rio Verde de Mato Grosso
Deborah Rodrigues Monteiro, de 27 anos, foi atingida no braço e no tórax
Deborah Rodrigues Monteiro, de 27 anos, foi atingida no braço e no tórax

Rio Verde de Mato Grosso, interior de Mato Grosso do Sul, foi palco de uma tragédia que chocou o país e reacendeu o debate sobre a responsabilidade no manuseio de armas de fogo dentro de ambientes familiares.

O caso aconteceu na noite de sexta-feira, 13 de junho, quando uma criança de apenas dois anos teve acesso a uma pistola carregada que estava sobre a mesa. Sem qualquer supervisão dos pais, o menino manuseou a arma e, de forma acidental, efetuou um disparo que atingiu sua própria mãe, de 27 anos. A mulher não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois, mesmo com o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Imagens de câmeras de segurança instaladas na residência captaram toda a sequência do ocorrido. Nas imagens, é possível ver a família sentada tranquilamente na varanda da casa. O pai conversava normalmente com a esposa quando, em poucos segundos, o filho se aproxima da mesa, pega a pistola Glock, calibre 9×19 mm, e começa a manuseá-la como se fosse um brinquedo.

De forma repentina, a arma dispara. O menino, visivelmente assustado, deixa a pistola cair no chão e corre imediatamente para abraçar a mãe, que se levanta, leva a mão ao ferimento no braço e tenta pedir socorro. No entanto, a bala transfixou o braço, perfurando também o tórax, o que provocou uma hemorragia grave e irreversível.

Enquanto o pai recolhe a arma do chão e sai em busca de ajuda, a mãe cambaleia, tenta acompanhar o filho, mas acaba desabando no chão da varanda. A criança retorna rapidamente e, em meio ao desespero, abraça a mãe caída. Poucos minutos depois, o homem retorna à cena e tenta socorrer a esposa, que ainda apresentava sinais de vida.

De acordo com o boletim registrado pela Polícia Civil, a vítima foi encaminhada ao hospital da cidade, mas sofreu uma parada cardíaca antes de chegar ao centro cirúrgico, vindo a óbito.

Durante a perícia na residência, os agentes encontraram além da pistola utilizada no disparo, um carregador, quatro munições da marca CBC, quinze munições da marca S&B, sendo quatorze intactas e uma deflagrada. Todo o material foi apreendido para investigação.

O histórico do pai da criança levanta ainda mais questionamentos sobre sua responsabilidade no episódio. Em outubro de 2023, ele havia sido preso em flagrante por realizar manobras perigosas conhecidas como “cavalo de pau” no pátio de uma fazenda, além de efetuar disparos de arma de fogo no local. Na ocasião, também foi acusado de ameaça contra uma pessoa presente.

Naquele episódio, ele foi autuado pelos crimes de ameaça, conforme o artigo 147 do Código Penal, e disparo de arma de fogo, conforme artigo 15 do Estatuto do Desarmamento. Apesar da gravidade das condutas, o homem obteve liberdade provisória mediante o pagamento de fiança no valor de R$ 3.960,00, além de responder sob medidas cautelares.

A Justiça ainda indeferiu, na época, um pedido feito pelo homem para reaver uma carabina que havia sido apreendida. O juiz considerou que o armamento permanecia como elemento essencial para o inquérito policial e deveria ficar sob custódia até o encerramento das investigações.

Agora, pouco mais de seis meses depois, o mesmo cidadão volta ao centro de mais uma tragédia envolvendo arma de fogo. Desta vez, o desfecho foi ainda mais trágico e irreversível.

A Polícia Civil conduz as investigações e já trata o caso como homicídio culposo quando não há intenção de matar e omissão de cautela na guarda de arma de fogo. A pistola utilizada pertence legalmente ao pai da criança, que possui registro do armamento. No entanto, a negligência na forma como foi armazenada, acessível a uma criança, poderá gerar responsabilização penal severa.

O delegado responsável pelo caso destacou que as imagens das câmeras de segurança são peças fundamentais para esclarecer os fatos, especialmente porque elas revelam a completa falta de zelo na guarda da arma. Segundo ele, “deixar uma pistola carregada em cima de uma mesa, ao alcance de uma criança de dois anos, ultrapassa qualquer limite de bom senso e responsabilidade”.

A comoção no município é evidente. Vizinhos, amigos e moradores da cidade relatam incredulidade com a tragédia. Nas redes sociais, o caso ganhou repercussão nacional, gerando debates acalorados sobre o porte e a posse de armas no ambiente doméstico, além de críticas às decisões judiciais que, meses atrás, permitiram que o pai da criança permanecesse em liberdade mesmo após episódios anteriores de uso imprudente de armas de fogo.

O Ministério Público acompanha o caso e deverá se manifestar nos próximos dias sobre possíveis medidas cautelares e a responsabilização do pai pela morte da esposa.

O drama familiar que destruiu uma vida e causou uma cicatriz irreparável em uma criança de apenas dois anos agora ecoa como um alerta severo sobre os riscos da negligência no manuseio de armas, especialmente em ambientes onde há crianças.

A Polícia Civil segue com as investigações e o inquérito deverá ser concluído nas próximas semanas, podendo resultar no indiciamento formal do responsável.

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