A Operação Tromper, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, avança em direção a seu capítulo mais contundente ao tornar réus 14 investigados por corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Entre os denunciados estão o ex-candidato a prefeito e ex-assessor especial do governo estadual, Claudinho Serra (PSDB), seu pai, Claudio Jordão de Almeida Serra, sua esposa, Mariana Camilo de Almeida Serra, e outros envolvidos, incluindo empresários e ex-assessores parlamentares. A denúncia foi aceita pela Justiça nesta semana, marcando a abertura formal da ação penal.
As investigações fazem parte da quarta fase da Operação Tromper, deflagrada em junho, que se debruça sobre um intrincado esquema de corrupção envolvendo contratos milionários fraudados na prefeitura de Sidrolândia, cidade localizada a 70 quilômetros de Campo Grande. O juiz responsável pelo caso, Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, destacou na decisão que o grupo criminoso operava de forma estruturada, com núcleos distintos e divisão precisa de tarefas entre seus membros.
A gênese da Operação Tromper
A Operação Tromper teve início em 2023, fruto de uma investigação que se estendeu por vários meses, e que, desde então, vem desvendando uma teia de irregularidades em contratos públicos firmados entre empresas prestadoras de serviços e a administração municipal de Sidrolândia. Desde a primeira fase, foram identificadas fraudes em processos licitatórios, superfaturamento de contratos e repasses ilícitos de propinas que, segundo estimativas do Ministério Público, podem ter ultrapassado a casa dos R$ 10 milhões.
O nome “Tromper” deriva do francês e significa “enganar” ou “iludir”, termo escolhido pelos promotores como referência direta ao caráter fraudulento e dissimulado das ações do grupo investigado. Nas fases anteriores da operação, foram cumpridos dezenas de mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva, além de bloqueios de contas bancárias e sequestro de bens.
Esquema dividido em núcleos e controlado com rigor empresarial
De acordo com o Ministério Público, o esquema era liderado por Claudinho Serra, que usava sua influência política para beneficiar empresários aliados em contratos públicos, recebendo em troca propinas por meio de intermediários e familiares. As investigações apontam que os pagamentos ilícitos eram disfarçados por meio de empresas de fachada, contratos simulados e transferências bancárias pulverizadas para dificultar o rastreamento.
O pai de Claudinho, Claudio Jordão de Almeida Serra, e a esposa Mariana Serra, figuram como personagens centrais na operacionalização das fraudes. Ambos estão ligados a empresas envolvidas na emissão de notas fiscais falsas, lavagem de dinheiro e movimentação de recursos com origem ilegal. O assessor Carmo Name Júnior, também preso, teria atuado como braço logístico, enquanto os empresários Cleiton Correia e Thiago Rodrigues, donos de empreiteiras que prestavam serviços à prefeitura, serviam como fonte primária dos repasses.
Outros réus identificados, como Valdemir Monção (Nanau), Sandra Jacques, Edmilson Rosa, Ueverton Macedo, Juliana Paula e Rafael de Paula, teriam participado do núcleo de lavagem e simulação de transações comerciais. Todos responderão formalmente à acusação e deverão apresentar defesa à Justiça nos próximos dias.
Impactos políticos e sociais em Sidrolândia
A repercussão das investigações abala profundamente a estrutura política local. Claudinho Serra, que ganhou notoriedade como advogado e por sua ligação com o PSDB sul-mato-grossense, vinha sendo cotado para cargos públicos de destaque e chegou a atuar como assessor direto no Palácio dos Governadores. Sua prisão e posterior denúncia minam a imagem de renovação que cultivava e aprofundam a crise de representatividade no município de Sidrolândia.
Além dos danos à credibilidade institucional, os reflexos do esquema recaem sobre os serviços públicos da cidade, que, segundo apuração do Gaeco, foram diretamente afetados por contratos superfaturados e obras inacabadas ou executadas com materiais de baixa qualidade. A Controladoria-Geral do Estado e o Tribunal de Contas já foram acionados para revisar os contratos firmados nos últimos quatro anos e mapear o prejuízo ao erário.
Operação Tromper entra em nova fase com acusação robusta
A aceitação da denúncia representa um novo patamar nas investigações. Com as provas reunidas — entre elas escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, extratos bancários, apreensões de documentos e depoimentos de colaboradores —, o Ministério Público afirma estar diante de um “esquema criminoso estrutural e organizado, composto por núcleos distintos, que atuavam de forma independente, com divisão clara e coordenada de tarefas”.
Segundo fontes próximas à investigação, o próximo passo será a instrução do processo, com oitiva de testemunhas e análise das defesas apresentadas. Dependendo da evolução do julgamento, novas fases da operação poderão ser deflagradas, inclusive com o indiciamento de novos suspeitos e aprofundamento da análise patrimonial dos réus.
A sociedade sul-mato-grossense acompanha com atenção e indignação os desdobramentos do caso. O sentimento é de que, ao se romper com a impunidade e trazer à tona o funcionamento das engrenagens da corrupção, abre-se espaço para uma nova era de transparência e responsabilidade com os recursos públicos.
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