Em um dia marcado pela tensão entre fatores internos e externos, o dólar à vista encerrou a sexta-feira, 28 de junho, com leve baixa, cotado a R$ 5,4831, refletindo o impacto dos dados de inflação divulgados nos Estados Unidos e a recente turbulência política em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no Brasil. Ao longo da semana, a moeda acumulou desvalorização de 0,79% frente ao real e, no ano, o recuo chegou a 11,26%.
O movimento de queda, no entanto, foi parcialmente neutralizado pela saída de divisas do país, num contexto em que investidores se adiantaram à decisão do Congresso Nacional, que derrubou o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o aumento do IOF, gerando insegurança e incentivando o envio de capitais ao exterior.
O principal fator que sustentou o recuo do dólar nesta sexta-feira foi a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE), referência para as metas de inflação do Federal Reserve. O núcleo do indicador subiu 0,2% em maio na comparação mensal e 2,7% em base anual. Ainda que ligeiramente acima do esperado por analistas, os dados foram interpretados como sinal de moderação inflacionária, reacendendo o apetite por ativos de risco e favorecendo moedas de países emergentes.
Durante a manhã, a cotação da moeda americana chegou ao mínimo de R$ 5,4597, refletindo expectativas de juros mais baixos nos EUA e a manutenção de taxas elevadas no Brasil. No entanto, a pressão vinda do ambiente político interno reduziu o fôlego da moeda brasileira. À tarde, o dólar atingiu a máxima de R$ 5,5051, antes de estabilizar-se.
Segundo o especialista em câmbio João Duarte, da One Investimentos, o fluxo de saída de dólares nesta sexta-feira foi expressivo. “Muitos agentes aguardavam a definição do Congresso sobre o IOF. Com a derrubada do aumento, houve um movimento imediato de remessas ao exterior”, explicou.
O episódio ganhou novos contornos após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarar que o governo poderá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), com aval da Advocacia-Geral da União (AGU), para questionar a decisão do Legislativo. A medida busca preservar a prerrogativa do Executivo sobre a definição de alíquotas de tributos regulatórios como o IOF.
A movimentação intensa também foi explicada pela proximidade do fim de trimestre. Com segunda-feira sendo o último dia útil de junho, o mercado foi impulsionado pela disputa em torno da taxa Ptax, referência cambial calculada pelo Banco Central. Até as 17h20, o contrato de dólar com vencimento em julho, o mais negociado na B3, já havia registrado quase 350 mil contratos, um volume consideravelmente superior à média de sessões regulares.
No mercado paralelo, o dólar turismo foi negociado em R$ 5,516 para compra e R$ 5,696 para venda, enquanto o comercial fechou em R$ 5,483 tanto na compra quanto na venda.
No exterior, a moeda americana apresentou comportamento misto, com queda frente ao euro e leve valorização ante a libra esterlina. Às 17h29, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas, recuava 0,06%, a 97,311 pontos.
O cenário cambial, portanto, permanece volátil, guiado pela interação entre a política monetária internacional, os movimentos do Congresso brasileiro e as incertezas fiscais e institucionais internas. A próxima semana promete novos desdobramentos, especialmente com a expectativa de forte liquidez na segunda-feira e a possível judicialização do impasse sobre o IOF.
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