São Paulo – Em um dia de trégua no cenário geopolítico internacional e de baixa da moeda americana em diversos mercados globais, o dólar contrariou a tendência e encerrou a terça-feira, 25 de junho, em leve alta frente ao real. Mesmo diante do anúncio de cessar-fogo entre Israel e Irã, o mercado brasileiro operou com cautela e viu a cotação da divisa subir 0,28%, encerrando o pregão a R$ 5,5194 na venda.
O movimento surpreendeu parte dos analistas, que apostavam em queda da moeda seguindo o alívio observado no exterior. No entanto, fatores internos, como a intervenção programada do Banco Central e a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), influenciaram as decisões dos investidores. Com isso, o comportamento do dólar refletiu mais o humor doméstico do que o ambiente internacional.
Investidores reagem à postura do Banco Central e à política monetária
A expectativa pela atuação da autoridade monetária foi determinante para o comportamento do câmbio. O Banco Central anunciou para esta quarta-feira dois leilões cambiais: um de venda à vista de dólares e outro de swap cambial reverso instrumento que consiste na troca da variação cambial pela variação da taxa de juros, com impacto na liquidez de curto prazo.
A decisão do BC sinaliza um esforço para conter a volatilidade cambial e reforçar a oferta de dólares, diante da demanda pontual observada entre investidores institucionais e empresas com obrigações externas.
Outro fator que influenciou o mercado foi a ata divulgada pelo Copom. No documento, o colegiado do Banco Central indicou a possibilidade de interromper o ciclo de alta de juros iniciado anteriormente. A Selic foi mantida em 10,50% ao ano na última reunião, e o BC sinalizou que pretende observar os efeitos dessa taxa no controle da inflação antes de tomar novas decisões.
A mensagem de cautela foi bem recebida pelos mercados, mas também contribuiu para uma expectativa de menor atratividade do real frente ao dólar, principalmente se os juros nos Estados Unidos permanecerem elevados. A relação entre diferencial de juros e fluxo cambial segue como um dos principais determinantes para o câmbio.
Cenário internacional amenizado pela trégua entre Irã e Israel
Enquanto no Brasil a moeda subia, no exterior o dólar registrava queda diante de diversas moedas emergentes e do petróleo. A principal razão foi o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmando um cessar-fogo entre Irã e Israel, após os ataques a instalações nucleares iranianas no fim de semana. A medida gerou uma onda de alívio nos mercados internacionais, provocando a valorização das bolsas e a queda do petróleo cuja cotação é sensível à instabilidade no Oriente Médio.
Com menor risco geopolítico imediato, investidores passaram a migrar para ativos de maior risco, como ações e moedas emergentes, favorecendo a desvalorização global do dólar. No entanto, no Brasil, essa tendência foi neutralizada por fatores locais, o que ressalta a autonomia relativa do mercado doméstico frente ao exterior.
Cotação do dólar comercial e turismo
No fechamento do mercado à vista, o dólar comercial foi cotado a R$ 5,519 tanto na compra quanto na venda. Já o dólar turismo, usado como referência para viagens internacionais, registrou R$ 5,547 na compra e R$ 5,727 na venda, conforme dados atualizados às 17h10.
No mercado futuro, o dólar para liquidação em julho, contrato mais negociado na B3, subia 0,40%, sendo cotado a R$ 5,5228, refletindo o movimento de proteção por parte dos investidores diante da incerteza sobre a trajetória da taxa Selic e da atuação do Banco Central no câmbio.
Expectativa com o Fed e impacto futuro nos mercados
Além dos eventos já concretizados, os agentes financeiros monitoram atentamente os desdobramentos nos Estados Unidos. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, participa de audiência no Congresso americano e pode oferecer pistas sobre os próximos passos da política monetária norte-americana.
A possibilidade de corte nos juros nos Estados Unidos ainda é considerada incerta, mas sua confirmação alteraria o cenário para o câmbio global, fortalecendo moedas emergentes e impulsionando o real. Até lá, o mercado local deve seguir reagindo com sensibilidade às ações do Banco Central brasileiro e à percepção de risco fiscal e político.
Perspectivas para os próximos dias
Para os próximos pregões, a expectativa é de continuidade da volatilidade no câmbio, principalmente se houver mudanças nos rumos da política monetária norte-americana ou novos ruídos no cenário político interno. O comportamento do real dependerá, em grande parte, da eficácia dos leilões cambiais do Banco Central e da percepção dos investidores sobre a solidez da economia brasileira no segundo semestre.
Com uma taxa de câmbio cada vez mais sensível ao noticiário doméstico, o investidor deverá continuar atento às decisões fiscais, à tramitação de reformas e às declarações de autoridades econômicas. A instabilidade global, ainda que atenuada temporariamente, permanece no horizonte como fator de influência decisiva para os rumos do dólar.
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