A travessia de uma mulher diagnosticada com câncer de mama raramente termina com o fim do tratamento oncológico. Mesmo após vencer o tumor, muitas continuam enfrentando diariamente as duras marcas deixadas pelas cirurgias, como a mastectomia. Essas sequelas vão muito além das cicatrizes físicas e incluem dor crônica, limitação de movimentos, linfedema, desequilíbrios posturais, além do abalo emocional e da perda de autoestima. Diante dessa realidade, Campo Grande dá um passo essencial para mudar esse cenário.
Foi aprovado em segunda discussão na Câmara Municipal o Projeto de Lei nº 11.685/25, que estabelece o direito à fisioterapia de reabilitação para mulheres mastectomizadas nas unidades de saúde da rede pública do município. A iniciativa, de autoria da vereadora Ana Portela, com coautoria do médico e vereador Dr. Victor Rocha, representa não apenas um avanço técnico no cuidado à saúde da mulher, mas sobretudo um reconhecimento do valor e da dignidade de quem enfrentou uma das batalhas mais difíceis da vida.
Ao garantir acesso gratuito e regular à fisioterapia especializada, o município rompe com o descaso silencioso que muitas pacientes enfrentam ao sair dos centros cirúrgicos e voltarem para casa com limitações que impactam desde ações simples, como pentear os cabelos, até a retomada plena de suas rotinas profissionais e sociais. É uma resposta direta a um drama vivido em silêncio por centenas de mulheres da capital sul-mato-grossense.
O impacto da medida pode ser mensurado a partir da experiência da Casa Rosa, centro de acolhimento idealizado por Dr. Victor Rocha. O espaço já realizou mais de 10 mil atendimentos gratuitos e identificou 201 casos de câncer de mama. A maioria das mulheres atendidas ali passou por mastectomia e convive até hoje com sequelas que poderiam ter sido atenuadas com o devido suporte fisioterapêutico. A aprovação do projeto transforma essas histórias em prioridade de saúde pública e reconhece o direito à reabilitação como parte essencial da cura.
Mais do que assegurar atendimentos, a nova lei permitirá ao município firmar parcerias e convênios com instituições públicas e privadas, ampliando o alcance do serviço e fortalecendo a rede de acolhimento. Essa abertura de diálogo com a sociedade civil e com o setor da saúde é uma estratégia inteligente para atender à demanda crescente e especializada, garantindo qualidade sem sobrecarregar o sistema.
A iniciativa também carrega um importante símbolo: o de uma cidade que se recusa a aceitar o abandono pós-tratamento. O olhar sensível da vereadora Ana Portela e a experiência médica de Dr. Victor Rocha se unem para propor uma mudança concreta e necessária, reconhecendo que o cuidado integral com a mulher não termina na cirurgia, mas continua na recuperação funcional e emocional do corpo e da alma.
Com a sanção da Prefeitura de Campo Grande, o projeto poderá se tornar um marco na política pública de saúde da capital, influenciando positivamente outras cidades do estado e do país. É a afirmação de que as mulheres merecem mais do que sobreviver ao câncer. Elas merecem qualidade de vida, acolhimento e respeito.
Ao garantir esse direito, o município assume uma postura firme em defesa da saúde integral da mulher e estabelece um compromisso verdadeiro com aqueles que mais precisam da mão estendida do poder público. Que este seja apenas o começo de uma série de políticas públicas voltadas ao pós-tratamento oncológico, à inclusão e à reconstrução da dignidade.
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