Mato Grosso do Sul, 20 de junho de 2025
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Redução do limite da pressão arterial pode evitar milhares de mortes por Infarto e AVC

Novo consenso médico redefine parâmetros para hipertensos e acende alerta sobre falhas no diagnóstico e tratamento
Essa é a nova diretriz para pacientes com hipertensão arterial
Essa é a nova diretriz para pacientes com hipertensão arterial

A medicina cardiovascular dá um passo importante ao redefinir o valor considerado seguro da pressão arterial em pacientes hipertensos. Um novo consenso firmado pela Sociedade Argentina de Hipertensão Arterial (SAHA), em conjunto com a Sociedade Argentina de Cardiologia e a Federação Argentina de Cardiologia, estabelece que o limite para quem já foi diagnosticado com hipertensão deve baixar de 14 por 9 para 13 por 8. A mudança, embora sutil nos números, pode representar uma diferença decisiva entre a saúde preservada e o risco iminente de vida.

A principal justificativa para a alteração, segundo o cardiologista Nicolás Renna, é a constatação científica de que reduzir ainda mais a pressão arterial em hipertensos poderia evitar até 15% dos infartos e 18% dos acidentes vasculares cerebrais. Essas duas ocorrências estão entre as principais causas de morte no mundo, sobretudo na América Latina, onde o controle efetivo da hipertensão é ainda um desafio persistente.

O peso da hipertensão invisível

A nova diretriz escancara uma realidade alarmante. Segundo a SAHA, apenas 40% das pessoas que sofrem de hipertensão sabem que têm a condição. E, entre esses, apenas um em cada cinco está com o tratamento adequado e com os níveis de pressão sob controle. Isso significa que uma parte considerável da população vive com um risco elevado de eventos cardiovasculares graves sem sequer desconfiar.

Renna observa que essa situação reflete não apenas uma falha nos hábitos da população, mas também uma lacuna no sistema de saúde. Relatórios da própria sociedade médica mostram que apenas 14% dos médicos fazem medições rotineiras de pressão arterial durante consultas, o que contribui diretamente para o subdiagnóstico da condição.

No caso argentino, a estimativa é que entre 35% e 40% dos adultos convivam com hipertensão arterial, o que representa aproximadamente 15 milhões de pessoas. Isso coloca o país acima da média mundial e evidencia a dimensão do problema.

Mudança no paradigma do controle

Até recentemente, a meta terapêutica para pacientes com hipertensão era manter a pressão abaixo de 14/9. Com o novo consenso, a meta se torna mais exigente: é preciso atingir níveis abaixo de 13/8. Essa modificação, embora tecnicamente pequena, impõe um desafio ainda maior ao sistema de saúde e ao próprio paciente.

“Com o padrão antigo, já era difícil manter a pressão de cinco hipertensos controlada em um. Com o novo padrão, o número tende a cair ainda mais”, ressalta Renna. O desafio, portanto, não está apenas na detecção da hipertensão, mas também no seu controle efetivo e sustentável ao longo do tempo.

Fatores que dificultam o controle

O cardiologista aponta diversos motivos para a baixa taxa de sucesso no controle da hipertensão. Em muitos casos, o paciente abandona o tratamento por não sentir sintomas, uma vez que a doença progride de forma silenciosa. Em outros, o médico não consegue ajustar corretamente o tipo ou a dosagem da medicação. Há ainda situações em que os pacientes não adotam mudanças no estilo de vida, como controle do peso, redução do sal, prática regular de exercícios e controle do estresse, elementos fundamentais no combate à pressão elevada.

Outro entrave é o que Renna chama de “tratamento subótimo”. Muitas vezes o paciente até toma o remédio, mas não alcança a pressão desejada, seja pela combinação inadequada de fármacos, seja pela ausência de monitoramento clínico contínuo. Isso reduz sensivelmente a eficácia da terapia e, por consequência, mantém o paciente exposto a riscos graves.

Revisão das evidências e diretrizes

O novo consenso apresentado pelas instituições médicas é fruto de uma ampla revisão científica realizada após sete anos do último documento, datado de 2017. Nesse período, diversos estudos aprofundaram a compreensão da relação entre pressão arterial e eventos cardiovasculares. A conclusão unânime entre os especialistas é clara: valores mais baixos são mais seguros para o paciente hipertenso.

Além disso, o novo documento contempla orientações não farmacológicas, como hábitos alimentares, prática de atividade física e abandono do tabagismo, reforçando que o controle da hipertensão não depende apenas de medicamentos. As novas diretrizes ainda serão acompanhadas de uma cartilha educativa para pacientes, com o objetivo de estimular o autocuidado e facilitar o entendimento do diagnóstico.

Um desafio coletivo de saúde pública

A hipertensão, por não apresentar sintomas evidentes, continua sendo uma doença negligenciada, tanto por parte da população quanto pelas autoridades de saúde. A mudança no parâmetro de segurança para a pressão arterial representa um alerta duplo: é preciso diagnosticar mais e controlar melhor.

Diante disso, a nova diretriz propõe mais que uma mudança de números. Ela convoca profissionais, instituições de saúde e pacientes a enfrentarem, juntos, o desafio de reduzir a carga da doença cardiovascular no país. Baixar a meta de pressão não é apenas um ajuste técnico. É uma política de prevenção, de vidas preservadas e de uma sociedade mais consciente sobre a importância de cuidar do coração antes que ele peça socorro.

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