Em meio a um cenário de normalização da oferta global e expectativas promissoras em torno da colheita brasileira, o mercado internacional de café vive uma nova fase de retração. Nesta quarta-feira, 2 de julho, os contratos futuros da variedade arábica com vencimento em setembro caíram para US$ 2,9120 por libra-peso na bolsa de Nova York, segundo o Valor Data, atingindo o menor valor desde novembro de 2024.
O recuo de 0,26% na sessão de hoje confirma um movimento mais amplo de correção, impulsionado por um contexto mais tranquilo quanto ao suprimento global e pela atuação de fundos de investimento que, diante do fim da escalada de preços, passaram a desfazer posições e gerar novas ordens de venda. Para analistas, o suporte psicológico dos US$ 3 foi rompido e ainda não há sinais claros de estabilização.
Segundo Antônio Pancieri Neto, corretor da Clonal Corretora de Café, a curva descendente já era aguardada, uma vez que os preços historicamente altos registrados nos últimos meses haviam incorporado todos os fatores de estresse da oferta. “Os fundamentos que levaram o café aos recordes já estavam precificados. Agora, o foco do mercado se volta para a evolução da colheita no Brasil, que transcorre sem grandes sustos”, explicou.
Safra brasileira avança e reduz incertezas
A atual colheita da variedade arábica, principal produto exportado pelo Brasil, avança em ritmo constante, ainda que a produtividade e a qualidade final dos grãos dependam de fatores que se consolidarão nas próximas semanas. A expectativa de uma safra mais robusta traz alívio ao mercado internacional, que sofreu recentemente com quebras de safra e incertezas climáticas em outras regiões produtoras.
Apesar das baixas temperaturas observadas em parte do Centro-Sul nos últimos dias, os impactos nas áreas cafeeiras foram limitados. Uma nova frente fria está prevista para o final de julho, mas até o momento não há sinal de risco climático expressivo que comprometa a produção nacional.
Para Pancieri Neto, enquanto o clima seguir sob controle, a pressão sobre os preços deve continuar. “O aumento da oferta brasileira tende a manter a tendência de baixa nos terminais internacionais, especialmente em um contexto onde os fundos buscam reequilibrar suas carteiras após um longo período de valorização do grão”, afirmou.
Cenário semelhante afeta outras commodities agrícolas
O movimento de queda nos preços não se restringe ao café. O suco de laranja, o cacau e o açúcar também apresentaram quedas expressivas nas cotações desta quarta-feira, refletindo o avanço de safras em grandes países produtores e condições climáticas favoráveis.
No caso do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ), os contratos para setembro despencaram 6,37%, fechando em US$ 2,0725 por libra-peso. A combinação de boas perspectivas para a safra brasileira e clima adequado na Flórida principal polo citrícola dos Estados Unidos reforçou o movimento de baixa.
O mercado de cacau também seguiu em queda, mesmo após registrar uma retração superior a 7% na sessão anterior. Os contratos para setembro recuaram mais 1,11%, negociados a US$ 8.225 a tonelada. A tendência aponta para uma reacomodação de preços após os picos históricos registrados no primeiro semestre do ano.
No açúcar, os lotes do demerara para entrega em outubro encerraram o dia com recuo de 0,76%, cotados a 15,58 centavos de dólar por libra-peso. A expectativa positiva com as safras do Brasil e da Índia contribui para o enfraquecimento das cotações nos principais mercados.
Exceção no algodão
Na contramão das demais commodities agrícolas, o algodão apresentou leve alta nesta quarta-feira. Os contratos para dezembro subiram 0,88%, atingindo 68,63 centavos de dólar por libra-peso. Ainda assim, o desempenho é considerado pontual e não indica uma tendência consolidada de recuperação.
Perspectivas futuras
A dinâmica dos preços das commodities agrícolas, em especial do café, continuará dependente da evolução da oferta nos principais países produtores. No curto prazo, o desempenho da safra brasileira e os próximos relatórios climáticos serão decisivos para os rumos do mercado. A volatilidade permanece como característica marcante, e operadores devem manter atenção redobrada aos sinais vindos do campo e das bolsas internacionais.
#MercadoDeCaféEmQueda #SafraBrasileiraInfluenciando #PreçosAgrícolasEmNovaYork #InvestimentosNoAgroGlobal #CaféArábicaEvoluindo #SucoDeLaranjaEmBaixa #CacauComOscilaçãoHistórica #AçúcarSeguePressionado #CommoditiesAgrícolasVoláteis #AgronegócioNoRadarGlobal #ClimaEDesempenhoDasSafras #BolsaDeNovaYorkEmFoco