Mato Grosso do Sul, 18 de junho de 2025
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Petrobras, Exxon, Chevron e CNPC conquistam 19 blocos na Bacia da Foz do Amazonas e aquecem o mercado de petróleo no Brasil

Leilão da ANP movimenta mais de R$ 844 milhões e acende debate sobre desenvolvimento econômico e impactos ambientais na região norte
Foto: Zachary Theodore/Unsplash
Foto: Zachary Theodore/Unsplash

Em meio a uma acirrada disputa marcada por expectativas, tensões e interesses bilionários, a Petrobras, em parceria com gigantes do setor como ExxonMobil, Chevron e CNPC, arrematou 19 dos 47 blocos exploratórios de petróleo e gás ofertados na Bacia da Foz do Amazonas. O leilão, realizado nesta terça-feira pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), resultou em um bônus de assinatura que soma R$ 844 milhões, valor que será repassado aos cofres públicos.

O certame, que colocou sob oferta uma das mais promissoras fronteiras exploratórias do país, chamou a atenção não apenas pelo montante arrecadado, mas também pela simbologia que carrega. A região, situada na costa do Amapá, possui características geológicas semelhantes às da Guiana, onde a ExxonMobil já conduz operações bem-sucedidas que elevaram a produção de petróleo do país vizinho a patamares históricos.

Apesar dos desafios socioambientais e das fortes resistências de entidades ambientalistas, as gigantes do setor demonstraram apetite pela região. O movimento surpreendeu parte do mercado, que tinha dúvidas quanto ao interesse efetivo das petroleiras, especialmente em razão das dificuldades enfrentadas pela Petrobras junto ao Ibama, que há anos analisa o pedido de licenciamento ambiental para perfuração na área.

Entretanto, o recente avanço da Petrobras na etapa final do processo de licenciamento, com a possibilidade de realização de um simulado de contenção de vazamentos em águas ultraprofundas no litoral do Amapá, acabou por tornar o leilão ainda mais atrativo. Para os especialistas do setor, esse avanço foi determinante para destravar o interesse das multinacionais.

O resultado foi comemorado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que não poupou palavras ao destacar o potencial da região. “É o bilhete premiado da região Norte para reduzir a pobreza. Não podemos continuar a perder oportunidades. O interesse das norte-americanas Chevron e Exxon, que já operam na Guiana, demonstra que nosso potencial é gigantesco”, declarou.

Silveira também reforçou a expectativa de que o processo de licenciamento ambiental avance com maior celeridade. “Tenho certeza de que o Ibama vai agilizar os licenciamentos na Foz, a partir da autorização da Petrobras”, pontuou.

O entusiasmo também se refletiu nas declarações do diretor de Atração de Investimentos da Agência de Desenvolvimento Econômico do Amapá, Antônio Neto, que vislumbra uma transformação na economia local. “A Petrobras já está lá, mas agora, com a chegada dessas novas empresas, haverá um novo impulso na indústria de petróleo do Brasil. Vamos ter um mapa colorido no litoral do Amapá, com várias logomarcas das petroleiras”, afirmou.

O leilão teve como protagonistas dois grandes consórcios. Um deles liderado pela Petrobras, em parceria com a ExxonMobil, que arrematou cinco blocos. O outro, liderado pela própria ExxonMobil, novamente em conjunto com a Petrobras, também levou cinco blocos. A Chevron, por sua vez, firmou parceria com a estatal chinesa CNPC e garantiu nove blocos na região.

Para o ministro Silveira, a participação da CNPC sinaliza o fortalecimento das parcerias estratégicas do Brasil com países do Sul Global, alinhando-se aos esforços diplomáticos conduzidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na busca por segurança energética e desenvolvimento sustentável.

A diretora executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, destacou que o resultado foi extremamente positivo para a estatal brasileira, que conseguiu assegurar todas as áreas de interesse. A empresa concentrou seus esforços na Bacia da Foz do Amazonas, justamente onde aguarda a liberação do Ibama para iniciar suas operações de perfuração.

No entanto, o otimismo do setor energético contrasta com a preocupação de organizações ambientais. O Greenpeace classificou como “alarmante” o fato de mais de 40% dos blocos ofertados na Bacia da Foz do Amazonas terem sido arrematados. Em nota, Mariana Andrade, porta-voz de Oceanos do Greenpeace Brasil, afirmou que “ao assumir 10 blocos em consórcio com a ExxonMobil Brasil, a Petrobras se coloca como protagonista de um projeto político arriscado que está cavando um buraco na credibilidade ambiental do Brasil”.

Além da Bacia da Foz do Amazonas, o leilão da ANP ofertou áreas nas bacias de Santos, Pelotas e Parecis. Na Bacia de Santos, responsável atualmente por quase 80% da produção de petróleo do país, foram arrematados 11 dos 54 blocos oferecidos, movimentando R$ 133 milhões em bônus de assinatura.

Na Bacia de Pelotas, foram vendidos 3 dos 34 blocos ofertados, com um bônus total de R$ 11,46 milhões. Já na Bacia de Parecis, não houve lances.

Ao todo, considerando todas as bacias, o leilão arrecadou R$ 989,26 milhões, dos quais R$ 844 milhões vieram exclusivamente dos 19 blocos na Bacia da Foz do Amazonas. O valor, segundo o ministro Alexandre Silveira, não estava previsto no orçamento deste ano e deve ajudar o governo a minimizar cortes em áreas sensíveis como saúde e educação.

O leilão reacende uma discussão que transcende os limites do setor energético, colocando na balança o desenvolvimento econômico, a geração de empregos, a arrecadação fiscal e os desafios ambientais. Enquanto o governo e o setor privado celebram os avanços, organizações ambientais alertam para os riscos que a exploração de petróleo em áreas sensíveis pode trazer para a biodiversidade da Amazônia Azul.

O futuro da exploração na Bacia da Foz do Amazonas agora depende dos próximos passos no processo de licenciamento ambiental. E, mais do que nunca, o Brasil se vê diante do desafio de conciliar desenvolvimento econômico, responsabilidade social e preservação ambiental.

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