O mercado de câmbio brasileiro foi marcado nesta quarta-feira, 2 de julho, por um novo movimento de desvalorização do dólar frente ao real. A moeda norte-americana encerrou o pregão cotada a R$ 5,4191, no menor patamar desde 19 de agosto de 2024, quando fechara a R$ 5,4134. O recuo de 0,77% no dia consolida uma trajetória de baixa acumulada de 12,30% desde o início de 2025, impulsionada por fatores internos e externos que alteram a percepção de risco dos investidores.
Após uma abertura em alta, o dólar perdeu força com a divulgação de dados abaixo do esperado sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos. Relatórios revelaram uma eliminação de vagas no setor privado norte-americano, o que intensificou apostas de que o Federal Reserve (Fed) poderá adotar uma postura menos agressiva na política monetária. Essa expectativa acendeu o sinal verde para fluxos de capital em direção a economias emergentes, como o Brasil.
Paralelamente, o ambiente doméstico contribuiu para o fortalecimento do real. A derrubada, pelo Congresso Nacional, do decreto que reajustava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos financeiros, aliviou parte das pressões sobre o ambiente tributário nacional. A medida foi interpretada como um freio a novas intervenções governamentais que poderiam elevar o custo do capital e afastar investidores estrangeiros.
Cenário de juros altos sustenta atratividade do real
A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em níveis elevados atualmente em 10,50% ao ano também exerce influência direta sobre o câmbio. Com uma taxa real de retorno ainda expressiva, o Brasil continua atraente para operações de arbitragem e carregamento, em que investidores internacionais aplicam recursos em títulos locais com rendimentos mais altos.
No mercado futuro, o contrato de dólar com vencimento em agosto, o mais líquido atualmente negociado na B3, recuava 0,63% no fim da tarde, sendo cotado a R$ 5,4585.
As cotações paralelas também acompanharam o movimento de queda. O dólar comercial, referência para operações de maior volume, fechou com os seguintes valores: compra a R$ 5,419 e venda a R$ 5,419. Já o dólar turismo era negociado a R$ 5,517 na compra e R$ 5,697 na venda, refletindo os custos adicionais da negociação física e da operação em espécie.
Indústria estável e inflação moderada sustentam confiança
No front macroeconômico, os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira trouxeram mais um elemento de estabilidade. A produção industrial brasileira apresentou recuo de 0,5% em maio na comparação com abril, desempenho dentro das expectativas de mercado. No entanto, o acumulado do ano mostra crescimento de 1,8%, e nos últimos 12 meses, o avanço é de 2,8%, o que demonstra alguma resiliência do setor.
Outro dado relevante foi a desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getulio Vargas, que passou de 0,19% para 0,16% entre a terceira e a quarta quadrissemana de junho. A inflação controlada fortalece o argumento de manutenção da política de juros, sem acirrar o risco de instabilidade de preços no curto prazo.
Crises pontuais não abalam cenário
O Banco Central confirmou que a empresa C&M Software, responsável por serviços de comunicação para instituições que operam contas transacionais, foi alvo de um ataque hacker na noite da última terça-feira, 1º de julho. Embora o incidente tenha acendido o alerta sobre a segurança digital do sistema financeiro nacional, o BC não informou valores ou prejuízos diretos relacionados ao episódio, o que evitou impactos significativos no câmbio.
No campo político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, durante evento nesta quarta-feira, a decisão de judicializar a disputa em torno do IOF, alegando descumprimento do acordo entre o Executivo e o Congresso Nacional. Lula também reiterou a importância da atuação do Supremo Tribunal Federal no caso do marco temporal das terras indígenas, reforçando o papel institucional do Judiciário nas pautas sensíveis da governança.
Diplomacia econômica em destaque
O cenário diplomático também teve espaço nos desdobramentos da semana. Lula receberá nesta quinta-feira, 3 de julho, das mãos do presidente argentino Javier Milei, a presidência temporária do Mercosul, cargo que o Brasil exercerá pelos próximos seis meses. A liderança rotativa do bloco ocorre num momento estratégico para o país, que busca ampliar sua inserção nos acordos comerciais regionais e retomar protagonismo nas negociações internacionais.
Com a combinação de fatores internos estáveis e um contexto internacional mais favorável, o real ganha fôlego e o mercado se ajusta a um novo patamar cambial, em que a volatilidade ainda pode existir, mas o otimismo começa a se consolidar como base das decisões de investimento.
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