Mato Grosso do Sul, 4 de julho de 2025
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Quadrilha que causou prejuízo milionário é desmantelada em operação conjunta entre Mato Grosso do Sul e São Paulo

Esquema liderado a partir de Campo Grande envolvia sequestro de caminhoneiros, roubo de cargas e conexões com o tráfico internacional; líder segue foragido
Imagem - Globo/Divulgação
Imagem - Globo/Divulgação

A complexidade do crime organizado no Brasil ganhou um novo e grave capítulo com a deflagração da operação Carga Pesada, conduzida pela Polícia Civil do Estado de São Paulo com apoio do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) de Mato Grosso do Sul. O alvo principal da investigação é uma quadrilha interestadual especializada no roubo de caminhões e no sequestro de motoristas de carga. O grupo, cuja base operacional se concentrava em Campo Grande, é acusado de movimentar milhões de reais com ações coordenadas que envolviam roubo, cárcere privado, transporte de drogas e até a utilização de aeronaves para logística do crime.

Segundo o delegado Luciano Birolli, responsável pelo inquérito policial, o líder da quadrilha residia na capital sul-mato-grossense e comandava o esquema à distância, com ramificações em diversos estados e até fora do país. O homem, cuja identidade é mantida em sigilo por razões estratégicas, segue foragido e é considerado de alta periculosidade. Ele é apontado como o cérebro por trás de uma rede que cooptava caminhoneiros por meio de plataformas de frete, simulando negociações comerciais legítimas. No entanto, ao comparecerem aos locais indicados, os motoristas eram rendidos, sequestrados e mantidos em cárcere enquanto os veículos eram desviados.

As cargas roubadas eram conduzidas para fora do Brasil, com destino principal a países fronteiriços como Paraguai e Bolívia, onde eram adaptadas para o transporte de mercadorias ilícitas, incluindo grandes volumes de cigarros contrabandeados e cocaína. Segundo o levantamento da Polícia Civil, a quadrilha mantinha ligação direta com facções criminosas de âmbito nacional, evidenciando o elo entre roubo de cargas e tráfico internacional de drogas.

Durante a operação, que mobilizou mais de 20 policiais de ambos os estados, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária na cidade de Campo Grande. Duas pessoas foram presas. Entre os detidos está uma contadora de 37 anos, moradora do bairro Jardim Aero Rancho, que já havia sido presa em junho de 2023 por tentar introduzir 27 chips de celular em uma unidade prisional da capital. Os chips estavam ocultos dentro de uma vasilha de alimentos destinados a uma detenta no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi, no bairro Coronel Antonino. Na ocasião, ela foi autuada em flagrante e encaminhada à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado da Polícia Civil (Depac-Cepol).

Além das prisões, os agentes apreenderam dez aparelhos celulares e um cofre, cujo conteúdo ainda será verificado. As buscas também revelaram indícios de ostentação por parte dos envolvidos, com apreensão de automóveis de luxo, relógios da marca Rolex e até um helicóptero avaliado em cerca de R$ 3 milhões. Os bens, segundo a delegada Ana Cláudia Medina, demonstram o enriquecimento ilícito decorrente da atividade criminosa e serão usados para instruir a denúncia junto ao Ministério Público.

A operação Carga Pesada tem como pano de fundo uma investigação iniciada pela 125ª Delegacia de Polícia da capital paulista, que há meses vinha monitorando casos recorrentes de roubo de caminhões com restrição de liberdade das vítimas. Os investigadores relatam que os criminosos mantinham os motoristas em cativeiro por horas ou até dias, enquanto providenciavam o transporte dos veículos e articulavam a sua revenda ou utilização no transporte clandestino.

O prejuízo estimado causado às vítimas ultrapassa a cifra de R$ 50 milhões, montante que justifica o rigor das ações policiais e o aprofundamento das investigações. Parte dos envolvidos já havia sido presa anteriormente por crimes similares, o que evidencia a reincidência e o alto grau de organização e periculosidade do grupo.

As investigações prosseguem com o objetivo de localizar o líder foragido e identificar eventuais cúmplices em outros estados. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio de nota, ressaltou a importância da cooperação entre forças policiais de diferentes estados no enfrentamento ao crime organizado e afirmou que outras operações conjuntas serão realizadas no segundo semestre de 2025 para desarticular redes semelhantes em atuação no território nacional.

Para os investigadores, a operação marca um avanço na repressão ao roubo de cargas no país, mas também acende um alerta sobre a necessidade de maior controle nas fronteiras, monitoramento de plataformas digitais de frete e fortalecimento do rastreamento de caminhões e cargas no Brasil. A sociedade, por sua vez, acompanha com expectativa o desfecho do caso, na esperança de que a justiça seja aplicada com firmeza e que os prejuízos enfrentados por profissionais do transporte e empresas do setor possam ser minimizados com ações eficazes de segurança pública.

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