O cenário cambial brasileiro voltou a registrar um dia de fortes oscilações. Nesta quarta-feira, o dólar comercial encerrou o pregão em alta de 0,69%, sendo cotado a R$ 5,5575, diante de um ambiente de incertezas tanto no plano interno quanto no contexto internacional. A valorização da moeda norte-americana foi impulsionada, sobretudo, por movimentações de investidores no fim do trimestre, pela perspectiva de envio de recursos ao exterior e pela atenção redobrada quanto à possível derrubada no Congresso Nacional do decreto presidencial que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Durante a sessão, o Banco Central interveio no mercado por meio de leilões, com o objetivo de fornecer liquidez e atenuar a volatilidade, mas a atuação não foi suficiente para conter o avanço da divisa. O dólar turismo, cotado a R$ 5,727 na venda, também reflete o momento de insegurança e busca por proteção cambial.
No pano de fundo das negociações, o destaque ficou para a movimentação política em Brasília. Parlamentares articulavam a aprovação de um projeto de decreto legislativo que revoga o aumento do IOF, instituído pelo governo federal. O imposto incide sobre operações de crédito, câmbio, seguros e títulos ou valores mobiliários, e sua elevação vinha sendo criticada por agentes econômicos e legisladores, sobretudo por gerar custos adicionais em operações financeiras, especialmente no câmbio.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, confirmou que o tema entraria na pauta da Casa ainda nesta quarta-feira, ao lado de outros assuntos de impacto fiscal e social, como o projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos.
A tensão entre Executivo e Legislativo ocorre num momento em que o governo tenta, por um lado, reforçar a arrecadação e manter o equilíbrio fiscal, e por outro, preservar sua base de apoio no Congresso. Declarações recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que não há espaço para aumento de gastos públicos, reforçaram o tom conservador da política econômica. Segundo Haddad, o foco neste momento deve ser o controle de despesas, sob risco de comprometimento da credibilidade fiscal do país.
No campo internacional, o clima também permanece sensível. A política monetária dos Estados Unidos segue como um dos principais fatores de atenção para os mercados emergentes. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, declarou nesta semana que o aumento de tarifas comerciais, sobretudo as que envolvem as relações entre EUA e China, pode reacender pressões inflacionárias nos próximos meses. Powell voltou ao Congresso nesta quarta-feira, em audiência com senadores, para reforçar a mensagem de cautela na condução dos juros americanos.
Diante de uma possível postergação do início do ciclo de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos, o fluxo de capital estrangeiro para países emergentes tende a perder força, o que pressiona moedas como o real.
Além disso, as incertezas climáticas e os conflitos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia e tensões no Oriente Médio, também compõem o quadro de instabilidade que empurra investidores para ativos considerados mais seguros, como o dólar.
Apesar da alta no dia, a moeda norte-americana ainda acumula queda de 2,85% no mês e de 10,06% no ano, o que revela um movimento de valorização do real ao longo de 2025, sustentado principalmente pelo aumento da taxa básica de juros, o fluxo de investimentos externos e o avanço da balança comercial.
No entanto, especialistas alertam que a permanência de incertezas políticas e fiscais internas pode reverter essa tendência. A instabilidade no câmbio, em um país com elevado índice de importações e dependência de insumos externos, afeta diretamente o custo de vida da população, com impactos sentidos nos preços dos combustíveis, alimentos, medicamentos e produtos eletrônicos.
A alta do dólar também eleva o custo da dívida externa brasileira e interfere nas projeções para inflação e crescimento econômico, criando novos desafios para a política monetária conduzida pelo Banco Central.
Em um ambiente onde economia e política caminham lado a lado, o real segue vulnerável aos humores do mercado. A capacidade do governo de promover estabilidade e previsibilidade nos próximos meses será determinante para a confiança dos investidores e o equilíbrio das contas públicas.
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